Capítulo 02

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Rosa Miranda

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Rosa Miranda

Dia 01

     Não consegui dormir. A todo instante escutava galhos das árvores lá fora se partindo. No corredor, parecia escutar passos, deixando-me assustada. Amanheceu, posso escutar os cânticos dos pássaros. Eles estão alegres, entoando os seus cânticos. Meu corpo está dolorido. A cama de casal não é nada confortável. Os meus braços estão com algumas marcas roxas, devido aos movimentos bruscos que aquele homem teve comigo ao me arrastar até aqui. Essa noite eu já chorei demais. Já gritei e chamei pela minha mãe mas ninguém veio em meu auxílio.

    Levanto-me e vou até a janela. Apesar das barras de ferro, posso ver pelas frestas do lado de fora. Mas não muito, pois parece que há um vidro verde transparente, mas de uma espessura muito maior do que estava acostumado a ver. Creio eu que deve ser resistente a tiros. Ao olhar do lado de fora, posso ver um rapaz bem jovem, com a vassoura em mãos, ajuntando as folhas caídas no chão. Dá para ver o portão, mas os muros são bem altos, posso ver muitas árvores altas do outro lado do muro. O ao lado esquerdo onde o rapaz está varrendo, dá para ver uma parte de uma quadra de esportes. Ao lado direito, parece ser um bosque particular. Não dá para ver mais nada. Começo a gritar, pedindo socorro, mas ele sequer olha em minha direção. Então percebo que o quarto onde estou cativa  é impossível de alguém escutar algo pelo lado externo. Retorno para a cama e começo a chorar.

     Ao lado da porta, há ao que parece, ser uma janelinha. Mal dá para passar a minha cabeça. Estou com fome. Não quero beber a água da torneira do banheiro. Apesar do meu desespero, estou ansiosa para que alguém apareça. As horas passam. Já perdi as contas de quantas vezes me levantei da cama, fui até a janela, voltei para a cama, e assim foi o meu dia. Já tem alguns minutos que vi uma limusine chegando. Deu até para ver o motorista descer do carro, usando terno azul, um senhor negro, ir até a porta do passageiro e abrir. Quem desceu era ele. Sim, o homem que me trouxera para cá. Sinto uma angústia e revolta tomar conta do meu corpo. O meu coração acelera, uma palpitação quase que impede a minha respiração. Como alguém tem coragem de apostar um ser humano em um jogo. O meu pai, aquele que deveria me proteger, entregou para um estanho a própria filha. Fico encolhida na cama, chorando, lamentando a minha sina.

     As horas passam. O meu estômago está doendo. Por que trouxeram-me aqui para morrer de fome. Escuto passos no corredor, alguém se aproxima. Tenho certeza. A janelinha se abre, não dá para ver quem está do outro lado pois esta escuro. A iluminação aqui dentro do quarto é fraca. Um pacote é jogado pela janelinha, mas não me mexo. Dá para perceber que alguém fica me observando através dela por algum tempo antes de se fechar. Espero o som dos passos se silenciarem, antes de ir ver o que há dentro do pacote.

     Ao abrir o pacote, há um hambúrguer, um pacote de fritas e uma garrafinha de suco. Esta frio, está tudo gelado. Mas não me importo. Melhor comer frio, do que ficar ali por não se sabe quantas horas sem comer nada. Devoro em poucos minutos aquele lanche. Não é o suficiente, eu queria mais. Mas melhor me contentar e chorar mais um pouco antes de dormir.

APRISIONADA - RELATOS DE UMA "ESPOSA" SUBMISSA Where stories live. Discover now