1. Adam

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[Foto do Adam na média!]

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Como já disse, as aparências aqui, enganam. Quero dizer, quem diria que o misterioso rapaz que se senta ao meu lado nas aulas de Literatura Inglesa ia todas as noites roubar o supermercado da zona, porque o dinheiro que tinha não era suficiente para pagar a renda da casa e para se alimentar?

No primeiro dia de aulas, quando ocupara o lugar ao seu lado, o único vago em toda a sala de aula, Adam lançara-me um olhar desconfiado. Nascera na Austrália, segundo o que me contaram, mas mudou-se para Filadélfia com o pai quando a mãe fugira de casa. A sua aparência era aquela que eu costumava associar ao capitão da equipa de Futebol da escola, mas pude notar que, quando ele passava nos corredores, todas as coscuvelheiras da escola começavam a segredar umas com as outras e a olhá-lo com alguma superioridade, talvez para o intimidarem. Mas, daquilo que eu conseguira perceber de Adam, a sua paciência para este tipo de coisas era muito pouca, e então apenas o via continuar a andar como se nada tivesse acontecido. 

Não penso que alguém alguma vez tenha tentado falar com ele. Mas Adam também não era o tipo de pessoa que gostasse de socializar, apercebi-me eu. Ao almoço, afastavasse de toda a gente, sentavasse na mesa mais distante de todo o barulho e gargalhadas que enchiam o refeitório, e comia, acabando antes mesmo que tivessemos tempo de reparar nisso.

Com a sua aparência fisíca, eu perguntava-me como é que ele não tinha todas as raparigas da claque da escola atrás dele. Com o tempo, apercebi-me de que tinha, mas que não queria saber de nenhuma delas. Também lhes dava com os pés.

Estar ao pé daquele que parecia ser uma escultura feita por deuses não era fácil para alguém como eu. Não é que eu não fosse bonita, mas os óculos que eu usava eram demasiado grandes para a minha cara, e o meu aparelho dentário não me favorecia em nada. Felizmente a minha mãe dissera que quando eu fizesse 17 anos, poderia começar a usar lentes de contacto. Mas até então, tenho de me limitar a olhar Adam à distância.

Apesar de tudo, ele não parecia ficar minimamente incomodado com o facto de eu olhar para ele. Foram várias as vezes em que ele me apanhou a fazê-lo, mas nunca fora desagradável nem me insultara.

Mas sim, o assunto dos roubos. Não sabia muito à cerca disso; até podiam ser apenas romores tipícos de uma escola secundária na América. Mas algo no olhar de Adam me dizia de que aquilo era verdade, e de que era bem capaz de o fazer... pela sua família.

Quando acordei naquela mahã fria de Outono, não me quis levantar da cama. Não gostava de sair quando estava a chover, mas infelizmente tinha que o fazer, tinha de ir para a escola. Pousei os meus pequenos pés no chão de madeira, e arrastei-me, com grande pesar, até à casa de banho. Lavei a cara e peguei na escova, penteando o meu longo cabelo castanho-escuro. Pus lápis e um pouco de rímel, e peguei nos meus óculos, pondo-os na minha cara. Escovei os dentes, e depois olhei para o meu reflexo no espelho.

Estava ainda mais pálida do que habitualmente, e os meus olhos, do mais pálido dos azuis que que normalmente se encontravam brilhantes e cheios de vida, estavam hoje baços e tristes. Provavelmente era por causa do tempo. Acontecia sempre. 

Peguei na minha mala e desci, indo até à cozinha. O meu pai já tinha saído, e a minha mãe estava a fazer panquecas. Pousei a mala na mesa e aproximei-me dela, dando-lhe um beijo na bochecha. A minha mãe voltou-se para mim por uns momentos e sorriu-me. "- Bom dia, anjo." 

"- Bom dia, mãe. A Jesse já acordou?" - Perguntei eu, referindo-me à minha irmã mais nova.

"- O teu pai já a levou ao infantário. Hoje somos só nós as duas a tomar o pequeno almoço." - Colocou duas panquecas em cada prato e retirou o molho de uma das gavetas. Colocou-o em cima das panquecas e passou-me um dos pratos. "- Que tal está a correr a escola?"

Hesitei por uns momentos, mas optei por dizer a verdade. "- Normal. Ainda não tenho ninguém a quem possa chamar de "amigo", se é isso que queres saber. Mas o rapaz que se senta ao meu lado nas aulas de Literatura Inglesa parece-me ser simpático." - Tentei falar de Adam sem corar muito, coisa que, infelizmente, estava a tornar-se difícil de acontecer, para grande vergonha da minha parte. A minha mãe sorriu. "- Alguém com quem o pai se deva preocupar?"

"- Provavelmente não." - Acabei de comer as minhas panquecas e deixei o prato na banca. "- Tenho de ir, se não ainda perco o autocarro. Tem um bom dia mãe." - Dei-lhe um beijo de despedida na cara, peguei na mala e saí, mas ainda a ouvi dizer "Tem um bom dia, meu amor.".

A chuva tinha acalmado um pouco, o tempo suficiente para eu ir de casa até à paragem sem ficar com vontade de trocar de roupa. Quando o autocarro parou, fui a primeira a entrar, e sentei-me num dos bancos livres do lado da janela. Peguei num livro que trazia na mala, e comecei a ler. 

"- 'O monte dos Vendavais', de Ellis Bell?" - Ouvi uma voz ao meu lado perguntar. Só aí que me apercebi de que realmente tinha sentido alguma movimento no banco ao lado do meu, cerca de duas paragens antes.

"- Ahm... Sim. Gosto dos clássicos." - Respondi, sem me ocorrer mais nada para dizer, e só aí olhei para o rapaz que se encontrava ao meu lado. Reconhecia aquele sotaque de algum lado, e...

Adam.

Corei. Pelo menos, acho que corei. Ele lançou-me um pequeno sorriso, olhando ora para mim, ora para o livro.

"- Chamaste China, não é?"

Oh, ele sabe o meu nome.

"- S-sim. Adam, certo? Não eu... tu." - Oh meu Deus, isto está-se a tornar extremamente embaraçosos. Faz alguma coisa! Ri nervosamente, tentando afastar todos os pensamentos embaraçosos que me atrevassavam a mente naquele momento. Ele soltou uma gargalhada profunda, até que falou de novo. "- Sim. Adam." - Os seus olhos azuis cor do mar cruzaram-se com os meus por uns momentos, fazendo-me corar ainda mais. Baixei o olhar para o livro de novo, tentando que ele parasse de falar comigo. Não que eu o quisesse, mas apenas não estava em condições de falar com alguém como ele. Não naquele momento.

Ele pegou nos fones, colocou-os nos ouvidos e pôs a música alta, e aquela foi a primeira e última conversa que tivemos naquele dia.

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N/A - Bom, olá a todos!!

Peço desculpa por só ter feito agora um update, mas o meu computador está com uns problemas, e a escola e assim não tem ajudado...

Mas bom, aqui estou eu, com o primeiro capítulo, e espero que gostem! Por favor, deixem as vossas opiniões nos comentários, votem ou então simplesmente leiam e pensem para vocês "mas que merda é esta?". Eu não me importo. 

Inês Santos

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⏰ पिछला अद्यतन: Apr 07, 2014 ⏰

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