100º dia - Nossa última dança

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Contrariando a crença popular, as cenas mais aterrorizantes da vida real não começam em casas esquisitas habitadas por adolescentes com hormônios de sobra e pouco (ou quase nenhum) neurônio. Na vida real, as cenas mais apavorantes que alguns de nós temos o azar de protagonizar, acontecem nos lugares que você está acostumado a frequentar todos os dias, onde você se sente mais seguro e envolvem as pessoas que você mais ama.

Porque a verdade é que poucas coisas são tão assustadoras quanto testemunhar as pessoas que você ama sofrendo sem saber como ajudar.

— Que bom que vocês chegaram. Agora podemos começar a festa de verdade! — ele disse, reservando um sorriso demoníaco apenas para mim.

Desviei dos olhos da besta para me concentrar nas pessoas que mais importavam para mim no momento: Dong-Yul e Kyang Joon. Yul estava sentado a um canto da sala com os braços fechados sobre o irmão que estava tão assustado que se agarrava à Yul como se a qualquer momento alguém fosse separá-los.

O general Gong não brincava com suas ameaças e veio aqui depois de anos de ausência para se certificar de que as levaria a sério também.

— Você chegou bem no momento em que eu me perguntava se não veria mais o meu filho Dong-Wook! Mas... ele também não está com vocês? — Apesar do tom de desentendimento, o brilho de felicidade nos olhos dele deixava claro que ele já sabia porque Dong-Wook não estaria conosco e queria ver até onde iríamos com a farsa só para ter o prazer de nos desmascarar.

Sem esforço, o pai dos meninos Gong preparou e serviu a maior torta de climão já vista na história da família Yujin. Superando até o meu mico na sauna logo no começo da viagem. Isso porque, todos nós sabemos a postura do general em relação aos idols e o tipo de vida que levam. Bem como sua reprovação total do envolvimento de seus filhos com esse tipo de universo.

Agora imagina você ter que admitir para o "adulto" responsável que abandonou a família a seus cuidados que você permitiu (e apoiou) que o filho dele virasse uma das coisas que ele mais despreza?

— É ótimo tê-lo de volta, Gong Yoon Jae, mas qual é o motivo de sua visita? — meu tio perguntou enquanto servia chá.

— Lee Seung-Hyuk me ligou dizendo que jantou com meu filho Yul e sua namorada. — O general olhou para mim, deixando claro que também já sabia deste detalhe. Ele me contou algumas coisas interessantes sobre o que se passou lá... Fiquei curioso para conhecer a menina.

O pai de Sang-Woo.

Abri a boca para dizer alguma coisa, mas fechei antes que meu temperamento levasse a melhor. Esta não é uma batalha que se ganha de cabeça quente.

Senti os olhos de Yul chamando por mim, mas não consegui encará-lo de volta. Tinha medo de que se o fizesse, ele descobriria tudo sobre a ligação e o que eu pretendo fazer.

— Estou esperando a resposta — o general falou olhando para mim. Como se eu tivesse gravado um áudio hipnótico dizendo "jogue a sua vida para o alto e vire idol" e tocasse para Dong-Wook toda noite antes de ele dormir.

— Ele está no alojamento dele — Yul respondeu enquanto reforçava o aperto em Kyang Joon, deixando o menino ainda mais assustado. — Dong-Wook é um trainee da SM entertainment.

O sorriso do general se transformou em um esgar quando ele se voltou para o filho mais velho. Ele ficou de pé num salto e se pois de frente a Dong-Yul com uma postura que o fazia parecer um gigante perto de nós. Um gigante que com apenas um sopro destruiria tudo.

— Então você tem coragem de admitir o que fez, hum? Achei que pudesse confiar em você para cuidar dos seus irmãos, mas me enganei.

Yul pôs Kyang Joon no colo da avó de Seo-Jin e ficou de pé, mostrando para o pai que não era mais o menino triste e assustado que ele deixou para trás quando abandonou a família para voltar para a base militar. Yul se transformou em um homem mais alto e mais nobre que o pai.

Conexão Seul [COMPLETO]Where stories live. Discover now