3.MAIS PERTO

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Alicia não conseguia pregar os olhos, estava agitada de mais para dormir. Viu o dia clarear e quando não suportava mais aquela inquietação, decidiu tomar um banho.

"Eu vou, não tenho porque fugir." –Pensou já pegando a jaqueta de Erick e colocando-a dentro de uma sacola.

Sete da manhã, seria o horário em que David estaria saindo de viagem. Representaria o pai em uma feira de negócios na capital, já que o jantar beneficente o qual os Ruiz eram patronos aconteceria no mesmo final de semana da feira. Cassio Ruiz, pai de David e Erick optou por ficar na cidade já que aquele evento era mais cartaz para eles.

Alicia que conhecia bem o namorado olhou para seu celular já sabendo que ele não tinha enviado nenhuma mensagem para ela e que também não iria ligar. Ele era orgulhoso e Alicia sabia que teria que ser ela a tentar fazer as pazes.

Quando o relógio marcou sete e meia ela saiu, dirigiu até o estúdio de Ballet, queria chegar antes de Erick, isso se ele realmente aparecesse .Chegou ao posto de gasolina nervosa, muito mais do que costumava ficar antes das suas apresentações.

Viu o jipe, estacionado bem em frente ao estúdio e isso fez seu estado geral piorar. A boca estava seca, ela mal conseguia engolir a própria saliva. Estava decidida, seria tudo muito rápido. Fariam a troca ali e ela iria embora, tinha a missão de desocupar a edícula no haras da avó naquele dia, então, colocou isso como um norte para suas atitudes.

Estacionou na frente do jipe, respirou fundo, pegou a sacola da jaqueta e desceu. Ao fechar a porta do seu carro sentiu que alguém se aproximava. Fechou os olhos buscando equilíbrio.

–Tive medo de que não viesse. –A voz de Erick fez com que ela virasse seu corpo para encará-lo.

"Que droga! Esse cara precisava ser tão bonito?" –Alicia praguejou-se em pensamento enquanto ele sorria de um jeito perturbador.

–Parece que você não me deixou outra alternativa, não é?

Erick baixou a cabeça e colocou as mãos no queixo, ergueu os óculos escuros e Alicia pode ver que seus olhos exibiam veias avermelhadas. Ele parecia não ter dormido também.

–Alicia...sei que se não quisesse, não estaria aqui.

Ela suspirou, ele estava certo.

–Vem. –Falou já indo em direção a porta do estúdio. –Precisamos mesmo conversar.

Eles entraram e a primeira coisa que Alicia fez foi fechar a persiana completamente. Erick não pode deixar sorrir enquanto se lembrava da manhã do dia anterior.

–Esse tipo de lugar me traz memorias afetivas. –Ele parou em frente ao espelho e varreu todo o espaço com olhos.

–Sua mãe também é bailarina então... –Alicia interessou-se na coincidência.

Erick caminhou até onde ela estava.

–Sim... hoje ela dá aulas apenas.

–Como ela se chama?

–Laura Carter. –Erick disse sentando-se no chão com as costas apoiadas na parede.

–Você é filho da Laura Carter...? –Alicia indagou com espanto.

–Não vai dizer que a conhece?

–Laura Carter, uma das primeiras bailarinas brasileiras a ser escolhida para estudar no ballet de Bolshoi?

Erick arregalou os olhos e afirmou que sim com a cabeça.

–Ela mesma. –Ele riu.

Alicia sentou-se ao seu lado, mantendo uma distancia que ela julgava segura.

UM PASSO ERRADOOnde histórias criam vida. Descubra agora