Capítulo 37

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POV Hopper

- Sinto muito. – Senhor Walker carregava uma feição completamente desolada na face e não conseguia de forma nenhuma me encarar nos olhos.

- Não pode ser! A minha menina era esperta demais para se deixar ser pega, me recuso a acreditar nessa sandice que você teve a cara de pau de vir jogar na minha cara!

Eu também não queria acreditar, mas o corpo dela veio durante todo o tempo me assombrando no voo. Apenas deixando claro que deveríamos ter feito tudo enquanto podíamos, porque literalmente o amanhã poderia não chegar. Meus pensamentos foram desde as coisas mais absurdas até as mais depressivas, pensando que nunca mais veria seu sorriso e a dor que eu estava sentindo não era pelos dois tiros que tinham me acertado, com o machucado ainda em cicatrização; era por sentir uma saudade que nunca se acabaria.

- O senhor precisa liberar o corpo. – Falei e notei o quanto aquilo estava sendo difícil pra ele.

Mas, infelizmente, eu não tinha qualquer ligação com ela, oficialmente. Apenas sua família poderia fazer o que era necessário para que Em tivesse um funeral e enterro dignos de uma pessoa que serviu por vários anos seu país. E o pior de tudo, morreu por ele. E nesse caso, nenhuma menção honrosa poderia trazê-la de volta.

Levantei da cadeira, antes que toda a dor que eu estava sentindo, saísse de mim e me fizesse desabar sob minhas pernas, assim como eu via seu pai fazer na mesa do escritório.

Eu sabia exatamente como ele se sentia e se fosse tão grande quanto eu imaginava, deixa-lo um pouco sozinho poderia amenizar todas as coisas que queria fazer consigo mesmo.

******

Minha casa estava quieta, totalmente escura e eu mancava consideravelmente, tentando subir as escadas para o segundo andar. Não aguentava mais ficar na sala, onde eu podia ouvir a sua risada ecoando em todas as paredes do ambiente e a via nitidamente jogando vídeo game ao meu lado, tirando sarro das minhas habilidades horríveis no jogo.

Nunca, desde quando comprei essa casa, tive a vontade de vende-la, mas essa ideia estava passando pela minha cabeça, ainda mais quando eu pensava que no quarto as lembranças seriam muito mais fortes e dolorosas.

Como eu poderia sequer continuar achando que tudo ficaria bem, quando eu sabia exatamente que não?

Seria impossível deixa-la ir, todas as vezes que eu olhasse no meu closet e notasse as suas poucas roupas penduradas e arrumadas em um canto à parte, tudo em mim se lembraria e entraria em choque com a realidade.

Em tinha ficado comigo uns dois meses aqui em casa e foram os melhores dois meses da minha vida.

Como esquecer algo assim?

Eu tomei aqueles tiros por ela e não me arrependi em momento nenhum por tê-lo feito, se repetir isso pudesse trazê-la de volta aos meus braços, eu faria em um piscar de olhos e sem sombra de dúvidas, sorrindo como um idiota. Nunca senti o que nutria por ela, por outra pessoa e qualquer coisa que eu pudesse fazer, eu faria. Já tinha decidido abandonar tudo e esperava que ela fizesse o mesmo, mas a notícia do seu desaparecimento e logo depois da sua morte, foi como uma faca sendo cravada aos poucos no meu peito. Onde eu sentia que qualquer chance que eu tinha de ser feliz, havia acabado de dar o fora, me deixando para lidar com meus medos sozinho.

Debati e briguei com todos que queriam que eu ficasse internado, para monitorar os ferimentos. Não entendiam que o pior era dentro de mim e que o superficial se curaria rapidamente. O melhor era ficar na minha casa, ou a minha raiva por estar impotente em uma cama de hospital, tomaria conta de tudo e eles não queriam ver essa parte minha.

AustinWhere stories live. Discover now