O amadurecimento de Katy Perry em Witness

Primeiras impressões do novo álbum de Katy Perry

Essa resenha foi escrita assim que terminei minha primeira audição do álbum.

Primeiro que estou admirado com ele, mesmo a Katy sendo um dos meus artistas favoritos e eu com certa expectativa para esse lançamento o álbum realmente me surpreendeu. A coesão, a forma que as faixas foram alinhadas criando um clímax muito agradável de se ouvir. A sonoridade experimental de algumas canções que eu jamais esperaria ouvir dela, as produções poderosas, algumas das letras que são muito interessantes, é um trabalho maduro, não uma evolução agressiva que causa estranhamento, mas um amadurecimento musical que ela começou vagarosamente no Prism ainda está edificando, Witness seria o meio dessa construção artística, um prelúdio do que a Katy quer ser, onde ela quer chegar e claro, quem ela é de verdade.

Não que os álbuns anteriores não fossem Katy Perry de verdade, claro que eles são, mas eu os vejo como uma Katy que queria se divertir e divertir o mundo, ela conseguiu. One Of The Boys de qualidade notável chegou mostrando que ela era alguém determinado e se fazer acontecer, depois Teenage Dream que foi o boom da carreira, um álbum que não só divertiu mas marcou as pessoas, marcou adolescências com seu pop que fazia jus ao nome de sonho adolescente. Você pode não gostar de Katy Perry, pode achá-la uma performer mediana, uma vocalista ruim mas ninguém pode negar que seu impacto e suas músicas foram algo que marcaram as pessoas, e se pensarmos bem esse é o propósito que todo artista quer para a sua música, Katy conseguiu deixar seu nome sua música como símbolo de uma geração com o Teenage Dream. Em seguida veio Prism que não tinha a personalidade de um One Of The Boys ou o impacto de um Teenage Dream mas ainda assim teve sua recepção tão notável quanto a dos outros, Prism conseguiu balancear o lado artístico (o começo desse amadurecimento) com o lado comercial e esse é um ponto essencial em uma pop star.

E finalmente chegamos a mais um ponto dessa jornada espetacular que é a carreira de Katy Perry, Witness que mesmo com seu desempenho comercial bambo é um trabalho notável e que se bem explorado pode acabar sendo tão significativo quanto os anteriores. Deixando comparações de lado, vamos a Witness em isolado:

Witness/09: Uma ótima e poderosa faixa título, amei a letra, a interpretação que Katy dá a ela, a forma que ela soa transparente, crua e real. Expressa bem o propósito do álbum logo de cara. Algo como o que Britney fez em Invitation no Glory.

Hey Hey Hey/08: Uma ótima faixa pop, na verdade o que se espera de uma música pop, um pré refrão notável, e madura.

Roulette/10: Algo nessa música me remeteu a Dance In The Dark, uma das minhas favoritas de Lady Gaga, não me entendam mal, eu gosto de Lady Gaga da mesma forma que gosto de Katy Perry, isso foi sim uma comparação mas uma comparação positiva. Voltando a música, me arrisco a dizer que é a melhor do álbum, Katy Perry por favor aposte nisso com um hit em potencial, não deixe essa que é uma de suas melhores músicas passar em branco.

Swish Swish (feat Nicki Minaj)/07: Não é o tipo que eu gosto, mas admito que é uma boa música. Tem um propósito interessante "Eu acho que esse é um grande hino para as pessoas usarem quando alguém estiver tentando te rebaixar ou fazer bullying com você" segundo a própria Katy, e se olharmos por esse lado ela funciona mesmo como uma música de auto valorização. Não posso deixar de citar o verso incrível de Nicki Minaj, o melhor "feat" dela que ouvi esse ano.

Déjà Vu/08: Alguns dos títulos de faixas desse álbum não fazem jus a grandiosidade da música, temos aqui o maior caso. É um ótimo e leve dance, com uma progressão deliciosa de se ouvir, ela simplesmente flui. Ótima.

Power/08: Já perdi a conta de quantas vezes usei a palavra "poderosa" nesse texto, talvez porque seja a palavra que resuma o que achei desse álbum e essa música também é PODEROSA. Primeiro a interpretação que não poderia ter sido melhor do que essa que Katy deu a música, depois a produção cheia de oscilações e jogo de áudio, daqueles interessantes de se ouvir num fone.

Mind Maze/10: É algo alternativo, experimental, ousado, ai meu deus, isso é mesmo uma música da Katy Perry? A primeira vez que ouvi fiquei o refrão "que porra é essa?" mas depois comecei a prestar mais atenção. Isso é surreal dentro da discografia dela, mas não dentro desse mundo de Witness.

Miss You More/08: Eu não gosto de baladinhas de cantoras pop, mas essa é tão marcante e cantada de forma profunda que é impossível não parar e ouvir com atenção. Aqui é o exemplo de como Katy progressivamente está conhecendo e tomando tento de sua voz, explorando seus tons e profundidades. Aliás as músicas de Witness parecem bem mais confortáveis de a Katy cantar.

Chained To The Rhythm (feat Skip Marley)/10: Letra, vídeo, coesão, parceria bem colocada, mensagem, produção, é um dos maiores, senão o maior ponto alto do álbum. Mesmo já a conhecendo, quando ouvi o álbum tive que voltar e ouví-lá de novo, é tão energética e de novo... Poderosa.

Tsunami/06: Não me chamou atenção, na verdade achei o ponto fraco do álbum.

Bon Appetit (feat Migos)/07: É mediana mas a progressão é muito boa, o último refrão com aquela batida já no pico salva a música. Poderia ter entrado em versão solo no álbum.

Bigger Than Me/07: Ótima mas me deu uma sensação de repetição em relação as faixas anteriores.

Save As Draft/06: Já expressei minha opinião em relação a baladinhas, e essa me soa bem qualquer coisa.

Pendulum/09: Mais uma sonoridade levemente alternativa mas ainda soa bem Katy Perry, uma faixa muito animada daquelas que você se vê cantando numa roda de amigos com um violão e aquele coro bem animado. Funcionaria maravilhosamente como single.

Into Me You See/06: Apenas mais um baladinha bonitinhas e polida cheia de sentimentos de um coração apaixonado. Clichê demais para encerrar um álbum tão cheio de personalidade como esse.

As faixas deluxe ainda não estão disponíveis enquanto escrevo esse texto.