Capítulo 52

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Rubie completou mais de seis meses de gravidez e com isso a data do chá de bebê também chegou.
Ela e Celeste fizeram uma mega decoração na casa em tons de azul escuro, azul claro e branco, com vários detalhes metade de uma cor e metade de outra, encomendaram bolo, entre outras várias comidas, todo personalizado, em cima dele havia dois sapatinhos simbolizando os gêmeos.
A festa estava cheia, Rubie convidou suas amigas e algumas colegas do trabalho, dos eventos que ia e algumas conhecidas da família, como Sophia e algumas mulheres da sua associação.
Rubie estava toda empolgada enquanto suas convidadas conversavam animadas e esperavam curiosas para que ela abrisse o próximo presente, já havia ganhado um monte, desde fraldas, mamadeiras e roupinhas, até jogos de berço e o próprio berço que Bárbara e Megan fizeram questão de dar.
- Ownn, que lindo! Não sei porquê mas acho que meus filhos vão ter duas madrinhas babonas!- Disse ela admirando os berços.
- Com certeza! Não vejo a hora deles nascerem, imagina como vão ser lindos!- Falou Bárbara.
- Lógico, vão puxar a mãe!- Falou Rubie cheia de si.
- Olha que podem se parecer mais com o John, querida!- Falou vovó Anabel rindo- O que também não é nada mal!
Rubie deu um risinho nervoso pensando: "Claro que podem parecer com o John... ou com o desconhecido ali da esquina mesmo!"
- E já sabem onde vão fazer o quarto dos bebês?- Perguntou Luiza, que segurava a pequena Lizi, ela já havia crescido mais.
- Sim! Vamos expulsar o Justin para o outro quarto que está vago e fazer o quarto dos bebês ao lado do nosso. Minha vontade era expulsar ele de casa, mas o John não deixa! Fazer o que...
- Deixa de implicar com o coitado que eu sei que você adora ele!- Falou Megan.
- Adoro nada, só aturo!
Helena se aproximou meio reciosa, entregando para ela uma caixa de presente.
- Queria dar isso... Tenho certeza que meus netos vão ficar lindos!
Disse ela sorrindo, Rubie viu um belo conjuntinho para gêmeos.
- Ai, que bonitos!- Disse Rubie admirando.
- Procurei muito mas não achei nenhum conjunto para meninos na cor vermelha, sei que é a sua preferida.
- Ah, tudo bem... Eu estou aprendendo a gostar bastante de azul também!- Rubie sorriu, mas estava estranhando um pouco sua mãe, ela estava diferente, sorridente e usando um tom mais gentil.
- Cíntia e eu também compramos vários produtos de bebê! Vai ser uma das coisas que você mais vai usar no começo, a pele deles é muito sensível.
- Sério? Tomara que a naja tenha tido bom gosto para as coisas dos meus filhos!
- Pode relaxar, priminha! Que de perfume e produtos importados eu entendo.- Falou Cíntia.
- Ah, e pode ficar tranquila também na parte dos sapatinhos, não sabia que havia tanto sapato lindo para bebê! Vai ser uma das coisas que mais vou amar comprar para os meus netos!
- Sapatinho? Também gosta de comprar sapatos?
- Claro! Tenho uma coleção enorme, da onde acha que veio a sua paixão por isso?- Perguntou Helena sorrindo orgulhosa, Rubie retribuiu o sorriso realmente se sentindo feliz por sua mãe estar tão empolgada com os netos. E assim continuaram a festa.
Eu, Justin e Enzo fomos para a casa do Miguel ficar jogando, conversando e bebendo. Estava uma tarde ótima.
- Pois é, Miguel! Perdi a batalha mas não perdi a guerra!- Falou Justin todo cheio de si.
- Como assim?- Perguntou Miguel.
- Posso ter perdido a aposta do beijo, mas valeu a pena! Se tivéssemos feito revanche você teria perdido!
- Isso é mentira!
- É mesmo? Então já conseguiu chegar nos finalmente com a Bárbara?
- Bom, eu... Ainda não consegui.- Falou ele meio desanimado- Ela é meio difícil nessa parte... Mas toda espera valerá a pena!
- Nem me falem, vida de pai não é fácil! Quase não sobra tempo pra mim e para a Luiza e quando sobra ela está cansada demais para pensar em sexo.- Falou Enzo desanimado, enquanto bebia seu drink.
- Só eu e o John estamos de boa nessa, então?- Disse Justin rindo.
Miguel e Enzo olharam para a minha cara tentando segurar o riso.
- Claro... Nessa parte eu não poderia estar melhor!- Menti e virei o copo.
- Um brinde... Aos caras pacientes!- Falou Miguel levantando seu copo zoando e todos nós brindamos rindo.
Meu celular tocou e eu fui ver quem era.
- É a Rubie! O que será que elas estão aprontando?
- Não sei, mas tenho certeza que não estão melhores que a gente!- Disse Miguel fingindo estar bêbado.
Eu ri e me levantei, me distanciando um pouco para atender.
- Oi, Rubie! Como está o chá de bebê?
- John...
Sua voz estava tremida, como se ela estivesse prestes a chorar. Me assustei com o seu tom e perguntei preocupado:
- O que foi? Aconteceu alguma coisa?
- Estou sangrando...
Foi a única coisa que ela conseguiu dizer, já entrei em desespero. Voltei para a sala enquanto dizia:
- Onde você está?
- No banheiro. Fui fazer xixi e saiu sangue... Estou perdendo meus bebês, John?- Perguntou ela em desespero.
Eu tinha lido que sangue não é um bom sinal mas não tinhamos como saber, tentei controlar meu próprio desespero e falei:
- Ok, fica calma! Você não está perdendo os bebês, eles vão ficar bem! Consegue avisar alguém daí?
- Acho que sim...
- Então faça isso e vá direto para o hospital, já estou a caminho!
Os garotos já ficaram preocupados também com a parte que ouviram.
- O que houve?
- Rubie está mal. Precisamos ir!
Eu e os garotos chamamos um Uber e fomos de encontro a ela no hospital, mil coisas passavam pela minha cabeça, mas eu não queria acreditar em nenhuma.
Quando cheguei lá fui avisado que Rubie estava na ala reservada para partos, para o caso dos bebês já estarem nascendo, fui liberado para entrar e ficar com ela também, Rubie estava com cara de desespero e só se acalmou um pouco quando me viu.
- John... eu...
- Não precisa dizer nada, Rubie... Vai ficar tudo bem.
O médico chegou e fez o exame de toque com muita concentração e nos disse que mesmo a barriga estando um pouco baixa e que levar um tombo nessas alturas da gravidez era perigoso, o colo do útero estava fechado.
- Isso quer dizer que os bebês estão bem?- Perguntou Rubie, preocupada. Eu olhei para ela sem ter entendido a parte do tombo.
- Sim, mas nós vamos colocar um monitor fetal em você só para ter certeza- Disse o médico gesticulando para a enfermeira que levantou a camisola hospitalar de Rubie e amarrou três monitores em volta de sua barriga, abaixei os olhos em respeito à Rubie e esperei. Um dos monitores mostraria as contrações e os outros dois os corações dos bebês.
Rubie ficava perguntando se conseguia ouvi-los, o médico disse que precisávamos ter um pouco de paciência porque eles ainda eram pequenos e que, as vezes, demorava um pouco para localiza-los. Eu e ela esperamos aflitos, com medo do pior. Por fim, um som feliz e galopante tomou conta do quarto e logo depois outro. Dois coraçõezinhos, dois corações batendo fortes.
- Os dois estão vivos?- Perguntou Rubie com a voz tremendo mas sem disfarçar o alívio. O médico confirmou com um sorriso, beijei o cabelo dela e segurei sua mão, ouvir aqueles dois corações batendo fez um peso enorme sair do meu.
O médico fez mais algumas anotações e disse que nos deixaria por alguns minutos e depois voltaria para falar conosco.
Me aproximei de Rubie e ela me abraçou bem forte, não a soltei e pude ouvir ela soluçando.
- Eles estão bem, Rubie... Nossos bebês estão bem.
- Eu sei, é que...- Ela tentou secar as lágrimas que escorriam- Eu tive tanto medo de perde-los, John! Eu iria me culpar a vida toda se algo tivesse acontecido...
- Por que diz isso?
- Porque eu cai da escada ontem com todo o alvoroço do chá de bebê, foi dos últimos degraus e não me machuquei... Mas eu devia ter contado para alguém!
- Por que não me disse, Rubie?
- Eu não sei... Não sabia que tudo isso iria acontecer. Se fosse no começo da gravidez e isso acontecesse eu nem sei o que pensaria, mas agora...
- Não pense mais nisso- Falei fazendo carinho no seu cabelo- O importante é que vocês três estão bem!
Ficamos um pouco em silêncio, digerindo tudo o que tinha acontecido.
- Será que já avisaram minha mãe de que está tudo bem? Nunca vi ela tão preocupada como vi hoje, ela, a Celeste e as garotas foram as que mais correram para me ajudar...
- Acho que já devem ter avisado... Imagino como elas devem ter se sentido, não sei o que faria caso acontecesse alguma coisa com vocês...- Falei olhando nos olhos dela, Rubie ficou quieta e pensativa mas quando ia falar alguma coisa o médico entrou na sala.
Ele disse que achava melhor, como medida de precaução, que Rubie ficasse em repouso até os bebês nascerem, parando de trabalhar, evitando estresse e tentando fazer o menos possível de esforço físico. Rubie concordou, mesmo não gostando muito da idéia.
- Sua mãe está pedindo para te ver- Disse a enfermeira, assim que o médico saiu.
- Pode dizer a ela para entrar- Falou Rubie.
Olhei para ela, beijei sua mão e disse:
- Vou deixar vocês duas sozinhas um pouco...
Ela concordou e Helena entrou assim que eu sai.
- Filha...
Ela se aproximou e Rubie se deixou abraçar pela mãe, nem se lembrava quando tinha sido a última vez que fizera isso.
- Como você está? Os bebês estão bem?
- Estão... nós três estamos, o médico disse que vou precisar ficar de repouso até eles nascerem, mas fora isso está tudo bem.
- Se precisar de ajuda posso ficar um tempo fora da empresa para cuidar de você!
- Não precisa, mãe... É mais como precaução, mas se precisar eu aviso.
Rubie e Helena se olharam pensativas. Helena respirou fundo e disse pegando na mão de Rubie:
- Não sabe como fiquei com medo de alguma coisa acontecer com os bebês ou com você...
Rubie abaixou o olhar, não sabia se acreditava nela ou se deixava se aproximar. E se voltassem a brigar? Sua mãe parecia estar sendo sincera e querendo mesmo se reaproximar, mas Rubie ainda tinha medo.
- Rubie... eu sei que fui a pior mãe do mundo, acho que nunca consegui ser boa com você. Te conhecer, entender e te ajudar a crescer... Nunca fiz essas coisas, estava ocupada demais com minhas próprias feridas e sofrimentos para perceber que estava te machucando...
Elas se olharam.
- Por favor, me perdoe... Me perdoe por todas as vezes que errei com você quando mais precisava de mim, por não ter sido uma boa mãe.
Os olhos de Rubie começaram a se encher de lágrimas, puxou a mãe para perto de si e a abraçou bem forte.
- Me perdoe também, mãe... Eu sei que sou difícil, quase impossível de suportar, mas eu não consigo ser diferente...
Helena acariciou os cabelos de Rubie enquanto duas lágrimas escorriam por seu rosto.
- Não diga isso, você pode ter defeitos, filha. Todos nós temos... Mas você é perfeita do jeito que é, eu só nunca parei para te conhecer e perceber quem é essa pessoa incrível e forte que eu chamo de filha.
Se afastaram um pouco e Helena perguntou:
- Será que é tarde demais para fazermos isso?
Rubie olhou nos olhos da mãe e um sorriso se formou em seus lábios.
- Nunca é tarde demais...

Namorado de Mentirinha (Revisando)Where stories live. Discover now