Um primeiro encontro e tanto

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Olá!

Capítulo novo para vocês.

Queria pedir algo a vocês,

Mandem energias positivas e orações para os amigos, familiares que foram devastados pelo incêndio em Pedrógão Grande. Estamos com o coração a doer!

Agradeço com todo meu coração.

Mesmo quando me descuido

Me desloco

Me deslumbro

Perco o foco

Perco o chão

Eu perco o ar

Me reconheço em teu olhar

Que é o fio pra me guiar

De volta

De volta - Me espera, Sandy e Tiago Iorc

- Por enquanto apenas água. - Analisei a lista de comida do fino cardápio do 7À7. Havia desde um tal de ovo mollet à pato estufado com especiarias da casa. Para ser sincera nada daquilo me dava vontade de comer.

- Volto em breve com o seu pedido, senhorita. - A empregada de mesa com ligeiros traços asiáticos sorriu pegando o cardápio.

Sussurros educados corriam pelo restaurante. Homens trajados em uniformes azul-escuro andavam de um lado para o outro entregando os pedidos sempre com um sorriso no rosto, até mesmo quando uma madame reclamava pela terceira vez desde que chegara ali, que seu carré de cordeiro não estava como solicitado. A mulher robusta continuava reclamando com seu ar enfadonho para o homem que ainda sorria, mostrando educação. O acompanhante dela não estava nada satisfeito com a sua postura, ele parecia querer enfiar a cabeça dentro de uma abóbora que estava em cima da mesa.

- Você sabe quem está servido? - Sua unha pontuda girava no ar. O homem tentou ser educado, dizendo que trocaria o prato que por sinal estava meio comido. O que me fez perceber que talvez não estivesse tão ruim assim. Afinal, quem continuaria comendo algo que não lhe agradava? - Não acredito que este restaurante tão requintado tenha empregado alguém como você.

Até os mais leves dos sussurros tinham cessado, todos no restaurante estavam atraídos pelos berros vindo da mesa da madame.

- Olhe para você, querido. - O moço abaixou a cabeça e se analisou. Ele estava tão bem vestido como seus colegas de trabalho. Na lapela do seu terno estava escrito em fios dourados o nome do restaurante e do colaborador. Não havia nada de errado nele. Pelo contrário, ele estava muito bem apresentado. - Como alguém com esta cor pode estar trabalhando num estabelecimento que presta serviços a uma classe como a minha?

Vi o flashes de choque cruzar o olhar do garçom, ele estremeceu. Ninguém fez absolutamente nada. Eu não poderia ficar calada diante daquela situação lamentável.

- Desculpa a intromissão, mas já que a senhora...- Ergui as sobrancelhas dando a ela a oportunidade de falar seu nome.

- Enilde. - Falou num tom de descarte.

- Já que a senhora Enilde gosta de chamar atenção para si, gostaria de lhe perguntar se a madame conhece o artigo cento e quarenta, parágrafo três do código penal?

A sua sobrancelha feita a lápis foi erguida com certo desdém.

- Se a injúria consiste na utilização de elementos raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição pessoa idosa ou portadora de deficiência, à pena de reclusão varia de um a três anos e multa. - Recitei olhando para a cara redonda assustada da Enilde. - Se eu fosse a senhora morderia a língua agora mesmo e engoliria esse seu preconceito filho de uma mãe. - Olhei para a linha dourada do uniforme. - O Valter aqui pode ter processar e sinceramente se fosse a madame estaria me borrando de medo agora. - Dei um tapinha na mesa e sorri. - Um dos meus pais é advogado. Diria um bom advogado. Se você quiser, Valter, ele estará a sua disposição. - A mulher que antes gritava estava vermelha como a poupa de uma melancia, saíam faíscam dos seus olhos negros. Ela apertava a taça entre seus dedos com força.

No caminho do coração - Quarto livro da série Envolvidos no Amor. #Bessa4Onde histórias criam vida. Descubra agora