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Valentina Santos

A equipe de Erick irá chegar no começo da tarde, estou ansiosa para conhecê-los, Ele provavelmente terá alta amanhã de manhã, o que é muito bom, sua recuperação está sendo espetacular, o que me deixa aliviada.

 Deixo Lily na escola, ela não para de me perguntar sobre o pai, já não sei mais o que dizer, minha estrelinha está sofrendo muito com tudo o que aconteceu, nós duas estamos. Nossas vidas sofreram um reviravolta muito grande e preciso me doar ao máximo para que isso afete Lily o mínimo possível, nenhuma criança merece viver em um lar disfuncional, me culpo por ter permitido que ela presenciasse coisas que poderia ter evitado se tivesse me dado conta do erro que estava cometendo.

Há as horas boas, em que eu não me culpo pelo que aconteceu e tento seguir em frente, e há as más horas, quando acho que a agressão foi por conta de como eu estava gindo todas essas semanas. É nessas horas que eu me sinto a pior pessoa do mundo, pois não sei o que fazer com a constatação de que fui eu, que acabei com a minha família, a verdade é que William me danificou a tal ponto, de eu não conseguir discernir o que foi verdade, ou o que foi mentira em nossa relação.

Tantos anos, pra nada.

William ainda não deu sinal de vida e hoje de manhã recebi uma ligação de sua mãe que mora no Rio grande do Sul. Ele não tem muito contato com os pais, mas sua mãe sempre liga para saber de Lily. Com muita dor conto o que aconteceu, escuto-a chorar do outro lado da linha, e comentar sobre como o filho sempre foi difícil.

Como fui tola ao ponto de não perceber nada, ou não me incomodar por tantos anos? O amor nos cega a esse ponto? Não entendo.

 Confiro meu rosto no retrovisor do carro, os hematomas diminuíram por conta dos remédios, e a maquiagem ajuda bastante, somente o corte no canto da boca não consigo esconder, foi bem feio, espero que ninguém me pergunte nada. Entro no Hotel e Carla, uma das recepcionistas vêm ao meu encontro.

- Tina! Como você está?

- Estou bem Carla, e você?

- Estou bem também. Ficamos sabendo do que aconteceu, eu sinto muito.

Carla pega em minha mão, triste. Aperto sua mão, em uma forma de demonstrar a força que eu não tenho nesse momento.

- Estou bem, sério. Muito obrigada por se preocupar.

- Marcela disse que assim que você chegar é para tentar encontra-la, precisa resolver algumas coisas com você. 

Dou um longo suspiro, agradeço a informação e vou procurar Marcela. Ela está na lavanderia do hotel, supervisionado tudo.

- Valentina! Como você está querida? - pega em meus braços com seus longos dedos com unhas vermelhas e me da dois beijinhos, fake, penso.

- Estou bem Marcela. Alice disse que queria falar comigo.

- Oh sim! Vamos até meu escritório.

Seu escritório? A corrijo.

- Sim, vamos até o MEU escritório.

Ela me encara, e sorri falsamente, seguimos até MEU escritório e sentamos, uma em cada lado da mesa.

- Valentina, te chamei aqui porque quero saber se você irá continuar a trabalhar permanentemente com o ricaço.

Surpresa com a pergunta afrontosa, não ligo para ser mais educada com Marcella.

- Não, e você chegou aqui a menos de duas semanas, terá mais quase três meses pela frente, trabalhando em meu lugar PROVISORIAMENTE, então não se anime muito. Quando esse tempo acabar irá voltar para Fortaleza, não se esqueça que eu ainda sou gerente geral da rede, se ponha em seu lugar, Marcela.

Escolha FatalWhere stories live. Discover now