Os Rastros Dos Nossos Pecados

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ANASTÁSIA STEELE

Olho-me no espelho e é como se eu pudesse ver a sujeira que o pecado tem deixado em mim... Não é como a sujeira de ficar dias sem tomar banho, ou a sujeira de quando você cai em uma poça de lama... É sujeira que os seus olhos refletem. Aquele momento em que o pecado já é maior do que todas as coisas boas que existiram em você. Apenas isso. Apenas pecado e imundice. É isso o que os meus olhos dizem.

Eu lembro-me ainda da menina que eu fui um dia. Sabe aquela menina cujo é dita: A menina dos olhos de Deus? Sim, eu já fui ela, mas ai eu cai. Vieram os julgamentos. As pessoas me apontavam como se eu fosse uma leprosa imunda. Talvez eu fosse. Sujei-me com o pecado. E cai. Eu caí!

A menina dos olhos de Deus, agora era a menina cujo pecado habitava. De todas as formais possíveis eu via o pecado em mim. Primeiro veio o adultério... A fornicação. Eu entreguei meu corpo de todas as formas possíveis ao pecado. Não era correto, mas eu não tive alguém que me auxiliasse. Meus pais estavam ausentes demais para ver que A Menina Dos Olhos De Deus estava caindo.

Depois vieram os vícios... Há. Como eu amava aquela bebida fraquinha. Sabe aquela que só me deixava mais alegre? Hã. E aquela pedra? Ou aquele pó que só me deixavam na melhor vibe? Era só mais um... Eu só precisava de um momento a sós com meus próprios pensamentos. Essa sim será minha última vez.

Logo em seguida, vieram os furtos... E por fim: A MENTIRA.

Por que me preocupara com a verdade que uma hora chegará se eu posso inventar uma pequena mentira? Seria pequena, ninguém nem notaria. Mentira à toa.

As mentirinhas... Ficaram cada vez maiores... E ai... EU CAÍ! Afundei-me mais no pecado... E meus pais não estavam mais ali. A Menina Dos Olhos De Deus deixara de ser pura... E ninguém além de Deus a observava.

Deus.

Deus...

Sim. Deus.

Ele estava me observando.

Ele sempre estava.

Eu podia ouvir sua voz. Sabe? Ela dizia algo como: Não importa quem você é, Ele não desiste de você.

Mas eu caí!

Não dei ouvido a voz de Deus, e então... Eu já nem era mais A Menina Dos Olhos De Deus, mas sim, A Menina Onde O Pecado Habita.

Eu tinha todo para me reerguer... Mas eu não tinha apenas uma coisa: alguém que me mostrasse o que realmente deveria ser feito. Não como Deus, ele sempre estaria ali para me mostrar o caminho a seguir, mas eu tinha a carência, eu precisava das pessoas, mas eu estava sozinha... E foi na solidão, que eu me perdi.

Como me levantar quando tudo que tenho são espinhos que me cercam e a sombra do pecado que me assola?

Deus.

Mais uma vez, Deus, seria a minha resposta.

Era isso que papai sempre me dizia...

CHRISTIAN GREY

Olho-me no espelho e vejo o homem que me tornei hoje.

Aquele maldito homem desejado. Aquele mesmo que construiu todo um império. Sim, eu sou esse homem.

Christian Grey.

Mas o que é ser um Christian Grey? É ser alguém com um passado fodido. É ter a família perfeita e não saber lidar com isso. É todo dia ter que olhar no espelho e ver aquele menino de três anos. Aquele cuja mãe estava drogada demais para protegê-lo de todos os maus-tratos que sofria nas mãos do maldito cafetão. Aquele menininho de três anos que ficou dias em um apartamento com o cadáver da maldita prostitua viciada em Crack, porque ela preferiu morrer a proteger o filho.

Isso é ser um Christian Grey.

É ter o passado fodido e fingir que tudo está bem. Mas as coisas nunca estarão bem. Pelo menos não para um homem que é à sombra do pecado. Um homem que não sabe amar e não sabe receber o amor.

Um homem que tem tudo, e ao mesmo tempo nada. O homem vazio de amor, e cheio de nada.

Sim, esse sou eu, Christian Grey.

Ainda Me Amarás Amanhã?Onde histórias criam vida. Descubra agora