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Alguns anos antes

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Alguns anos antes

Todos cheiravam a álcool. Minha respiração podia incendiá-los.

E a cada toque de seus dedos em minha pele, a cada língua molhada deslizando por minhas curvas, por meu rosto, por toda minha perna, eu me sentia energizada, pronta para apenas suspirar sutilmente e tudo ao meu redor explodir.

Era esse o poder da Ceia, e eu era o prato principal.

Novamente.

Pela terceira vez só em setembro, eu estava deitada sobre a mesa onde acontecia a Ceia, e todos estavam em cima de mim, tentando me devorar sem de fato poder. Um ritual importantíssimo, no qual apenas os mais belos podiam se tornar o prato.

Uma mão passou por meus seios e subiu por meu pescoço; senti dedos finos acariciando suavemente meu rosto e então dois deles, frios, esguios e salgados, deslizarem para dentro de minha boca. Pude provar de suas digitais em minha língua. E eles desceram mais fundo, abri mais a boca, meus olhos lacrimejaram e a ânsia de vômito bateu. Tentei me afastar, mas eles não paravam de tentar chegar ao fundo de minha garganta. Tossi e segurei o braço a quem os dedos longos pertenciam.

- Sua desgraçada! - uma voz feminina irrompeu de repente, vinda de cima de mim, e todos pararam.

Andrea tentava enfiar todo seu punho em minha garganta. Esbugalhei os olhos até eles doerem.

- Ai meu Deus!

- Parem!

Todos se afastaram da gente, assustados e confusos, mas Andrea não. Ela pulou em cima do meu corpo, me fitando com seus olhos demoníacos sob as luzes vermelhas piscantes que velavam o ritual.

- Andrea, o que está fazendo?! - ouvi alguém gritar.

Eu segurava seu braço, impedindo-o de ir mais fundo e estourar minha garganta, mas sua força era terrível. Senti gotas de seu suor pingando em meu rosto.

- Tirem ela de cima dela! Vai!

- Façam alguma coisa!

Jindřich se aproximou da mesa e envolveu Andrea com os braços. Ela tirou os dedos de dentro de mim e começou a gritar, se debatendo. Eu suguei o ar com força e rolei para o lado, indo para longe dela.

- Me solte! Me solte! - Andrea gritava ensandecida. - Seus miseráveis eu vou matar essa vagabunda! Valentina! Valentina, sua aberração! Eu vou te rasgar sua desgraçada!

E virando-me para encará-la, vi um rosto perturbado e coberto de lágrimas, catarro e suor. Sob as sombras carmesim que cobriam o corpo nu de todos, Andrea sim parecia uma aberração.

 Sob as sombras carmesim que cobriam o corpo nu de todos, Andrea sim parecia uma aberração

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Joguei o capítulo surpresa e saí correndo!!
Tchauuu!
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