Ovelha Negra

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No momento, estou caindo para o que parece ser minha morte certa. Despencando do topo de um platô, em meio a vários outros desse deserto. Os céus estão escuros, mesmo sendo meio dia, talvez tenha algo a ver com o destino do mundo sendo decidido neste exato momento.

Meus amigos... ainda estão lá em cima, lutando, mas eu fui arremessado para minha morte. Como eu cheguei aqui? Você pergunta. E eu lhe faço outra pergunta: Como está lendo os pensamentos de um homem prestes a morrer? Mesmo assim...

Eu não sei de onde eu vim, ou qual é meu verdadeiro nome, não conheci meu pai nem minha mãe, não conheci minha família de verdade, me lembro vagamente de uma criatura demoníaca assolando meu vilarejo, e de resto foi o que meu avô adotivo me contou: ele me achou quando eu era ainda um bebê, flutuando a bordo de um cesto na margem do rio do deserto, Hebrac, ali perto de Yagr, a cidade sagrada dos Paladinos. Meu avô, Sophus, decidiu me integrar a família, disse que viu um grande potencial em mim, e me honrou com o nome e sobrenome do pai dele, Dsan Alux, acho que já dá para perceber que eu fui acolhido numa linhagem de Paladinos, não?

Sophus me adorava, já meu pai Hourk, minha mãe Gwerta, e meus irmãos, Casimir, Loberth, e Owl me odiavam, anos após minha integração eu ganhei um novo irmão, Relly, mas Hourk e Gwerta nunca o deixavam falar comigo.

Meu avô me treinava pessoalmente, mesmo que na época eu só tivesse seis anos de idade, já me treinava em sua especialidade, o domínio da magia de luz, com catalizador, claro, somos todos humanos. Aprendi alguns truques, mas nada muito avançado comparado com o que meus irmãos já sabiam.

Quando completei oito anos ele me colocou no colégio dos Paladinos, o maior, melhor, e também... o único que existe, então também era o menor e pior, mas isto não vem ao caso, o que vem é que eu quase fui reprovado duas vezes em testes de aptidão física e mental, sem contar que quase fui expulso quando eu explodi minha maldita mesa, como eu deveria me concentrar sendo que meus malditos irmãos me irritavam durante a aula toda? Eles sempre tinham notas de excelência, já eu ficava feliz ao atingir a média.

Os anos se passaram, e chegou a hora do ritual, é uma cerimônia onde os paladinos se devotam ao incrível e imponente Deus da luz, bem, nós podemos escolher outro Deus, não é contra nenhuma regra, mas Ellumin é o Deus daquela cidade, e o do colégio, e também Paladinos usam magia de luz, sem contar que se você pensasse em escolher outro Deus, os outros já exerciam do preconceito contra você. E obviamente que eu não escolhi Ellumin, e sim Osea, o Deus da água, afinal, se não fosse por ele eu nunca jamais teria existido, teria me afogado nas aguas do rio, ou talvez nunca teria encontrado Sophus.

Eu subi no altar, o Alto Paladino Gerebor, que por sinal era o único naquele lugar que era neutro comigo, me perguntou:

"Diga, e diga alto para que sua voz alcance os céus, de quem é sua vida! " Ah, eu ainda posso lembrar o entusiasmo que eu sentia naquele momento.

"Osea! " Eu gritei, e no mesmo momento algumas pessoas se levantaram e foram embora, não que eu ligasse.

O que mais me impressionou foi o rosto que Sophus fez, uma aprovação lendária, enorme orgulho, Sophus era uma lenda, e neste mesmo dia ele faleceu de causas naturais, obviamente me culparam por decepcionar o velho, mas... A pior parte ainda está por vir.

Durante a cerimônia de enterro, um orador veio para nos dizer os últimos desejos do velho, e para minha felicidade, e desgraça, eu havia herdado a armadura, e a espada dele, as mesmas que eram passadas de geração em geração, e que supostamente eu não tinha direito a tê-las, pois não tenho o sangue da família.

Quando o Orador saiu, e meu avô foi enterrado, eu recebi a chave do baú onde sua armadura e espada estavam, a espada era simples, reta e não tinha uma guarda de mão, mas era uma arma extremamente efetiva, feita com aço de anão, e ossos de Leviatã, como eu disse, o velho era uma lenda. A armadura, porém, consistia de uma malha de Matílio, um metal bem resistente e flexível, cobria a maior parte pele, e por ser flexível, agia como uma segunda pele. Por cima da malha, placas de uma mistura de Aço e Ébano, cobrindo a maior parte do peito até a metade do abdome, a mesma proteção de placas era oferecida nas pernas, braços, botas, luvas, ombros e no quadril. A armadura não vinha com capacete, infelizmente, eu adoraria a proteção extra, mas vinha com uma espécie de jaleco bem grosso de couro, mas não era qualquer couro, era couro de Leviatã, bem resistente, e obviamente que por baixo de tudo isso, era necessário usar roupas pesadas, a armadura em si, quando a peguei não parecia ser leve, mas incrivelmente, era, levando em conta que é uma armadura pesada, irônico, não?

A melhor parte foi que quando eu abri o baú e vi tudo isso, meus irmãos me traíram, queriam roubar a armadura de mim, na verdade precisavam me matar para isso, o velho a encantou para que a armadura se transferisse a mim, aparentemente ele planejou tudo dês de o princípio. Apenas Casimir, Loberth e Owl estavam lá, e tentando me matar, eu nunca iria os derrotar num duelo de espadas, então usei uma magia de luz para cegar eles por uns instantes, para que eu pudesse fugir, a única coisa que eu peguei foi a espada, que por si só era incrivelmente poderosa, mas a armadura e a espada se complementam, quando juntas, ficam mais fortes. Mas um homem forte faz uma arma fraca ser boa, um homem fraco, faz uma arma forte ser ruim.

E então eu fugi, eu tinha dezoito anos na época... e bem, foi nesse momento que minha jornada de verdade havia começado, pois eu não fazia ideia do que ainda estava por vir...

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⏰ Last updated: May 16, 2017 ⏰

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As Crônicas de LwellynWhere stories live. Discover now