Capítulo 20- Inacreditável

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GAEL

Não acreditei quando vi Nina entrando na minha casa minutos depois que as primeiras pessoas começaram a chegar para a festa. Não que eu não a tivesse convidado, eu era um idiota e sim, eu tinha feito isso, mas eu nunca pensei realmente que ela viria.

Na noite em que eu e o Iam ficamos bebendo demais e conversando no bar do hotel, logo após decidirmos fazer uma festa, Nina apareceu no restaurante e se dirigiu direto para nossa mesa. Como não a vi chegar, uma vez que estava virado de costas para a entrada, ela nos pegou exatamente combinando os detalhes do que precisávamos organizar, então me pareceu que seria indelicado da minha parte não convidá-la também. Mas se por algum segundo eu tivesse realmente acreditado que ela aceitaria o convite mesmo depois de tudo que aconteceu, com certeza nunca teria convidado.

Apesar de alardear que estava fazendo tudo isso em prol do meu melhor amigo deprimido, a verdade era uma só, essa festa tinha o único propósito de fazer com que Íris fosse até a minha casa. Eu sabia que se simplesmente a convidasse, ela jamais toparia ir, então a festa era uma desculpa perfeita. Assim que conseguisse que ela estivesse lá eu pretendia garantir que ela não saísse de lá tão fácil, pelo menos não até que tivéssemos nos acertado. Era uma meta, até o final do dia eu a teria de volta, eu iria até o fim com isso.

Mas certamente não estava nos meus planos que a primeira imagem minha que a Íris tivesse ao chegar na festa fosse com a Nina me abraçando ou pelo menos tentando. Assim que a Nina veio falar comigo deu pra ver que em sua cabeça o meu convite pra ela tinha sido algo especial. Ela acreditou que eu a convidará para acertar as coisas entre nós, isso ficou claro quando ela entrou e correu pra me abraçar. Como ela ainda podia pensar assim depois de tudo era um mistério pra mim, algumas pessoas simplesmente gostavam de viver uma mentira. Eu definitivamente não queria magoá-la mais, só que não havia a mínima chance de deixar que ela atrapalhasse meus planos.

Como na maioria das vezes, o destino não estava a meu favor, já que a Íris passou pela porta poucos minutos após ela, o que não me deu tempo para me livrar dos braços de polvo da Nina antes que ela visse. A única coisa boa nisso tudo foi o olhar que Íris me lançou no momento em que nos viu, com certeza aquele brilho nos seus olhos era de puro ciúme, eu tinha certeza disso, vivia com esse sentimento quando estava perto dela, e saber que ela sentia isso por mim meio que liberou uma enorme bola de felicidade no meu estômago. Ela tentou disfarçar, olhando rapidamente para o lado e depois acenando para mim da forma mais indiferente que conseguiu, mas o brilho ainda estava lá, e eu não consegui impedir o sorriso bobo e enorme que se instalou no meu rosto.

Íris se virou e saiu apressada seguida de perto por Júlia, deixando pra trás um Iam tão atordoado quanto eu. Por mais feliz que eu estivesse, era hora de concertar as coisas e colocar meu plano de novo nos trilhos, começando com afastar os braços da Nina de mim.

- Oi Nina, que bom que você veio. - eu digo sem nenhuma emoção, mal conseguindo disfarçar meu desagrado, enquanto vou tirando seus braços de mim, deixando claro que o lugar deles não era ali.

- Aquela era ela, não era? Quer dizer, aquela é a garota que você não consegue esquecer? - ela perguntou, me surpreendendo.

- Aquela é a garota que eu amo Nina, que eu sempre amei. - eu digo com firmeza, sabendo que isso vai machucá-la, mas que é necessário.

- Eu entendo, vi vocês no lual e na praia. - ela diz parecendo confusa e constrangida. - eu só..., eu pensei que nós...

- Nina, não existe nós. Na verdade nunca existiu, pelo menos não pra mim. E eu sei que sou um merda por isso, que o que eu te fiz foi errado. Mas eu tentei de verdade gostar de você! Eu queria muito que tivesse dado certo entre nós, você é uma menina maravilhosa, e merece um cara que te queira muito e de verdade. Mas esse cara não sou eu. E eu sempre soube disso, nunca houve mais ninguém pra mim, meu coração sempre foi dela, e sabendo disso como eu sabia, eu jamais deveria ter me aproximado de você. Você pode me perdoar?

-Mas vocês não estão juntos, estão? - ela pergunta ignorando a minha pergunta pra ela.

- Não, nós não estamos. Mas eu pretendo mudar isso em breve. - eu digo confiante.

- Ela não te quer, nunca te quis, fugiu de você. E mesmo assim você continua a correr atrás dela como um cachorrinho. - ela diz sem disfarçar a raiva que sente por mim.

- Olha Nina, eu sei que você está com raiva e eu aceito isso. Mas nada disso te diz respeito. - eu digo também sem controlar a amargura em minha voz, afinal ela tocou no meu ponto fraco.

- Você tem razão, eu não tenho nada com isso. Boa sorte com essa garota que nunca te quis, Gael. Você merece isso mais do que ninguém! - ela diz com a voz cheia de sarcasmo e mágoa enquanto se vira e sai apressadamente pela porta.

Nesse momento eu sei que mereço todo o seu ódio, e que eu fui um idiota por usá-la. Mas eu não passo muito tempo pensando nisso, afinal tenho um plano pra colocar em andamento.

Mal D'amore #Wattys 2017Where stories live. Discover now