CAPÍTULO VIII - OS PÂNTANOS COMPRIDOS

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As palavras do ancião conseguiram esfriar os ânimos do grupo, mesmo sem entenderem o que ele quis dizer. Uma dose de insanidade maior fez apenas que Rusel percebesse que seria loucura reagir ali, dado o fato que ele estar em menor número.

No dia seguinte, o grupo trocou os restos da embarcação que eles possuíam com mais algumas moedas de ouro por uma canoa menor para continuarem seguindo viagem pelo rio em direção ao pântano.

Passando a Escadaria de Girion, a comitiva se vê remado para o sul no interior dos Pântanos Compridos, uma área até hoje considerada em grande parte inexplorada e perigosa, evitada até mesmo pelos homens do lago e elfos-jangadeiros mais curiosos. O terreno por toda a extensão do vale fluvial era plano e palustre, e uma névoa densa costumava aparecer de manhã, praticamente impossibilitando que os viajantes seguissem uma trilha por terra. Avançava-se melhor de barco, pelo rio, mesmo quando o curso se tornava tortuoso, divagando às vezes entre centenas de meandros. As águas do rio eram mais rápidas na primavera do que em outras épocas do ano, por causa do degelo nas montanhas distantes.

No interior da Floresta das Trevas, aproximadamente 40 quilômetros ao sul do lago, o rio entrava pelo dossel oriental da Floresta. As copas sombrias das árvores pareciam calar a natureza e seus ruídos, o zumbir dos insetos e o chilrear dos pássaros. A natureza opressiva e deprimente do lugar fazia todos questionarem o porquê de aceitarem a missão.

A comitiva entrou no pântano e a navegação ficou mais difícil, pois os galhos pendentes e as raízes submersas criaram obstáculos inesperados. Fosco, junto ao leme, lembrou-se que por sua causa um dos membros do grupo já não se encontra entre eles e assim deu o máximo de si, conseguindo desviar de todos os obstáculos e impedindo que o barco ficasse preso na lama ou num emaranhado de galhos mortos.

Praticamente um dia se passou neste brejo fétido e imundo e ninguém conseguiu uma pista sequer do paradeiro dos anões. Entretanto, Torâk percebeu que já fazia algum tempo que eles estavam sendo seguidos...

Elfos! Com seus arcos apontados diretamente para o grupo! Antes que qualquer um pudesse tomar qualquer tipo de reação, elfos, com cara de poucos amigos, surgiram dentre as árvores pitorescas. Seus arcos estavam apontados diretamente para cada um dos membros da equipe de busca e um deles, que parecia ser o líder, tomou a dianteira e perguntou rispidamente:

— Quem são vocês e o que desejam por estas bandas? Forasteiros ...

Kahall, com a ameaça de uma flecha o atingir levanta as mãos mostrando que não segura nada que os afronte. Esperava que outro explicasse o que estava acontecendo por não ser bom com palavras. Rusel, ainda indignado com os acontecimentos do dia anterior, apenas aguardou, com uma mão na sua espada e outra pronta para erguer seu escudo pavês. 

— Respondam agora ou serão presos! Argh! O cheiro deste pântano ainda consegue ser pior que o cheiro de anões  — insistiu o elfo direcionando o olhar para Torâk.

Torâk segurou firme sua besta e serrou os dentes para responder ao elfo. Foi impedido pelo hobbit, que colocando a mão no ombro do companheiro, tomou as vezes:

— Meu nome é Fosco Campestreito e esta é minha equipe de busca. Talvez você julgue as pessoas por sua estatura, mas nós damos valor a todo ser que caminha sobre essa terra. Estamos atrás de mensageiros anões, desaparecidos já há algum tempo. Se não vão nos ajudar, pelo menos deixem-nos passar. Não me importo se desejarem que esse pântano nos engula! 

O elfo voltou seus olhos para o pequeno e disse:

— Sou Galion, patrulheiro por ordem do rei élfico Thranduil. Se não fossem por anões e hobbits eu ainda estaria servindo o meu senhor em salões reais ao invés de ficar o dia inteiro atolado na lama até o pescoço neste lugar fedorento. 

Senhor dos Anéis - A Lenda Dos Anéis PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora