I Will Follow You Into The Dark

O Acidente.

Indicação de música pra escutar durante a leitura: Lea Michele - Run To You.

Segunda-feira, 1 de maio.

E de repente seu coração encheu-se de ar novo e seu corpo formigou até em partes que ela não sabia que formigava. O universo tinha se encarregado de leva-la naquele lugar e naquela noite e qualquer coisa que acontecia fora dali, daquele círculo mágico de troca de energias e tensão sexual (e porque não amor?) simplesmente não fazia sentido. Podia sentir o coração dele palpitando em seu peito, mas depois de alguns segundos não tinha tanta certeza se era somente o dele que vibrava incessantemente. Ficaram ali abraçados como se nada mais importasse no mundo e para falar a verdade, os dois sabiam que somente aquilo que compartilhavam era o que realmente importava. Tudo se calou. Só se ouvia o barulho do mar, das árvores encontrando o vento e daqueles dois corações apaixonados. Esse foi o acidente que marcou sua vida. Ela estava completamente apaixonada por ele.

Talvez tenha sido a forma que ele falava das coisas que a encantou: ele tinha paixão. Seus olhos brilhavam quando ele falava de uma nova música que estava compondo para a banda, ou de algum show que iria fazer no final de semana. Ele era curioso, queria dominar tudo que não conhecia, queria aprender tudo que não sabia. Isso a deixava maravilhada. A ideia de estar com alguém inteligente e apaixonado por conhecimento a fazia pensar nos grandes mistérios que iriam resolver juntos e nas grandes aventuras que iriam viver juntos.

- Você só me escuta – disse ele enquanto a observava.

"É agora" ela pensou. "Preciso fazer alguma coisa... Mas que coisa?" DEIXE ACONTECER, gritou uma voz de algum lugar em sua cabeça. E ela obedeceu. Fechou os olhos, limpou sua mente e a única coisa que escutou foi o barulho da natureza ao seu redor e uma estranha sensação. Relaxou. A próxima coisa de que se lembra é de estar segurando o rosto dele num beijo com as duas mãos enquanto ele a segurava pela cintura. Ali, bem ali naquela cidade pequena e sem graça que ela considerava ter parado no tempo, naquela praia que ela não ousava mergulhar e com aquele homem que ela fez de tudo para não amar. Ali era o lugar mais seguro do mundo.

- Eu não sabia o que dizer.

O que ela queria dizer com aquilo? É claro que ela sabia o que dizer, mas morria de medo. Era isso. Medo. Tinha medo de falar alguma coisa que estragasse o momento.

- O seu silêncio me diz muito – disse ele segundos antes de abraça-la e beija-la mais uma vez.

Dessa vez o beijo foi um pouco mais demorado e ambos se entregaram mais. Pareciam estar na mesma órbita, bem longe da terra. Nesse momento ela pediu a Deusa um sinal para ter certeza de que ele era sua pessoa e de que ela podia se entregar sem medo, mas logo repreendeu seus pensamentos por pensar assim. Ela não precisava de nenhum sinal. A sua aura dourada e o ponto de luz em cima dos ombros já diziam muito.