Capítulo 1 - Punição

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Capítulo 1. Punição

         Essas são as horas em que eu desejo jamais ter aceitado estudar nessa escola, essas horas são as que eu me sinto culpada por ter sempre tentado ser boa. Eu nunca ganhei nada com isso. Não sinceramente.

        Olhei para cima, tentando ver algo que não fosse escuro. Isso me deixava claustrofóbica, a visão do nada. Mas eu teria que aguentar ainda mais algumas horas. Por que às pessoas ainda acreditavam nos boatos? Por que não acreditavam que desejo apenas ser amiga, por que sempre confundem com as coisas?

         Muitas vezes senti vontade de gritar para toda aquela escola que eu não gosto de garotas coisa nenhuma, mesmo sendo mentira. Mas desde que descobriram, isso não me ajudou em nada. Por algum motivo desconhecido, a maioria das minhas amigas acabavam desenvolvendo sentimentos que jamais deveriam ter existido, e eu sempre acabava magoando alguém. Porque eu não queria ninguém.

           A única que estava do meu lado realmente era Seulgi, eu nunca precisei me preocupar com ela. Nossa amizade era clara com a neve do inverno, desde o dia que nos vimos pela primeira vez, no nosso primeiro dia de aula.

      Até agora, ela fora à única coisa boa que me aconteceu nessa escola.

          Foi de repente, na verdade eu não pude nem pensar.

— O que você tá fazendo? — A garota gritou, praticamente caindo em cima de mim. — Me tire daqui!

          Não me surpreendi que nem ao menos responderam ela, apenas a trancaram também. Tentei ver ao menos sua silhueta, mas era inútil, como podia ser tão escuro?

— Tem alguém aqui também? — Ela falou, transparecendo medo e raiva.

— Sim. — Falei, tentando puxar assunto. — Mas você não precisa se preocupar, como vão nos tirar ao mesmo tempo, você só ficará algumas horas.

— Algumas horas? Você ainda diz só?

         E então, começou. Ela começou a bater na porta e gritar, de um modo exagerado, confesso. Ouvi falar que a maioria dos alunos no qual a família deixava aqui por mal comportamento tinha esse tipo de atitude, mas eu nunca tive.

  Seu surto durou apenas uns dez minutos, até que ela se sentou.

— Aqui é pior do que eu pensava. — Ela sussurrou, parecendo cansada.

— O que você fez pra estar aqui? — Eu perguntei, mas não obtive resposta.

— Você é nova por aqui? — Perguntei novamente, mesmo sabendo que era. Eu conhecia todas as vozes erradas dessa escola. Mais uma vez, ela me ignorou.

          Eu quis que ela conversasse comigo, afinal, estávamos ambas em um castigo e seria uma distração. Mas ela ao menos parecia estar ali.

           No começo, eu pude ver que fora de propósito, mas no momento, ela dormia. Não havia passado nem meia hora, eu penso, eu podia ouvir sua respiração calma e lenta. Por nenhuma razão aparente, me aproximei.

       Eu me aproximei tanto que dava pra sentir seu cheiro, mas eu só queria ver se ela realmente dormia. Encostei o mais mínimo possível minha mão em seu rosto, procurando seus olhos, e pode ver que realmente estavam fechados. Como devia ser sua aparência?

          Ela tinha... Uma aura bonita, eu não consigo imaginar essa voz ou esse jeito vindo de alguém de má aparência, se bem que a maioria das pessoas dessa escola era exageradamente bonita.

        Aquela garota de aura bonita, por mais que não houvesse sido gentil comigo, me trouxe uma calma inexplicável.

  Eu não me sentia exatamente mal, mas não tinha aquela sensação ruim de quando eu estou sozinha, ou com outras alunas. Estava tão confortável ali, com aquela desconhecida, que me trazia uma segurança estranha. Tão confortável, que não aguentei.

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⏰ Last updated: Jun 04, 2017 ⏰

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