sinto falta dos seus olhos

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Pov Camila

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Pov Camila

Eu sentia a mão de Lauren fria por causa do ar condicionado do quarto, deixei a temperatura mais agradável e puxei a coberta para deixá-la mais aquecida. eu estava ansiosa para que ela pudesse acordar logo, mas ainda não tinha feito isso, a espera é o que mais dói, os flashs da última vez que ouvi a sua voz não sai da minha cabeça, seu olhar apavorado e ela se despedindo, foi a pior dor que eu já senti na vida. Callie tem sido muito boa comigo, me deixou passar a noite ao lado da minha namorada, expliquei que tudo que ela tinha era a mim e Alanis, eu tinha que estar ali, queria ser a primeira a ver quando ela despertasse. foi só falar na garota que ouvi a médica entrar no quarto.

-Senhorita Cabello, a Alanis Morgado está na recepção querendo te ver

-ela não pode vir aqui? é a prima da lolo, deve estar preocupada e querendo vê-la

-vou trazer ela aqui, mas não vai poder demorar, sabe das regras

-tudo bem, trás ela por favor

se retirou e eu olhei pra Lauren, parecia um anjo dormindo tão serena, no quarto pairava um silêncio ensurdecedor, apenas o barulho da máquina conectada a ela para monitoramento. respirei fundo desejando que ali naquela cama fosse eu e não ela, eu merecia, ela não, alguém que já sofreu tanto não merecia estar nessa situação

-Mila? -Alanis falando entrando no quarto e me abraçou

-Oi.. como você está?

-um pouco cansada, a gravidez está me deixando sensível

-sua barriga está enorme

-é, logo vou ter o meu bebê nos braços

-já tirou da cabeça a ideia de adoção né?

-sim, meu bebê não tem culpa pelo que aconteceu comigo, eu tive uma conversa com o pai do Zac, ele soube da criança, de tudo que aconteceu depois que eu fui a delegacia, ele está internado sob vigia de dois policiais. irão me ajudar com o que for preciso para a criança, é o herdeiro da empresa

-fez a escolha certa, a criança não tem mesmo culpa de nada

-agora só falta a minha prima ficar melhor, é estranho ver ela assim, tão quieta, sinto falta, agora que não tenho mais a minha mãe, ela é a minha família

-sim, muito estranho, ela sempre contagia a todos com seu sorriso, com sua alegria, precisamos dela

-tenho certeza de que ela vai se recuperar e voltar pra você, ela te ama, vocês merecem serem felizes depois de tudo. cuida bem dela, eu preciso ir agora, a doutora avisou que não podia demorar

-pode deixar, não vou sair daqui, quero estar ao lado dela e acompanhar tudo, de vez em quando a médica vem me falar sobre seu estado de saúde

-está se alimentando como?

-tem uma cantina aqui, não precisa se preocupar, eu só vou pra casa quando ela for

-Lauren tem sorte por ter você

me abraçou mais uma vez e nos despedimos. fechei e porta e pensei, não, eu que tenho sorte por ter ela, sou a mulher mais sortuda do mundo por ter o privilégio de beijar os lábios mais macios do universo, por ser olhada com tanta ternura por um par de olhos tão incrivelmente belos.

-sinto falta dos seus olhos

sussurrei perto dela e beijei sua mão. eu sei que ela pode me sentir, ela sabe que estou ali, seu coração sempre dá sinal quando escuta a minha voz, vejo marcando na máquina que os batimentos aceleram. sempre fui uma pessoa que seguia as regras de casa, fazia tudo que meus pais queriam, faculdade, estava ao lado de um homem que eu não amava, ai ela apareceu e me fez se sentir feliz em quebrar regras, me fez ter coragem de enfrentar os meus pais e dizer como me sinto, me libertei da prisão pelo qual me sentia por causa da pressão deles, não sei porque eu queria tanto agradá-los, fazer uma imagem de filha perfeita, sendo que no fundo eu estava infeliz. deslizei meus dedos pelas veias a mostra da mão dela, beijei e encostei a minha cabeça ali.

-é difícil né? ver ela desse jeito

me assustei ao ouvir a voz da médica

-muito, desculpe, eu só..

-tudo bem, pode ficar perto dela assim, faz até bem pra ela, só não aceitei mais de uma pessoa no quarto pra não virar bagunça, ela precisa descansar. não está com fome?

só então lembrei do vazio no meu estômago, nem tinha tido tempo pra pensar nisso

-um pouco

-não quer comer alguma coisa?

-não queria ter que sair do quarto

-ela vai ficar bem, eu quase perdi a minha esposa, o nome dela é Arizona, ela sofreu um acidente e perde uma parte de uma de suas pernas, foi grave e ela ficou em coma por um tempo, eu fiquei tão mal, ficava o tempo inteiro ao lado dela, chorava, sentia um medo devastador, acredite, sei pelo que está passando

-e o que aconteceu com ela?

-ela se recuperou, foi difícil depois que acordou porque ela se sentia mal por causa da perna, passamos por momentos complicados, ela tinha vergonha de seu corpo depois disso, então eu a amei ainda mais que antes, dei todo o meu apoio, carinho, fui paciente, agora ela está bem, recuperada, então apenas tenha fé, fiquei ao lado dela, deixe-a saber o quanto a ama, e espere, tudo vai melhorar

-obrigada doutora

-agora vamos comer alguma coisa? eu te acompanho

olhei para Lauren, me aproximei e dei um beijo em sua testa

-eu volto logo meu amor.. eu te amo!

olhei para a doutora

-vamos!

sai então do quarto acompanhada por ela, se eu quisesse estar firme pra cuidar da Lauren, teria que me alimentar, ou passaria mal e não poderia estar ali ao lado dela. Callie tem toda razão, eu só preciso ter fé de que tudo vai melhorar e que vou ter o sorriso e o olhar de Lauren de volta, ela vai voltar pra mim e me fazer esquecer toda essa sensação de medo de perdê-la.

Bad Things - CamrenWhere stories live. Discover now