Capítulo 1

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As sereias nem sempre foram os monstros que são hoje.

No começo, nós éramos apenas mais uma civilização. Assim como o Homem na terra éramos nós no mar e as Harpias no ar. Cada um cuidando de sua parte.

Esse equilíbrio acabou quando começaram a inventar as embarcações, os homens da terra se tornaram ambiciosos e cada fez mais exploravam o mar. Indo de um lado do mundo ao outro, atravessando as nossas águas como se fossem apenas mais um pedaço de terra.

Até que não era tão mal, quando uma embarcação afundava nos temporais e tempestades nós tínhamos carne por bastante tempo. O problema surgiu quando algumas de nossas irmãs sereias começaram a criar "vínculos" com esses Homens do Mar, fazendo com que houvesse a mistura das espécies.

Nem todos os homens eram bons, muitos deles queriam nos caçar, não podíamos deixar que eles começassem a entrar em nosso reino. E para que isso não acontecesse foram criados um conselho com as Matriarcas, sereias escolhidas pelo próprio mar para nos aconselhar, juntamente com a rainha, e as diversas leis do mar. Essas leis não se abrangiam muito para as Harpias pois elas eram impiedosas quanto aos humanos, e também nenhum homem conseguia voar para ir até elas, muito pelo contrario, elas que iam até eles quando precisavam de "comida".

A primeira e a mais cruel de todas as leis foi a de exterminar todo e qualquer tritão que houvesse nas águas. E depois disso apenas sobraram as sereias, e muitas grávidas. Toda sereia que tivesse um filho homem tinha que destiná-lo a crescer para se casar e engravidar a esposa para continuar a espécie, mas após o nascimento da criança este mesmo ficaria por dois anos cuidando do seu filho e logo mais seria morto. Só haviam duas formas de um tritão nascer, crescer e permanecer vivo, a primeira era se ele não fosse escolhido por nenhuma moça como esposo, e a segunda era se a rainha o escolhesse para servi-la no palácio. Porém, essas duas opções eram tratadas com algumas peculiaridades, a primeira opção variava muito, nenhuma sereia queria ter filhos com um tritão velho, então se não fossem escolhidos eles permaneceriam vivos esperando até os trinta e cinco anos.
E da mesma forma a segunda regra tinha sua peculiaridade envolvida com a idade, uma vez que a rainha só queria os jovens para servi-la ou para a sua procriação.

Muitos questionaram o por que de o conselho ter criado uma lei tão severa e impiedosa como essa, mas a resposta foi bem simples, se os maridos não estavam conseguindo tomar conta de suas esposas a ponto de elas irem se relacionar com os humanos, era por que eles não estavam satisfazendo as necessidades delas, então para que gastar energia e tempo criando e educando tritões que não conseguiam fazer o mínimo que era o seu papel na sociedade marinha? No fim das contas muitos recusaram, também quem iria se entregar para a morte? Mas a grande maioria votou e a lei foi aprovada, fazendo com que acontecesse o maior massacre da história do mar. Os tritões foram caçados como se fossem peixinhos de aquário, as sereias guerreiras eram muito cautelosas, inteligentes, boas com armas, frias e impiedosas. Elas caçaram cada tritão que tentou se esconder nas profundezas do mar. Muitos tentaram fugir para terra firme e viver escondido entre os humanos, mas logo morreram, os humanos são cheios de doenças, e os tritões e sereias são intolerantes à luz solar, só podem sair no sol com um feitiço de luz que podiam levar consigo em um amuleto, cordão, pulseira ou algo do tipo, mas não eram todos wue tinham acesso a essa magia. E também as sereias do mar tinham a ajuda das Harpias, elas voavam acima de tudo que era terra ou mar. Se achasse algum homem com traço de tritão este com certeza seria morto.

Não foram criadas muitas leis, depois da morte dos tritões o conselho criou a lei da separação de espécies. Qualquer sereia que tivesse qualquer contato amigável com um humano seria morta. Não teria nem mesmo o direito de se explicar, iria direto para a morte, seria dissecada pela luz do sol.

Outra lei foi criada para as sereias guerreiras que iriam passar um período na terra, nenhuma sereia poderia falar com os humanos, só poderiam falar com outras sereias do mar, com as Harpias e com os tritões.

E a última e uma das piores leis, era a da escola para sereias. Não pensem que elas iam para aprender a ler, quando faziam cinco anos de idade elas eram enviadas para essa escola. No início muitas mães tentaram negar, sabiam no que suas filha iriam de tornar, então houve um segundo massacre, toda mãe e filha que se recusassem a entrar na escola também seriam caçadas.

A escola para sereias era um verdadeiro exército. As sereias eram treinadas desde pequenas a caçar e matar qualquer humano que vissem por cima das águas. E antes disso, elas eram ensinadas a não amar. Não importava qual era a forma de amor, este sentimento era completamente proibido, pois se alguém próximo agisse errado elas jamais iriam intervir, pois já haviam perdido o senso de amor ao próximo, de caridade, de ajudar quem precisa, entre outros sentimentos que faziam delas seres evoluídos como alguns humanos.

Dadas essas explicações, vamos aos fatos.

A nossa história começa quando da segunda geração nascida após o segundo massacre, uma sereia resolveu desafiar as regras do conselho.

E ela se chamava Diana.

Quebrando as Regras.Onde histórias criam vida. Descubra agora