Fighting some demons

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((POV CLARKE))

Eu corria, corria por uma rua vazia e escura, de uma sombra enorme que me perseguia, estava frio, mas por dentro de meu casaco, me sentia suar. Eu estava cansada, a sombra corria bem mais rápido que eu, e eu já não podia continuar. Parei e apoiei as mãos nos joelhos, tentando recuperar o ar, quando senti aquela presença se aproximar cada vez mais:

- Não adianta tentar fugir de mim. Disse Jaha, contra a luz, sorrindo sadicamente. Deus sabia qual seria o castigo da vez, talvez ele se sentisse comovido por meus hematomas, ou talvez não... Afinal, esses hematomas não tiveram tempo de se recuperar na espera da chegada dos próximos.

- Vem ca! Ele disse se aproximando, e o medo de seu toque violento era tanto, que me fez acordar em questão de segundos.

Acordei e instintivamente bati na mesa ao lado desligando meu despertador exagerado. Mas não tinha mesa ao lado, ou despertador, na verdade, minha mão bateu numa estrutura dura diferente, e quando abri os olhos vi que eram os braços de uma cama de hospital. Por um breve momento me perguntei onde eu estava, não me recordava de chegar lá ou de passar mal. Foi quando ao ver no pé da cama meus pais parados, sussurrando baixinho para Lexa que estava bem ao lado deles. Ninguém havia percebi que eu estava acordada, minha mãe chorava... Acho que ela já sabia. Lexa não chorava, mas seus olhos estava tão inchados que parecia que tinha levado um soco em cada um.

Queria voltar a dormir, na verdade, nem sei mais o que queria. Se dormia tinha pesadelos, se acordava vivia um outro ainda pior. Será que haveria algum estado de espirito que me fizesse viver em paz? O estado da amnésia, talvez.

- Filha. Meu pai disse ai me ver de olhos abertos.

Todos se aproximaram de mim e me olhavam com um olhar irritante... De pena.

- Como você está? Minha mãe perguntou.

Que pergunta idiota, mãe... Como acha que estou? Pensei.

Eu não respondi. Na verdade, percebi que não conseguia. Olhei pra Lexa e ela não conseguia me olhar nos olhos, que merda era aquela?

Me virei rudemente, me cobrindo até os ombros e fechei meus olhos, me forçando a pegar num sono que eu nem tinha. Após alguns minutos, escutei os passos indo em direção a porta. Ninguém dissera mais nada, nem mesmo entre eles. Desculpem causar todo esse climão.

Abri meus olhos novamente e encarei a parede. Essa sensação na boca do estômago não passaria nunca?

Eu nem mesmo sabia como devia me sentir, eu tentava ao máximo não pensar em nada, não lembrar, não me machucar mais do que estava, mas tinham momentos meio inevitáveis. Vontade de chorar o tempo todo, minhas mãos suavam hora ou outra por nenhum motivo. Era como uma ansiedade constante e eu não conseguia controlar.

Um enfermeiro entrou em meu quarto:

- Como está nossa princesinha? Disse tentando ser carinhoso, mas tudo que eu menos queria era que me chamassem assim. Eu não era uma princesinha mais, princesinhas não apanham, nem são sexualmente abusadas.

Não o encarei, continuei a olhar pra um espaço vazio, talvez na esperança de encontrar uma fenda no tempo em que eu pudesse reverter cada passo que dei no dia de hoje.

- Deixa eu checar essa febre. Esse seu ferimento ameaçou infeccionar, mas demos um jeito rapidinho. Ele disse colocando o termômetro na minha boca sem ao menos me perguntar se podia. Mas tudo bem, acho que fazer coisas com meu corpo sem minha permissão tinha se tornado uma rotina na minha vida.

Ele esperou alguns minutos e retirou o termômetro de minha boca:

- Você ta com bastante febre ainda. Vou te medicar. Disse colocando um novo tubo de plástico de soro na estrutura de ferro que segurava agora um plástico vazio de um soro que eu estava ingerindo. – Logo você estará novinha em folha. Bonita assim tem mais é que sorrir.

Teach meWhere stories live. Discover now