Quantas pessoas devem morrer por dia? Será que alguém que você cruzou na rua mais cedo morreu hoje? Será que alguém naquele ônibus, naquela fila, naquele passeio morreu hoje? Quantas pessoas estão morrendo enquanto eu escrevo isso? Quantas pessoas e...
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Para meu avô Isaías,
Que, por ser cego, enxergava tudo.
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No princípio, era o bordão.
E o bordão era do meu avô. E o bordão era o meu avô.
E meu avô disse "Nunca faça com alguém, o que você não gostaria que fizessem com você" e, ao contrário da criação do universo a partir do conhecimento teológico, não houve nada.
Por que?!
Eu não sei exatamente como começou isso tudo, mas, vamos lá. Vamos falar sobre pessoas.
O que você pensa quando eu digo "pessoas"? Você pensa em corpos? Sonhos? Histórias? Trajetórias? Classes sociais? Padrões? Rótulos? Religiões? Etnias? Culturas? Alguém?
É impossível não travar na palavra "pessoas" e pensar em pelo menos três outros "sinônimos", três outras "palavras derivadas", três outras coisas que te remetem a outras pessoas, de modo geral.
Talvez, você esteja fazendo alguma coisa muito errada em relação às pessoas. Talvez, você gaste todo o seu tempo de vida, sem nem ter entendido a complexidade e infinidade das pessoas ao seu redor.
Eu quero começar isso tudo com o seguinte fato lógico e primórdio sobre pessoas...
Pessoas morrem.
É impossível que você conheça todas as pessoas do mundo antes de morrer. Mas, o que você faz com as que você conhece? Como reage às pessoas que você esbarra na rua? Eu estou ouvindo "Encontros e Despedidas" da Maria Rita. E, vamos fazer uma pausa para ler esse trecho da letra.
"Todos os dias é um vai e vem, a vida se repete na estação. Tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais. Tem gente que vem e quer voltar, tem gente que vai e quer ficar. Tem gente que veio só olhar... Tem gente a sorrir e a chorar. E assim, chegar e partir. São só dois lados da mesma viagem, o trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida. A plataforma desse estação é a vida."
