III. A Sala Escura

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Toc.

Ruby girou a cabeça devagar. Ainda assustada.

Toc.

Ela sentiu um arrepio que lhe cobriu a espinha.

Toc.

A pessoa tinha um andar quase em surdina, mas bastante compassado de quem parece agraciar o chão com a honra de sentir o toque de seus pés.

Toc.

O último som da bengala contra o chão fez o coração de Ruby dar um salto. Ela pulou do lugar, completamente aflita e de olhos arregalados para aquela escuridão que a rodeava. As colunas de som reproduziam os batimentos cardíacos que vinham do seu peito, o que a deixou ainda mais perplexa por se ver tão exposta. Seu medo abocanhado estava escancarado por toda Sala Escura. Respirava quase sem pausas, as folhas de papel em suas mãos quase amarrotadas e levantadas para o ar como sua única arma de combate.

Escutou um riso tão gutural que lhe gelou a alma. Vinhas das profundezas da garganta alheia, era pausado e irónico de um modo que ela não soube descrever. Sentiu as pernas estremecerem, um fio de suor escorreu por sua coluna. Os olhos giravam sem parar, mas não conseguiram encontrar o dono daquela risota pavorosa digna de um Óscar para melhor vilão.

Setzen Sie sich!

Ruby soltou um grito ao ouvir aquela voz que parecia tão próxima de si. Rodou no lugar, sem conseguir decifrar aquelas palavras. Quase perdeu a respiração por alguns segundos, já tinha imaginado um infinito de variedade de coisas que poderiam lhe acontecer naquele lugar que sequer sabia a localização.

─ Quem.. Quem é? ─ Era péssima a disfarçar emoções, principalmente quando toda sala reproduzia as batidas aceleradas do seu coração. Sentiu frio, muito frio.

─ Eu disse para se sentar. ─ Traduziu. A voz possuía um forte sotaque alemão como se juntasse as letras ao falar, sem deixar de arrastar o "r" pelo caminho. Era como a de um galã dos filmes, cheia de um poder que dominou todo aquele lugar. Profunda e bonita demais para ser normal.

Ruby demorou a entender, parecia que ele tinha dito algo como: "parracisentarr". Contudo, suas pernas grossas cederam quase em automático e quando deu por si estava sentada na cadeira confortável e luxuosa.

─ Mr. Dark? ─ Ela chamou baixinho. Já tinha visto em alguns seriados que tentar criar algum vínculo com um possível algoz, era uma boa tentativa de conseguir sobreviver. Não fosse ser um sádico psicopata que tortura suas vítimas antes de as matar.

─ Sim?

─ Irá me fazer algum mal?

De novo aquelas risadas cruas que poderiam despir qualquer alma. Ruby não queria sentir a curiosidade que começou a evoluir dentro do seu peito, misturada ao medo, tudo parecia se tornar ainda mais interessante.

DILACERADO [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now