[1] khamstvo

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"Não posso fazer da minha dor algo bonito

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"Não posso fazer da minha dor algo bonito. Não posso tornar minha raiva suave."

obs: este capítulo foi atualizado. caso você não note diferença, ou caso as imagens não identifiquem o capítulo sob o título de "khamstvo", retire o livro da biblioteca e adicione novamente. qualquer dúvida, só chamar ♥

A visão do Volga congelado era uma perfeita armadilha

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A visão do Volga congelado era uma perfeita armadilha. Nos meses mais cálidos, o rio mantinha seu curso através da Rússia, afogando turistas vez ou outra. Mas era no inverno que a verdadeira magia acontecia.

O ritual era, na verdade, uma prática adquirida dos velhos crentes - fanáticos religiosos que adoravam ao sol como se a estrela dourada estivesse atenta às suas súplicas. Os católicos costumavam chamá-los de pagãos. Russos tinham histórico de surrá-los e debochar de suas crenças.

Ainda assim, quando as águas do Volga se tornavam sólidas, pessoas de todas as partes deixavam suas casas, envoltos em pesados casacos e cachecóis sufocantes. Eles caminhavam sobre o gelo firme por horas a fio, como se a resposta para suas preces estivesse escondida na neve. Exceto que nenhum Deus jamais os ouvia.

Aquela não era uma passagem bonita. Não quando os corpos despejados ali durante o verão espreitavam debaixo dos pés, como um tapete de membros inertes. Diferente de sua mãe, Atka Dahlen não compreendia o encanto por detrás do ritual. Muitas vezes abandonara corpos às margens do rio e não estava ansiosa para revê-los.

Entretanto, aquela era uma memória antiga, feita para ser revisitada quando ela possuísse bebidas e morfina à disposição, quando suas cicatrizes já não doessem tanto assim. Com um suspiro exausto surgindo entre os lábios, ela dispôs um casaco sobre as roupas de dormir e desceu as escadas em espiral, contando cada degrau religiosamente.

Cinquenta e três, quatro, cinco... Sessenta e dois, seis, sete. Setenta e um.

A arquitetura da severnaya korona um dia já fora impressionante. Pinturas a óleo cobriam as paredes opulentas e pilastres de mármore adornavam imensos salões. Todas as festas da alta sociedade de Moscou não eram nada em comparação aos bailes que tinham a mansão dos Dahlen como palco.

UltravioletaWhere stories live. Discover now