Os bastidores

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  Ela acorda e já olha as horas. Do momento em que abre os olhos até o meio dia, vive contando os ponteiros em plena agonia e no silêncio, no vácuo, espera de cinco em cinco minutos até as três. Então, surge o silêncio, o vácuo e esmorece outra vez. Ao piscar, acender a luz, olha o primeiro nome daquele que conduz a comunicação. Quantas e quantas vezes, não revirou a tela procurando apenas aquela tímida exclamação? Foste tu?! Se não foste, virava a tela, deixava de lado, sem pressa pra responder a peça. Mas o coração batia desesperadamente e depressa, ainda que tentasse enrolar para dialogar com o teu. Foste tu e logo, eu já não era mais eu. Quantas vezes, revirou a tela procurando aquela letra?! Quantas outras, não se zangou por não lhe encontrar no mesmo planeta? O dia não começava sem ti. Isso persistia (persiste?) até a hora de dormir. Como fechar os olhos sem me despedir? Fosse por costume, ou por gosto, por querer muito bem, ela insiste em manter os olhos abertos, até dizer boa noite para outrem. Por algum tempo, ainda esperava a resposta para enfim, fechar os olhos sorrindo e dormir. Hoje, simplesmente, guarda no peito a mensagem que não vem, se despede da lua, fecha os olhos e pensa consigo: boa noite meu bem.  

O silêncio das mariposasWhere stories live. Discover now