Capítulo 1

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    Dedicado A Rebecca (Becky).  Beca Gois,  Ana(Dos Audios) Obrigada. 

   Pov – Gabriela

Ando de um lado para outro no corredor do hospital. Adoraria fazer uma oração. Apenas não consigo me lembrar de nenhuma no momento. Espero que Deus não fique chateado com minha pouca memória.

―Posso vê-la? – Pergunto ao médico quando ele se aproxima.

―Ela está acordada. Você já pode entrar.

―Obrigada doutor. – Eu o abraço. Ele não corresponde um tanto chocado com meu comportamento invasivo. – Desculpe. Eu... eu... como ela está? – Essa devia ter sido a primeira pergunta, provavelmente bem antes do abraço. No caso eu nem devia abraça-lo.

―Correu tudo bem. Fique com ela, vamos acompanhar a evolução do quadro.

Não gosto da resposta. Eles têm uma aula na faculdade só para aprenderem a dar desculpas. Acompanhar a evolução do quadro quer dizer absolutamente nada e tudo ao mesmo tempo.

Era assim no tempo da minha mãe, as mesmas notícias até que ela morreu, meu pai foi apenas rápido, um fulminante ataque do coração, eu nem lembro bem. Tinha nove anos.

Respiro fundo na porta do quarto. Tenho que parecer tranquila. Carina é muito perspicaz. Vou entrar, sorrir, conversar um pouco e fingir que está tudo bem e sou bem forte. Abro a porta, passo para dentro sem olhar para ela. Fecho a porta lentamente ganhando tempo, depois me volto e a vejo deitada na cama, pálida e abatida, com um sorriso fraco no rosto.

Não contenho o choro. Me junto a ela no meio dos meus soluços, ela me abraça e escuto seu riso.

―Para de chorar Gabriela! – Ela ralha comigo e me afasto. Sento na beira da cama secando o rosto. – Estou bem. – A voz é tão fraca. Balanço a cabeça concordando.

―Eu sei.

―E a Isabella?

―Deixei ela na escola antes de vir. Deve estar dormindo na carteira agora. Ficamos acordadas vendo televisão quase a noite toda.

―E você?

―Estou aqui. Louca para que saia desse hospital.

―Obrigada. – Ela aperta minha mão. Minha amiga, minha única amiga. Uma irmã que cuidou de mim quando precisei.

―Não pode me agradecer. Somos como irmãs e sem você eu nem sei o que seria de mim. Me ajudou quando minha mãe morreu. Cuidou de mim.

―Antes sua mãe fez o mesmo por mim. Cheguei na sua casa sozinha, com a roupa do corpo, pedindo um quarto para uma noite e ela me recebeu como filha. Me deu você. Virou minha irmãzinha. Você tinha dez anos Gabriela, sua mãe te criava sozinha e achou um jeito de ajudar uma estranha. Eu já tinha idade para me virar. Vinte anos.

―É isso. Assim que somos, mamãe te ajudou e você me ajudou. Agora estamos aqui. Nós duas e sua filha. No momento dormindo na sala de aula.

―Ela está bem? Teve dores? – Nego muito rápido. Carina fecha os olhos um momento. – Não diria de todo modo. Como foi a entrevista de emprego? – Ela decide mudar de assunto.

―Cada pergunta chata! Eu fui lá e respondi as perguntas e eles ficaram de me ligar. Não sei, talvez...

―Vai dar certo. – Ela incentiva apertando minha mão. – Está tão linda. Devia se arrumar mais assim. Já teria um namorado. – Faço careta, ela ri. – Sinto saudade de quando era pequena e estragava todos os meus namoros. Bom, você estragava os seus também.

Série Família De Marttino - Coração de Gelo (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora