08. Eu ainda estou aqui.

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⚠️ conteúdo sensível ⚠️

✩✩✩

Lea

Dias após a prisão ser tomada.

Eu estava fraca, como nunca estive antes, aquele homem me tocando, rindo... eu me senti amarrada, sufocada, presa dentro de uma caixa e não houvesse saída, depois que ele me prendeu no chão e segurou meus braços eu continuei tentando me soltar mas já não conseguia mais respirar, já não sentia mais meu corpo, eu parei de sentir tudo, eu me vi desaparecendo naquele chão, eu não queria desistir, mas parecia não ter como lutar mais, não ter para onde ir, como correr, como gritar, nem minhas próprias lágrimas eu sentia mais, não havia absolutamente nada, eu era nada, eu desapareci.

Ele foi tirado de cima de mim, ouvi alguém brigando com ele, eu conseguia ver os movimentos e ouvir os murmúrios mas não conseguia enxergar e ter clareza de nada, meu ar demorou para voltar, meu corpo parecia ter ficado preso no chão, consegui me mexer de novo quando ouvi um primeiro tiro, no reflexo e susto levantei encostei no carro. Olhei em volta, todos estavam lutando, na minha frente Carl estava com a arma apontada para ele.

Olhei minhas mãos, eu estava tremendo, mexi meus dedos devagar, um movimento simples doeu tanto, tudo estava doendo, respirar estava doendo, e isso quer dizer que eu ainda estou aqui, eu ainda estou aqui, levei meus dedos até meus rosto e senti as lágrimas, sim, eu ainda estou aqui. Me escondi nas minhas próprias pernas ainda chorando, tentei respirar fundo para tentar me acalmar e esperei tudo terminar.

Eu ainda estou aqui.

Carl me abraçou e colocou sua blusa em mim, foi nessa hora que notei que estava só de sutiã, eu nunca senti tanta vergonha. Deixei que fechasse a blusa, minha calça também estava aberta, mas isso eu mesmo fechei, a vergonha seria pior ainda, o abracei novamente, naquela hora era tudo que eu precisava, me sentir bem de novo, mesmo que por só alguns minutos.

Devo ter dormido poucas horas, antes de dormir eu ainda estava chorando, meu rosto está doendo, meus olhos estão ardendo e com certeza devem estar inchados. Não iriam deixar eu desperdiçar água para lavar o rosto se realmente não estivesse mal.

No caminho para o Terminus Carl não saiu do meu lado e nem soltou minha mão, agradeci mentalmente por isso.

Já no terminus eu soube, assim que escutei, meu corpo gelou e tentei ver de novo naquela luz péssima, só conseguimos vê-lo quando ele se aproximou.

- Glenn! – O abracei.

Não consegui controlar nada do que estava sentindo nesse momento. Senti um peso gigante saindo de dentro do meu corpo como se eu não respirasse em paz a meses, eu estava chorando e soluçando, de novo.

- Eu fiquei com tanto medo, você nã.. eu ...

Eu não conseguia falar.

- Está tudo bem, pode ficar mais calma, a gente tá bem.

A gente? Soltei um pouco do abraço e vi Maggie atrás dele me olhando, abracei ela também.

– Tem uma pessoa aqui que quer muito te ver.

Ela saiu da frente e tinha uma mulher atrás dela.

Senti cada célula do meu corpo entrando em colapso. Não era possível ser real? Era?

Quer dizer, eu sempre disse que sabia que ela estava viva, sempre acreditei. Mas eu nunca soube até onde isso era verdade, sempre foi uma coisa que eu precisei me dizer várias vezes para manter esperança ou parar de chorar todas as noites nas primeiras semanas que cheguei no acampamento, desde então sempre me apeguei isso, que Rosita estava viva e que eu vou ia encontrar ela um dia. Mas acho que nunca me preparei de verdade para quando isso acontecesse.

Only You | C.G (revisão🛠️)Onde histórias criam vida. Descubra agora