Capítulo 4

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Na manhã seguinte, era o momento de colocar as primeiras partes do plano em pratica. Christopher iria surpreender Dulce. Chegou mais cedo e ficou a esperando na sala dela, a ideia que teve na noite anterior seria ótima, e Henrique havia dado liberdade para fazer o que achasse melhor com Dulce, e o que tinha em mente era perfeito, aproximaria os dois, além de fazer Dulce se envolver sutilmente com os assuntos da empresa. 

Assim que a ruiva entrou em sua sala tomou um grande susto, não imaginava encontrar Christopher tão cedo assim, só poderia ser um sinal, seu dia seria tão terrível quanto o outro. 

— Bom dia. — A saldou com um enorme sorriso. 

Ele fazia isso para irrita-lá, tinha certeza. O sorriso de Christopher era perfeito, assim como seu cabelo e suas roupas, e isso também irritava Dulce. Se ele não fosse tão chato e o queridinho de seu avô, talvez, um talvez bem distante, ela até poderia vê-lo de outra maneira. 

— Está atrasada. — Olhou o relógio. 

Não, ela jamais o veria de outra maneira, ele era insuportável demais para ter uma relação além de inimigo. 

— O que você esta fazendo aqui, Christopher? — Jogou a bolsa em cima de mesa e o encarou. 

— Vim em paz, trouxe até café. — Apontou para o copo da cafeteria do outro lado da rua. 

— Não bebo café. — Abaixou-se para olha-la nos olhos. — O que você quer? 

— É descafeinado. 

Dulce recuou, como ele sabia o tipo de café que ela bebia? A historia estava muito estranha, desde quando Christopher Uckemann comprava café para Dulce Maria? E ainda dizia que veio em paz? Tinha algo errado, muito errado. 

— Dulce, escute. Eu estava pensando e acho que está na hora de pararmos com essas brigas sabe, acho que já deu isso. Seu avô não fica feliz com o tipo de relacionamento que temos, e acho que por ele devemos mudar. — Propôs. 

— Ótimo, é só você parar de me perguntar sobre os relatórios e aparecer na manha sala as oito da manhã. 

—  Você não entendeu, acho que devemos nos aproximar mais... Ser amigos, o que acha? Já tenho até uma ideia para isso acontecer. 

— Bateu a cabeça antes de vir para cá, não foi? Não quero ser sua amiga Christopher, já é um tormento te aguentar aqui e na minha casa, então não. É só pararmos de nos falar. 

— Não, de jeito algum. Vamos ser amigos Dulce, e é por isso que você vai ser promovida. 

Começar o dia com Christopher na sua sala só poderia dar nisso: coisa ruim, atras de coisa ruim. Ela não estava interessada em ser amiga de Christopher, muito pelo contrario, não suportava a relação dele com o avô, os dois eram tão íntimos, até mais do que Dulce e Henrique. Eles não dariam certos como amigos e Dulce tinha certeza disso, não estaria disposto a ouvir sobre suas bonecas, suas viagens para cidades badaladas, sua paixão por sapatos. E ela também não estaria nada disposta a ouvir sobre suas conquistas e tardes no clube jogando golfe. 

E para completar "promoção". Dulce nunca quis ser promovida, isso significava mais trabalho, mais tempo na empresa e mais neurônios queimados tentando entender este mundo chato e sem graça. Ela queria mesmo uma demissão, uma chance em trabalhar com outra coisa. Faria até trabalhos modelando para alguns amigos, apesar de odiar posar para uma câmera, seria bem mais legal do que ganhar uma promoção na empresa. 

— Não quero ser promovida, to muito bem fazendo relatórios. — Dispensou. 

— Nada disso, você está promovida e acabou. Você é oficialmente minha nova assistente. 

O queixo de Dulce quase caiu. Ela estava no inferno, só poderia ser, o mundo não tinha piedade dela. Ser assistente de Christopher era como ser atropelada por uma bicicleta, dolorido e vergonhoso. Conviver com ele o dia todo seria péssimo, ele não a deixaria fazer mais nada, muito menos matar tempo no trabalho, fugir para a manicure, chegar atrasada no almoço. E seria vergonhoso ela a futura dona de tudo aquilo, sendo submetida as regras e aos afazeres de um administrador qualquer. 

— É uma brincadeira não é? Isso é pegadinha, cade as câmeras, é obviou que é piada. — Deu uma risada forçada. 

— Não é piada Dulce, é sério. Você é minha nova assistente, já conversei com seu avô e ele amou a ideia. A sua mesa vai caber certinho na minha sala. — Sorriu sarcástico. 

Se Dulce pudesse ela avançaria nele e daria uns bons socos naquela boca cheia de dentes. Era uma provocação, estava na cara, até a maneira que ele falava dava para perceber que era tudo para irrita-lá. Mas ela não iria aceitar, conviver por alguns minutos ao lado de Christopher já era um pesadelo, imagine oito horas por dia, cinco dias por semana, fora as vezes em que ele vai até sua casa. Jamais iria ser assistente dele, e nunca abandonaria a sua sala. 

— Eu não vou! — disse decidida. — Pode avisar meu avô que não quero ser promovida. Não saio dessa sala e muito menos me mudo para a sua, eu prefiro doar metade das minhas Chanel a ser sua assistente. 

— Você não tem escolha Dulce, já esta decidido, pode até doar suas Chanel e do mesmo jeito terá que trabalhar comigo. 

— Eu não vou! — repetiu sua decisão e cruzou os braços. — O que você está tramando Christopher? Eu sei que você não quer ser meu amigo. 

— Quero ser seu parceiro de trabalho Dulce, temos muito o que aprender juntos. Agora ande logo, pegue suas coisas e vamos para a minha sala, tenho muitas coisas para fazer e você também.

— Eu não vou, não adianta insistir, não vou me subordinar a você! — rosnou.

A moça permanecia parada em frente a sua mesa com os pés quase fincados no chão, não daria uma passo para ir a sala de Christopher. Ele por sua vez estava perdendo a paciência, como iria aguentar essa menina por sabe se lá quanto tempo em sua sala. Não estava preparado para o furacão Dulce Maria e odiava a maneira como era manhosa, ele a arrancaria dessa sala custe o que custasse. 

— Você vai Dulce, por bem ou por mal, você vai. — Colou-se a frente dela.

Os dois se encaravam raivosos pareciam prontos para uma batalha. Dulce queria mesmo que fosse uma batalha onde ela pudesse pegar uma espada e acertar Christopher em cheio. Ele pensava quase igual, mas tinha vontade de apenas tirar as regalias dela e ver a pobre garotinha chorar porque ficou sem as bonecas que valiam o salario da metade dos estagiários da empresa. 

— Terá que me levar arrastada porque não vou! — Desafiou. 

— Não tenho problemas com isso. 

Antes que Dulce pudesse reagir ele a pegou pelas pernas e começou a carrega-lá no colo. De imediato ela gritou tentando se soltar, mas foi em  vão Christopher é muito mais forte. Saiu porta a fora com ela em suas suas costas e segurando suas pernas, todos que estavam no andar pararam para olha-los. 

— Me põe no chão! Eu vou te matar Christopher, eu juro vou fazer picadinho com você, seu infeliz, você não deveria ter mexido comigo! — gritava e se debatia tentando se livrar dele. 

— Para de chorar garotinha. Agora você vera o que é trabalhar de verdade. 

A sala de Christopher era bem maior que a de Dulce e caberia mesmo sua mesa em um dos cantos da sala. Ele fazia muito mais coisas que ela e poderia ensina-lá quase tudo se ela vivenciasse isso, e a ideia de assistente caia perfeitamente. Conseguiria fazer a baixinha se interessar pelos negócios e principalmente pela empresa. 

— Você é um cretino. — Deu-lhe um tapa no braço. — Se você acha que eu vou ficar trazendo cafézinho para você, está muito enganado ok? Ninguém manda em mim! — Esbravejou. 

— É o que vamos ver, docinho. — Apertou as bochechas dela, o que deixou Dulce ainda mais raivosa. 

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