Capítulo 2

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Desperto com a música pop alta no quarto vizinho. Resmungo cobrindo meu rosto com os lençóis. Eu não quero sair de casa, meu corpo implora para continuar em repouso, mas quando Vick abre a porta retirando os lençóis de mim, percebi que não teria escolha. Se me recusasse, não teria paz o resto das férias.

- Está anoitecendo. - cantarola me fazendo afundar o rosto no travesseiro e soltar um grito abafado.

Em alguna minutos, eu já estava pronta com minha calça preta, uns tênis brancos e meu casaco xadrez velho. Ao me olhar no espelho, vi que o mesmo já estava surrado demais e cobrei-me que teria que comprar outro. Meu cabelo estava amarrado em um coque, não estava com a mínima vontade de penteá-lo.

Passei o caminho todo sendo criticada por estar mais uma vez com um "trapo xadrez velho que já saiu de moda há muito tempo". Vick odiava a forma que me vestia e eu não me sentia nem um pouco incomodada. Já recebi criticas o suficiente a minha vida inteira para ainda me importar com certos comentários sobre mim, ainda mais vindo da minha irmã que sempre quis me transformar em uma versão dela, mas aí está uma coisa que ela sempre quis e nunca conseguiu.

Nos aproximamos do local da festa. Era uma casa bem grande e escura, iluminada apenas por luzes coloridas. Fui empurrada por algumas pessoas quando entramos. Vick puxou Collin para o centro da pista de dança pulando e o agarrando pela nuca, fazendo colarem seus corpos. Olho para aquela cena fazendo uma careta enojada. Me sentei em um dos bancos do balcão de bebidas ainda os vendo dançar sem parar. Ele não me parecia muito entusiasmado, por milésimos de segundos, senti seu olhar em mim, acabei desviando e me virando para o cara do outro lado do balcão que fazia algumas bebidas.

- O que ele quer me olhando? - penso alto demais chamando a atenção de um garoto moreno ao meu lado. Ele me observa com a testa franzida e uma pequena curva no canto de seus lábios - Desculpe. - peço envergonhada - Deve achar que eu sou louca.

- Até que não. - sorriu - Pessoas falam consigo mesmas as vezes e é normal. - deu de ombros em seguida estendendo a mão - Josh. - o cumprimento analisando melhor sua face, seus olhos castanhos e os olhos pequenos o deixava mais atraente.

- Fulana de tal. - me atrevo a dizer o deixando surpreso, porém sem estragar a piada.

- Sozinha, fulana de tal? - zomba me fazendo sorrir para o mesmo.

- Não. Estou com a minha irmã e o namorado. - brinco com o celular em minhas mãos acima do balcão feito com madeira escura.

- Entendo. - sorriu dando um gole na sua bebida.

A conversa fluiu calmamente, apesar de estar incomodada com a música alta e algumas pessoas gritando. Descobri que Josh é filho de uma grande amiga de Rita, depois de alguns minutos o reconheci de uma foto sua na casa de sua mãe uns anos atrás, claro, ele estava mais velho agora e alguns traços em seu rosto mudaram. Ele faz faculdade na Juilliard e toca piano. Ele é amante de música clássica, o que me deixou intrigada.

- Tudo bem. Agora, o que um pianista de música clássica está fazendo em uma boate de música eletrônica? - exclamo por conta do barulho - Isso é ironicamente estranho. - sorrimos um para o outro. Acho que já estávamos um pouco bêbados, eu confesso.

- Gosto de variar um pouco. - fez outro gesto engraçado com os olhos - Sou muito eclético quando se trata de música.

- Nossa, isso é sexy! - fiz o mesmo gesto com os olhos e caímos na gargalhada.

Um Erro No Fim Do VerãoWhere stories live. Discover now