Capítulo 1 😸

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03/01/2016 Busan - Coréia do Sul.

Aquele dia, estava realmente chuvoso. Trovões, raios e relâmpagos, cortavam o céu.

As pessoas que saíam de seus trabalhos, iam correndo para pegar um ônibus ou um táxi. Um dia horrível para os moradores de rua.

Em uma casa simples, num bairro simples, com pessoas simples. Sentada no pequeno e estreito sofá da janela e com um gato já adulto dormindo em seu colo, a jovem Swan, lia uma revista com imagens do outono. Sua estação favorita.

A chuva lhe incomodava, mas era saudável para as flores do seu pequeno jardim, então ela achava que a chuva servia para alguma coisa.

Em dias como esses, casais adultos estariam assistindo a um filme romântico, cobertos um cobertor e tomando um ótimo chocolate quente para esquentar suas gargantas.

Casais adolescentes, estariam por aí tomando um banho de chuva ou dando alguns amassos sem que os pais vejam.

Ao contrário deles, Swan apenas aproveitava seu último dia de férias com seu gatinho. As aulas iriam voltar no dia seguinte.

Já tinha seu material pronto, sua roupa para o primeiro dia pronta, seus tênis bem limpos, já possuía a chave de seu armário da escola e entre outras coisas.

Seus pais decidiram tirá-la de sua antiga escola pois essa foi fechada 2 meses antes do ano acabar. Uma aluna não-popular perdera a virgindade com um membro do time de basquete. Mas descobrira que ele não gostava dela e que havia dormido com ela para ganhar "pontos" com seus amigos. Assim ela se suicidou pulando do teto da escola na frente de todos.
Desde então a escola vai permanecer fechada por um longo tempo. Swan a essa hora, estaria comendo seus amados cereais coloridos com sua amiga, se ela estivesse viva agora.

Ouviu seu celular tocar, embaixo de uma almofada roxa, e como o barulho era altamente irritante, ela tratou logo de pegá-lo e atendê-lo.

—Alô? -disse após pôr o telefone entre-colado ao seu ouvido.

—Swan? Graças à Deus você está bem. -ouviu a voz extremamente preocupada de sua mãe, dizer do outro lado da linha. —Aqui no trabalho faltou energia, em toda cidade também. As portas estão trancadas? Está escuro demais?

Os olhos de Swan observaram a sala, escura, mesmo que tenha faltado energia, Swan já havia desligado antes, odiava gastar energia. Por isso, quase não mexia em seu celular para não descarregar e ela ter de pôr o carregador e assim, não iria gastar tanta energia.

Não mãe, não está escuro. -mentira. Ela mentiu. E muito bem pois ouviu sua mãe suspirar aliviada do outro lado da linha.
Agora vou desligar, o celular está em 98% e vai descarregar. Não quero gastar energia para carregá-lo de novo.

Você e essas suas manias de economizar energia. Tá precisando de um namora-

Tchau, mãe. -além de interromper a mãe, desligou sem que ela dissesse algo mais.

Jogou seu celular aos seus pés e olhou para seu gato, que lambia as próprias patas, de seguida, as passando na cabeça.

—O que você acha de ser meu namorado, Xiumin? -disse com tom de brincadeira, quer dizer, não é como se ele fosse responder. —A gente tá sempre junto. -continuou. —Mas você é um gatinho e eu uma humana.

Pegou o gato pelos bracinhos e pressionou a face dele contra seu rosto. Realmente, ela o mimava demais.

Ouviu a campainha de sua casa tocar, e tocar, diversas vezes sem intervalos. Bufou e se levantou com preguiça e ao mesmo tempo pressa para mandar aquela pessoa ir pro inferno só por estar lhe enchendo a porra do saco.

Andou até a porta principal, que ficava na sala, com seu gatinho ainda em seus braços. Abriu a porta. Encontrando um garoto com feição doce, cabelos verdes, e todo molhado.

—Demorou hein! -disse o rapaz entrando sem convite e logo tirando sua jaqueta molhada e a jogando no chão.

—Pode entrar, Açúcar. Fique a vontade pra jogar suas roupas pela sala e comer minhas balas de caramelo. -disse a morena, ironicamente ao ver o rapaz colocar três balas de caramelo que pegara em um pote de doces, na boca.

—Me sinto muito bem-vindo, obrigado. -falou o outro, irônico, se jogando no sofá macio e novo.

—Queria mesmo falar com você. -a morena pôs o gato no chão e se aproximou do rapaz, sentou em seu colo e ficou com seu rosto no pescoço dele. Um bebê num pedaço de mal-caminho.

O jovem"Açúcar", era nada mais nada menos do que um primo próximo de Swan, a mãe dela, sua tia, as vezes o mandava para fazer companhia a morena.

—Não diga, o gato tava se esfregando na almofada de novo? -falou o de cabelo verde, logo sentindo algo arranhar sua mão caída no sofá. Olhou quem havia o arranhado e viu um Xiumin bravo.

—Seu gato é o satanás, Swan. -disse-lhe ele sem tirar os olhos do gato.

—Você que é. Mas olha, minha casa não é nenhum lugar de ritual satânico então, sai daqui, diabo. Não quero mais falar com você, chato. -disse a morena, levantando do colo do primo e olhando para a janela ao longe, vendo que a chuva havia parado. —Você já pode ir.

O rapaz, sem muita escolha, suspirou e se levantou do sofá, pegando sua jaqueta do chão e a amarrando na cintura. Abriu a porta e saiu sem olhar para Swan, que estava com o nariz empinado.

A porta foi fechada brutalmente pela morena, que voltou a se sentar no sofá da janela. Seu gato veio ao seu encontro e pulou em seus braços.

—Eu gostaria de ter alguém pra conversar, Xiumin. Não adianta contar tudo pra você, você nunca vai responder de volta ou falar o que pensa. -ela acariciava as orelhas e passava a ponta dos dedos nos bigodinhos.

Xiumin, era um gato adulto, porém não crescera tanto. O pai de Swan, achava muito estranho ele viver tanto. Tinha 3 semanas de vida quando foi adotado, Swan tinha 6 anos, agora tinha 17. Talvez ele estivesse vivendo um pouco mais. 11 anos é incrivelmente raro para um gato.

O céu ainda nublado, estava escurecendo aos poucos, os últimos raios de sol atravessavam a janela, contra o rosto jovem de Swan. Seus cabelos lisos e castanhos caídos sobre os ombros, os olhos encarando o sol pela janela, estava tão apaixonada por aquele momento, que se alguém estivesse com ela, poderia ver o reflexo do sol se pondo pelos seus olhos.

O pôr do sol lhe lembrava sua amiga. Ela era alegre quando estavam sozinhas. Adorava conversar na escada de emergência, e ir pelo caminho da praia, vendo o sol se pôr como se estivesse em um mundo mágico. Swan lembrou de cada momento que passou com sua amiga, no dia em que a conheceu. Ela lembrou de quando estava sozinha no recreio do seu primeiro dia de aula, tinha 8 anos, e estava sozinha por ser novata. Foi aí que conheceu a primeira menina que se aproximou dela. Até que, com um empurrão de tristeza, a morena lembrou dos últimos segundos em que vira sua amiga viva.

Uma lágrima escorreu por seu rosto, com um brilho enorme pela claridade do poente. Parecia uma lágrima mágica e reluzente.

Chorou. Chorou muito como fez ao ver sua amiga com tanto sangue, caída no chão. Sem vida.

Ela não chegava a ser tão boa amiga como o gato Xiumin, mas era como uma irmã mais nova.

Park Joy, 15 anos, a antiga garota virgem de uma escola que agora estava fechada, se suicidou pulando do telhado.

Se Swan tivesse o poder de parar o tempo no momento em que Joy tinha os pés sobre o parapeito, ela o faria. Preferia ter morrido em seu lugar, somente para salvá-la.

Seus olhos se fecharam quando o pequeno gato começou a alisar o rosto nas mãos dela.
Dormiu. Profundamente. Dormia para esquecer a merda de sua vida. Dormia para esquecer sua melhor amiga morta. Dormia por medo de um pesadelo acontecer enquanto estava acordada. Dormia.

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[Capítulo sem revisão por falta de tempo, desculpe qualquer erro]         
















My Boy? My Hybrid [•]Xiumin[•]Where stories live. Discover now