Ato #1

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ATO #1 | O PESO DO MEDO E A DOR DA CULPA 

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ATO #1 | O PESO DO MEDO E A DOR DA CULPA 

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Laboratório de Pesquisas Avançadas de Brasília
Ano 2089
Dr. Ernesto Scanvikan
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— E pensar que tudo isso começou como uma brincadeira entre os jovens. Veja onde chegamos... a alguns dias do fim do mundo, horas talvez, que se foda... já está tudo acabado mesmo...

— Está falando sozinho de novo, doutor? — minha adorável assistente me interrompe no meio da gravação e ainda ri de mim.

— Não estou falando sozinho, senhorita Belmonte. Estou apenas deixando uma gravação para quem vier depois de nós. Se é que vai sobrar alguém.

Ela atravessa a sala e senta em sua mesa, digita o login e senha e abre a área de trabalho em seu computador e fica em silêncio.

Acho que toda essa tensão que está acontecendo no mundo me tornou um completo babaca. Fico facilmente irritado por nada e eu acabo descontando em quem não tem nada a ver com nada, como minha assistente de laboratório, Patrícia Ellen Belmonte.

Daria qualquer coisa no mundo para que eu tivesse a conhecido a mais tempo, na época em que Libélula era apenas uma jovem entusiasmada com as lutas de arena em uma super roupa robótica, e não uma fonte de destruição ambulante. Talvez tínhamos feitos mais pela humanidade do que agora.

— Acabei de baixar o projeto completo da Libélula que Thea publicou na internet.

— Quem diabos é Thea? — resmungo apenas querendo voltar para minha gravação.

— Thea é o codinome da hacker mais famosa do mundo — Belmonte responde na maior calma do mundo, nem parece que o fim do mundo está próximo.

— E o que tem de mais nisso? Já não está tudo fodido mesmo?

— Talvez possamos encontrar uma falha e usarmos ao nosso favor.

A senhorita Belmonte é inteligente, mas acho que ela não percebeu a gravidade da situação aqui, mas prefiro que ela se alegre com isso do que entrar em pânico como eu.

— Faça isso, senhorita — digo a ela e viro minha cadeira para o monitor.

— Não vai ver?

— Não agora. Primeiro vou terminar essa gravação.

Eu sei que meus cabelos estão bagunçados, minhas roupas amassadas e minha aparência um dia já foi melhor. Eu sou uma piada ambulante nesse momento, não pareço um pai de família decente que costumo ser, mas tenho certeza de que não foi por causa disso que ela riu de mim.

— Eu estou ficando doido, não é? — pergunto e a resposta é um leve sorriso debochado, mas nada que eu fique ofendido.

De volta ao trabalho.

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