Capítulo 11 - Quarto escuro

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Quando saio do closet, encontro Nick sentado em uma das poltronas. Ele se aproxima de mim, mostrando uma expressão melhor no rosto: suas olheiras amenizaram e seu cabelo está arrumado. Ele sorri. Parece estar mais refrescado, assim como eu.

— Vamos por aqui — ele segura meus dedos e começa a andar lentamente pela minha frente.

— Você parece melhor — comento. Ele olha para mim e sorri de novo.

— Você também.

Saímos da sala de recepção e entramos no corredor escuro. As luzes no final indicam que é para lá que temos que ir, então caminhamos sob um longo tapete vermelho, como os de premiações famosas ou festa de gala. É tudo escuro, me sinto guiado apenas por Nick que também não parece ver muita coisa. Quando nos aproximamos do fim do corredor, ouvimos várias risadas. As risadas vêm de dentro de uma porta aberta e fonte da iluminação que vimos de longe. É a penúltima sala, a última porta do corredor parece estar trancada. O que será que tem lá dentro?

Dos dois lados da porta, ainda no corredor, encontramos seis poltronas de veludo, distribuídas igualmente em rosa e azul. Quem iria querer sentar neste corredor escuro? Como se não fosse estranho o suficiente, as poltronas apontam para a parede, que não mostra nada além de uma cortina bordada de uma forma infantil, mas as cores deixam parecer chique.

Antes de entramos, Nick me abraça aconchegadamente. Depois, ele beija a minha bochecha, me fazendo ferver estrelas. Fui pego de surpresa.

— Eu só quero que saiba que eu vou te proteger de qualquer coisa que aconteça lá dentro. Não deixe ninguém fazer a sua cabeça. Eles vão ver que você é fraco mentalmente, e podem tentar te manipular.

Ei, não sou tão fraco assim. Minha sanidade subiu e desceu essa noite. Mas acho que atualmente está no topo.

— Não se preocupe tanto — respondo rápido. Nick sorri.

Juntos, entramos na sala. As risadas cedem ao ficarmos parados no adorno da porta, fazendo todos os outros jogadores olharem para nós. São todos jovens bem abaixo da meia idade. O lugar é como se fosse um quartinho de tão pequeno que é. Vamos passar três horas aqui dentro? Ao olhar para as laterais do teto, encontro quatro câmeras, uma em cada canto. O Grande Irmão está de olho em você.

A suíte é coberta por um extravagante carpete carmesim. Na parte direita da sala não tem nada além de um grande espaço vazio, enquanto no outro lado tem duas namoradeiras e quatro poltronas, colocadas ao redor de uma pequena mesa de tampo de vidro redondo. Mas a mesa é diferente: em vez de ter quatro pernas, ela é suspensa por quatro fios metálicos presos no teto.

Reconheço instantaneamente três dos outros cinco jogadores.

A primeira é a garota que fez o desafio de trocar o sutiã em público. Os outros dois são aquele casal da última encomenda de ontem à noite. Aquele homem de nome esquisito e aquela garota infiltrada na moda.

O cara de penteado bonito curva as sobrancelhas quando me vê, mas as ergue quando vê Nick. Como se já se conhecessem. Pergunto para Nick, mas ele nega com a cabeça, o olhar firme. Sinto que está mentindo, como das últimas vezes.

— Aqui vai ficar apertadinho — ronrona um outro rapaz que não conheço.

A garota da encomenda de ontem sorri para mim, mostrando seus dentes perfeitos. As centenas de pulseiras no seu braço fazem barulho. Ela está diferente de ontem, parece que se bronzeou bastante nas últimas vinte e quatro horas.

— Olha, Z, é aquele entregador.

Mordo minhas bochechas forçando um sorriso.

Sentamos atrás da parede da qual entramos, nas poltronas, e analiso os outros Jogadores. As molas sensíveis do assento me fazem subir e descer por um instante, o que é irritante.

NerveWhere stories live. Discover now