O Mistério de Alice

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Seria aquele tipo de amor o que Alice sentia por ele? Aquele amor que a fez beijá-lo no meio do ônibus sem precedentes? Se sim, não seria algo mau para Watson.

— É assim que eu vou te passar a doença, trouxa — sussurrou Alice. — Plano brilhante, não?

— Então era só isso — Robin pensou. — É só parte do plano, nada mais. Acho que vou ter que esperar mais um pouquinho até amar alguém.

Os outros passageiros continuaram a vibrar infantilmente com a cena que estava acontecendo, mas foram cortados pelo professor e receberam a ordem de sair do veículo e se instalarem no hotel. Alice descia como se nada havia acontecido, como se não tivesse beijado alguém pela primeira vez. Robin estava nervoso como sempre, roendo as unhas e tentando entender o que havia acontecido.

Alice viu a ficha que haviam lhe entregado quando subiu no ônibus: Quarto 1707A, hotel Bleecker. Lembrou que não tinha perguntado com quem dividiria o quarto, de certa forma esperava que fosse com Robin, mesmo sabendo que isso não iria acontecer.

Tomou o elevador ao lado de Watson e os dois permaneceram estranhamente calados, pareciam até estranhos. O elevador parou no andar do garoto, mas este estava tão aéreo que mal percebeu.

— Robin, esse não é seu andar?

Ele olhou para a garota, depois viu as portas abertas e tomou um susto. Num salto, saiu cambaleando até a saída.

— Ei, Watson — falou a loira segurando as portas. — A gente conversa depois, okay?

— Conversar? Ah, é claro! É claro que vamos conversar. — Ele deu uma risadinha forçada, sem perceber que o elevador já tinha saído. — Somos amigos, então vamos conversar. Sobre coisas de amigos...

Olhou para cima, ainda rindo nervosamente, e percebeu que estava falando sozinho. Engoliu em seco e se virou para o seu quarto normalmente. Afinal, não era a primeira vez que falava sozinho sem perceber.

***

Alice ainda pensava no seu beijo. Ela tinha lido em algum lugar que isso aparentemente era uma demonstração importante de afeto, apesar de não compreender muito bem o conceito. Foi estranho para ela. Sentia-se bem, mas de um jeito diferente. Começou a pensar em Robin de outra forma, mas era claro, para ela, que nada de diferente aconteceria entre os dois.

O elevador foi subindo e as pessoas saindo paulatinamente dele. Apenas Louise Freeman e Bianca Smith, vulgo as vadias de Clarice, haviam sobrado. Perfeito! Iria dividir o quarto com pessoas mais imbecis que a própria imbecilidade. Não poderia ser melhor!

Entraram no local e despejaram as malas na cama. As duas olhavam para a loira com estranheza, mas esta apenas foi rápida e afastou sua cama da delas.

Pegou seu celular o mais rápido possível e foi mandar mensagens a Robin. Pediu que ele viesse urgentemente ao seu quarto para conversarem. Watson, quase que imediatamente, leu, respondeu e correu até o quarto de sua amiga, assustando os outros hóspedes do local.

— Robin, finalmente! — disse ela, abrindo a porta. — Era estupidez demais para um lugar só. Entra aqui comigo, temos que falar sobre algo.

— Ui! Vão fazer o quê, escondidinhos no banheiro? — provocou Bianca.

— Fazer sexo loucamente — retrucou Robin, fazendo a loira rir.

Fecharam a porta e ligaram as luzes do local. Foram para o cantinho do banheiro, para que as vadias não os ouvissem e eles se sentissem mais a sós.

— Então, Alice... O que queria falar?

— Hoje vamos ao Museu do Sherlock Holmes, certo? Bem, meu plano começa agora. Você leu Escândalo na Boêmia, né? Perfeito! Vai precisar lembrar dele mais tarde.

As Aventuras de Alice HolmesOnde histórias criam vida. Descubra agora