Capítulo 22

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Brian mal estaciona o carro na calçada em frente ao hospital e eu já pulo para dentro como uma reação natural de fuga, quero sair dali o mais rápido possível. Percebo que algumas pessoas que passam pela calçada me olham espantadas, sei que está escrito na minha cara que meu coração está partido ao meio. Quando fecho a porta do carro me sinto ainda pior, pois o motorista no caso Brian é meu ex e meu melhor amigo, mas não posso dizer o motivo real do meu desespero, até porque o tirei de seu trabalho para isso.

- Ana, o que aconteceu pelo amor de Deus, você quase me matou do coração, eu vim correndo tanto que devo ter levado muitas multas, e pior, eu nem pedi para o meu chefe para sair do escritório, quando eu percebi estava dentro do carro. O que houve Ana???? - a voz dele é angustiante e cautelosa, ele realmente estava muito preocupado comigo.

- Brian mil desculpas eu pensei que fosse desmaiar, eu sei que estou dentro de um hospital mas me sinto segura ao seu lado, parece que meu mundo ia desaparecer, que eu ia surtar. - minha voz está trêmula porque isso não é mentira, só omiti o real motivo.

Estou engasgada com o que Andrea disse, estou decepcionada demais, meu coração realmente está partido em um milhão de micro pedaços e isso não é drama, é real. Meu corpo está quente, minhas mãos não param de tremer, meus olhos estão cheios de lágrimas que estou me esforçando muito para que elas não comecem a cair. Como fui tão inocente? Tão burra ao ponto de confiar em uma pessoa que eu mal conheço ? Eu me apaixonei por ele da forma mais linda e pura possível, mas não era recíproco, Christian partiu o meu coração.

- Você está se sentindo melhor Ana? Posso te deixar em casa e voltar ao trabalho? - Brian está realmente preocupado, já estamos quase chegando em nossa casa, mas eu quero e preciso muito de um tempo sozinha para assimilar tudo, sofrer um pouco sem ter que dar satisfação a ninguém.

- Estou melhor sim, pode voltar ao seu trabalho, nunca iria me perdoar caso eu arruinasse seu emprego, além do mais eu vou melhorar.  - essas palavras são mais para confortar o meu próprio coração do que à Brian.

- Sua cara está péssima cabeçuda, espero que não tenha acontecido nada em seu trabalho. Vê se descansa um pouco, cheguei hoje de manhã da casa de meus pais e você já não estava em casa, deve ter acordado muito cedo. Dorme, vê televisão e deixe seu corpo voltar ao normal aos poucos.

Na verdade ele não me viu em casa porque eu dormi fora, mas não estou afim de conversar esse tipo de coisa com Brian agora, resolvo apenas consentir que vou dormir, me alimentar bem e tudo mais. Chegamos em frente ao nosso prédio, não vejo a hora de chegar na minha casa e deitar na minha cama, lar aquece o coração.

- Obrigada por ser você Brian, desculpa ter te preocupado a ponto de te fazer sair do trabalho feito um louco. Se chegar alguma multa por minha culpa, pode deixar que eu pago. Te amo muito ok? - me estiquei e dei um abraço apertado nele, depois saí do carro e segui meu caminho.

Abro a porta de casa, jogo a bolsa em cima do sofá, saio correndo pro meu quarto, tranco a porta mesmo sabendo que não tem ninguém em casa e começo a chorar descontroladamente. Por onde começar a organizar todos esses sentimentos e pensamentos que estão dentro de mim? MEU DEUS, como dói, nunca me decepcionei assim antes, dói no fundo da minha alma. Escuto o telefone da casa tocar mas não quero falar com ninguém e nem atender ninguém, meu celular também nem quero encostar nele, está na sala dentro da minha bolsa. Como eu fui burra, como eu sou ingênua, tudo o que aconteceu não passei de "mais uma" para Christian, pelo que entendi Andrea falar, MUITAS outras mulheres de dentro do hospital já estiveram com ele, no meu lugar. Como eu fui burra de acreditar em todo aquele papo furado de ser a primeira, até a empregada ele deve ter subornado para vir com aquele discurso de que ele nunca esteve tão feliz antes. 

Estou muito triste e com muita raiva, de mim por ter acreditado nesse teatro todo e dele por ter me feito de trouxa mesmo sabendo de todas as minhas fraquezas, dificuldades, sobre eu nunca ter transado estando sóbria e ser praticamente uma virgem indefesa. MERDA! Eu caí nos encantos dele, por seu porte físico, seu poder, sua beleza e lábia. Como pude me enganar tanto, acreditando que um homem como Christian realmente olharia para mim? Eu me apaixonei por ele e fiquei cega com toda essa situação. 

Cada lágrima escorre sem eu nem me esforçar para isso, estou soluçando em meio a todos esses pensamentos, por finalmente chegar à conclusão de que eu fui burra, uma completa idiota enganada por esse homem. O telefone não pára de tocar e imagino que Brian já foi fazer fofoca para Kath e pedir para que ela venha me fazer companhia, resolvo tirar o telefone da tomada para parar de encher o meu saco. Quer ficar em paz, em silêncio, sofrer logo tudo o que eu tenho que sofrer, já está decidido, pedirei demissão amanhã, vou me desmatricular daquela academia, não quero mais ter contato com ele, não quero cruzar com ele na minha frente. 

A campainha toca me tirando dos meus pensamentos, do meu sofrimento, nem sofrer em paz eu posso mais PUTA QUE PARIU. Tenho certeza de que é Kath pra poder ver se eu estou bem , com certeza Brian já manteve contato com ela. Que ódio. 

Vou atravessando o apartamento até chegar na porta da sala. Tento limpar as lágrimas, mas não adianta, estou com a cara inchada mesmo, não vou conseguir disfarçar com Kath, não mesmo. Abro a porta mas do outro lado tem um par de olhos negros desesperados, Christian está na minha frente completamente desnorteado.

- Ana... - antes que ele termine de falar, eu bato a porta, não quero ouvir o que ele tem a dizer. 

O Peso da Escolha CertaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora