Faf

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Alice se aproximou da garotinha de vestis branca e rasgada, e disse:

— Ola. Qual é o seu nome?

— Enny... Enny Faf. — respondeu a menina que erguia a boneca.

— Que nome lindo, eu me chamo Alice.

Enny em sua vez não disse nada.

— Onde estão os seus pais? — perguntou Alice para Enny.

— Papa esta preso e mama esta se preparando para brincar... — disse Enny com uma voz séria e direta.

— Você esta sozinha? — perguntou Alice.

— Sim, mama sempre deixa Enny sozinha, quando mama esta se preparando para brincar...

— Perto do poço é perigoso, vamos um pouco mais pra lá? — perguntou Alice.

— Mama nunca deixa Enny brincar... — falou Enny, ignorando totalmente o que Alice disse. —Mama só deixa Enny assistir ela brincando, Enny não pode brincar.

— Se você quiser, nós podemos brincar. — sugeriu Alice.

— Enny quer brincar com Alice, mas mama não deixa Enny brincar, mama não deixa... — Enny recusou a sugestão de Alice.

Com um pouco de pena de Enny não poder brincar, Alice voltou a insistir na ideia:

— Sua mãe não vai ver, então a gente pode brincar.

— Enny não pode desobedecer a mama, Enny não pode... — prosseguiu — Quando mama deixar Enny brincar, Enny vai brincar com você! — quando Enny falava isso os cabelos que tapavam a sua face se mexeram de um modo a qual parecia que ela estava sorrindo.

— Verdade, não se deve desobedecer a nossa mãe. — concordou Alice, passando a mão nos cabelos de Enny e jogando-os para trás.

Alice pode perceber que a garota que segurava uma boneca de pano — em sua mão esquerda— estava gelada como um cadáver, sua face era pálida como a neve e os seus olhos estavam completamente branco, como se não houvesse alma em seu corpo; nesse exato momento Alice sentiu um frio em sua espinha, e todos os pelos de seu corpo se arrepiaram.

Seu coração disparou e Alice levou outro susto, quando ela ouviu um barulho vindo à poucos metros por de trás dela.

Olhando rapidamente para trás, Alice pode perceber que era apenas uma ratazana preta e gorda que estava correndo em direção a um buraco que se encontra a poucos metros da casa.

Voltando os olhares aonde ela olhava anteriormente, Alice notou facilmente que Enny não estava mais por lá.

Alice então olhou para dentro do poço e usou o seu celular para clarear, mas como a claridade do celular não era tão potente, o celular nem pode clarear muito fundo. Mesmo assim Alice concluiu que se Enny tivesse caído dentro daquele poço, ela iria ouvir o barulho da garota gritando ou algo do tipo; assustada Alice voltou para casa correndo.

Comparando o lado de dentro pelo que Alice acabou de vivenciar, Alice ficou surpresa de como o exterior da casa consegue ser mais assustador do que o interior.

— Alice, você chegou bem na hora que eu coloquei o jantar. — falou Helena quando viu Alice entrando. — Sentisse querida, eu já coloquei a sua comida. Espero que você goste.

— Helena, onde eu posso lavar as minhas mãos para jantar? — perguntou Alice.

— É logo ali no fim do corredor á direita. — respondeu Helena.

Abrindo a porta do banheiro, Alice não pôde deixar de notar que o local tinha as cores pretas e vermelhas com abundância — igual aos outros cômodos dessa casa — o chão estava todo molhado e o cheiro de mofo amolgava-se com o cheiro terrível de urina que agora dominava o odor desse ambiente.

Não sabendo onde se ligava a luz, Alice lavou as suas mãos rapidamente no escuro mesmo, para poder sair daquele lugar o mais rápido possível.

Finalmente Alice sentou-se a mesa e pegou o prato de comida que já estava lá em cima à sua espera.

A comida não era muito convidativa, pois tinha uma aparência estranha como se fosse uma sopa feita de sangue velho e órgãos de animais, e ainda tinha um cheiro terrível de fluídos de animais com um toque de ferrugem.

Provando a comida Alice percebeu que a aparência e o odor daquele alimento traziam a prova do seu paladar.

— Então querida, o que achou da comida? — perguntou Helena, que também estava sentada à mesa e jantando.

— Achei meio diferente. — respondeu. — Isso daqui é o que? — perguntou Alice bem curiosa.

— Isso daqui é sopa de cérebro, tripas e sangue de bode! — falou Helena com um tom de voz super alegre. — Foi a minha amiga Fátima quem me ensinou... Graças a ela eu aprendi aproveitar os bodes das oferendas que eu faço para o Exu, e muito mais coisa. — continuou — Você precisa conhecê-la.

Percebendo que Alice não estava comendo, Helena perguntou:

— Alice, você não gostou da comida não?

— Não é isso não, é porque eu sou vegetariana. — disse Alice mentindo para não poder comer aquilo.

— Me desculpa Alice, eu não sabia. — disse Helena com a borda da boca toda suja de sangue de bode. — O pior é que eu só vou poder fazer compras amanhã de manhã.

— Tudo bem, eu não estou com muita fome não. — falou Alice novamente mentindo, pois ela estava faminta. — Helena, você mora sozinha? — perguntou, para trocar de assunto.

— Não, eu moro com você e com meus filhos. — respondeu Helena.

— Legal você tem filhos, eu não sabia.

— Sim eu tenho dois, dois pequeninos. — disse a tia de Alice.

— Onde estão eles?

— Eles estão no meu... É melhor não falarmos nisso, porque é um assunto meio delicado.

Após acabar de comer, Helena limpou o resto de sangue, celebro e tripas de bode que estava em suas mãos e em volta da sua boca na toalha da mesa que ela e Alice estava sentada.

— Alice, eu vou lá à seita, mas vou voltar só de madrugada. — disse Helena quando pegava os pratos e colocava-os em cima da pia. — Você vai ficar bem?

— Vou ficar bem sim, mas você vai aonde mesmo? — perguntou Alice não entendendo bem aonde Helena disse que ia.

— Lá na seita satânica. — continuou Helena. — Como você vai ficar aqui até seus pais saírem do hospital, eu quero que você se sinta em casa. — disse Helena quando pegava uma bolsa preta de cima do sofá.

— Tudo bem, e obrigada. — disse Alice meio arrependida de ter perguntado.

— Tchau Alice. — falou tia Helena quando abria a porta para sair. — Quase me esqueço... Alice, você pode fazer o que quiser, mas não quero que entre no meu quarto em hipóteses alguma.

— Ta bom, Tchau Helena. — disse Alice muito curiosa da proibição, mas ela preferiu não se arrisca de perguntar e ouvir coisas desagradáveis.

Alice ficou escondida espiando Helena pela janela, até perder ela de vista, por causa da distância.

Não perdendo tempo, Alice correu para o quarto de Helena para saber o porquê que ela proibiu-a de entrar.

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