Drink-me

Capítulo 03 (Fim) - Backstagem - Mamoru

Drink-me

Por Andréia Kennen

Capítulo 03 (Fim) – Backstagem – Mamoru

Há tantas coisas que me irritam naquela pessoa que me pego sem querer enumerando-as.

Seu desleixo pela aparência é a primeira delas.

Ele não pensou duas vezes em cortar o cabelo e raspar as laterais após terminarmos a gravação do BL drama "Drink-me".

De acordo com ele seria o novo visual para o show da banda dele em Bodakan; o qual ocorreu no início desse ano (2016).

Mas, mesmo não cuidando da aparência, mesmo raspando o cabelo daquela forma rebelde, mesmo aparecendo bêbado, fazendo caretas ou com roupas desalinhadas em vídeos e fotografias, era engraçado como ele conseguia continuar encantadoramente lindo.

Nas fotos de estúdio, essas onde somos obrigados a nos vestir bem e a nos maquiar, ele podia ser confundido facilmente com um Ouji-sama.

Também detesto a forma como ele parece não cuidar do seu próprio corpo e da saúde. Fumando e bebendo sem moderação. Comendo mais bobeiras irregularmente do que refeições saudáveis regularmente. Passando mal e voltando a trabalhar ao invés de tirar uma folga e descansar o corpo para se recuperar corretamente.

Não que seja ruim ser dedicado ao trabalho, mas é necessário moderar. Não deixar de lado os cuidados básicos que se deve ter com a saúde.

Vê-lo tão descuidado me preocupa.

Penso que a qualquer momento ele possa vir a sofrer algo trágico.

Tanto que não consegui conter minha irritação quando o vi de volta aos bastidores do Quinto Show do Utapri com o braço engessado; resultado da queda nos ensaios.

Quando soube do acidente meu coração veio na boca.

E o alívio de que ele estava bem durou pouco por sinal.

O tempo necessário para que ele anunciasse, em tom de empolgação, que havia pegado um aval do médico e iria participar das gravações do DVD.

Não deu outra, acabamos discutindo quando exasperei minha indignação em tom de reprimenda.

"Você é louco, Tatsu?! Você não pode subir no palco desse jeito!".

"Cale-se, Mamoru. Não é da sua conta. Eu já decidi. Se o público não se importar de me ver assim eu vou participar SIM! O médico me liberou. Ponto final".

Não consegui esconder a minha revolta. Ainda o encarei com a pior cara que pude, pois um segundo depois ele estava me encarando de volta com o cenho franzido; como se estivesse pronto para rebater qualquer argumento que eu fosse usar para impedi-lo de subir ao palco aquela noite.

Como se eu realmente tivesse aquele poder.

Ah! Como ele era irritante.

"Dane-se então!", retruquei dando de ombros. "Faça o que bem entender", devolvi aquela resposta fraca e sem graça e dei as costas para ele.

Ainda o ouvi rebater.

"E é exatamente o que pretendo".

Homem como eu.

Cheio de defeitos.

Mesmo assim, fascinante.

Ao ponto de me fazer navegar em um mar de incoerências. Pois, ao invés de eu sair de lá irritado por nossa pequena discussão, eu me sentia mais excitado. Sua determinação me excitava. Adensando meu desejo de tê-lo agarrado pelo pouco cabelo que sobrou em sua cabeça e calar sua boca atrevida com a minha.