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   Eu tive que olhar duas vezes, mas ainda não estava convencida, a minha estava Arthur, ou uma versão igual a ele, só que um pouco mais alto, mais encorpado e com os dois braços, mas seus rostos eram praticamente iguais.

Olhei boquiaberta para Ciel e Eliot, como se eles pudessem me dar alguma explicação plausível para aquele momento. Era simplesmente impossível, principalmente porque o garoto introvertido que eu conheci, não sorria abertamente daquela forma.

Involuntariamente me agarrei na manga de Ciel, será que ele era algum tipo de fantasma? Gêmeo maligno? Dopperganger? Ou simplesmente era a hora de eu ir para o manicômio?

— relaxe — Ciel sussurrou a um nível que apenas eu podia ouvir — não são a mesma pessoa.

Mesmo assim minhas dúvidas não estavam sanadas.

— prima! — ele veio em minha direção com os braços abertos — estou feliz em finalmente conhece-la!

Ele me abraçou, eu ainda atônita demais para me mover ou falar, eles pareciam iguais e ao mesmo tempo era totalmente diferentes! E pior: ele estava me abraçando, o que me deixava ainda em choque, o que diabos ensinavam para as crianças de hoje em dia se não o recato e respeito por pessoas mais velhas?

Se bem que naquele momento eu deia parecer mais nova que ele, considerando a diferença entre nossos tamanhos.

— já chega, não é? — Ciel interveio e eu finalmente pude sair de minha pose estática, ele nos separou o mais delicadamente possível, ou o mais delicadamente que uma pessoa que passou algumas horas dentro de um carro com seu arqui-inimigo e mal-humorada poderia ser. O que na minha opinião não é muito.

— o que você pensa que está fazendo? — o olhar do sósia era uma mistura de curiosidade e dureza enquanto olhava para Ciel.

Ambos ficaram se encarando durante alguns segundos, e o falso Arthur não parecia ter nenhum medo do lobo, ao ponto de, depois de alguns segundos, Ciel ser a pessoa que cedeu e recuou.

Fiquei surpresa com a frieza que aquele Arthur falso tratou meu servo, seria apenas uma reação por ser interrompido? Mas ele não tinha demonstrado nenhum medo... Era impressão ou meus companheiros estavam estranhamente silenciosos? Olhei para eles, ambos estavam quietos e sérios, austeros e cabisbaixos.

Aquilo era estranho, mas eu não podia falar nada.

— você provavelmente foi enganada por eles, não é? — o sósia me perguntou enquanto cocava o queixo, era apenas impressão ou talvez ele tivesse uma barba por fazer? — prima, você não pode ouvi-los — ele me censurou como se eu fosse uma criança mais nova. Eu odiava aquilo — eles são demônios domesticados, são apenas ferramentas, não precisa se preocupar com eles — ele fez um gesto de pouco caso em direção aos dois, era impressão minha ou ali os servos eram escravos? Não me admirava que eles e os mestiços não se dessem bem — venha! — ele pegou meu pulso e começou a me arrastar para dentro — vou te mostrar a casa! — ele parecia mais bem animado agora.

Eu fui arrastada para dentro, não sem antes lançar um olhar de suplicio a Ciel e Eliot, mas aparente ou eu fui ignorada, ou eles realmente não podiam fazer nada, mas pela insatisfação que emanavam enquanto cuidavam da bagagem, provavelmente era a segunda opção.

A casa era grande o suficiente para obrigar uma irmandade de faculdade, mas parecíamos ser os únicos naquele lugar, exceto por vez ou outra, ver uma pessoa uniformizada correndo nas sombras, ou o que eu acho que era pessoas.

Ele me apresentou a todos os lugares. Correndo. O que seria divertido, se não estivéssemos correndo, eu tinha ganhado alguma resistência com todo aquele treinamento de Charles, mesmo assim eu conseguia perder o folego.

Aquele lugar era grande demais, passamos por diversas salas abertas e varandas, era um lugar agradável, mas mesmo assim eu pensava em como gente rica gostava de ter lugares apenas para ter mais coisa para limpar...

Ele me levou a um tour completo pelo primeiro andar, e então me levou para o segundo, onde ficavam os quartos e parou em frente a uma porta fechada.

— aqui... — falou o pseudo-Arthur tentando recobrar o folego — é o seu quarto... Ou pelo menos onde você vai ficar até voltarmos para a casa principal — ele apontou para a porta ao lado da minha — aquele é o meu, se precisar de qualquer coisa é só ir até lá.

Eu não pude falar nada, ele nem mesmo me deu tempo de entrar e ver o que seria o lugar que eu ficaria, apenas me arrastou para mostrar o reto da casa: uma sala com equipamentos de academia, uma sala com vários videogames e uma varanda com uma vista para um lago onde tinham um ou dois cavalos pastando. Será que aquele lugar era alugado para fazer filmes? Era bonito.

Continuamos correndo até parar em uma das portas, o sósia parou com a mão no ar, antes de a pôr na maçaneta.

— acho melhor vermos esse lugar depois — ele anunciou já me puxando para outro lado.

Antes que pudéssemos fazer qualquer outro movimento a porta que entraríamos se abriu, o pseudo-Arthur fez uma careta e nos dois nós viramos.

Um senhor a abriu, era um homem com quase todo o cabelo cinzento, magro e com roupas casuais.

— vocês demoraram — ele ergueu uma sobrancelha — senhorita Welsh, por favor, entre.

Ele deu espaço e abriu a porta para mim.

— acho que fomos descobertos — o falso Arthur me soltou e sorriu desconcertado — acho que nós vemos depois então.

Eu peguei a barra de sua camisa antes que ele fosse embora.

— qual o seu nome? — perguntei antes que ele fugisse, não podia chama-lo de pseudo-Arthur ou sósia para sempre, não é?

— Raphael — ele respondeu sorrindo, acho que até agora aquela tinha sido a primeira vez que eu tinha me dirigido a ele.

Deixando-o de lado, eu segui para o escrito com o outro homem desconhecido. Pela primeira vez eu lamentava não ter meus stalkers comigo.

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Guerras dos Magos Mestiços II - PresenteOnde histórias criam vida. Descubra agora