Capítulo 1- Honra e Justiça

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-Então- replicou Dante- deixe-me ver se compreendi direito. Você sequestrou, estuprou, e matou uma criança de 5 anos, e agora vem me pedir piedade? – Dante estava no banco do passageiro da frente, e o homem ao qual se dirigia estava atrás, entre outros dois membros dos Assassinos. Ele estava em visível estado de desespero: seus olhos já começavam a inchar de tanto chorar, sua garganta ardia, como se tivesse engolido uma brasa, de tanto gritar em vão por socorro. Os "Assassinos", (assim denominados os membros de uma sociedade secreta que cometia justiça com as próprias mãos, dos quais quatro estavam presentes no carro, e mais outros três que estavam ocupando-se de outras atividades) gostavam, e sentiam até mesmo um prazer visceral nos gritos daquele homem, talvez por isso e pela certeza de que ele não seria escutado, não o amordaçaram.

-Pois bem- retomou Dante, o líder do grupo- já que você se abstém do seu direito de falar, permita-me que eu o faça por você sim?!- disse em um tom espantosamente irônico- Por que deveria eu, ter misericórdia ou piedade de um pedófilo? O pior dos seres que já pisou na terra? Complemento ainda: Você teve piedade da pobre criança?

-Senhor- finalmente o pedófilo conseguiu articular alguma palavra, e olhava para o chão em uma vã tentativa de comover Dante, abusava também da imagem de suas mãos atadas encostas na parte de trás da sua cintura- Eu sei que o que fiz foi errado, mas eu não escolhi fazer isso.

-É, deve ter sido forçado por alguma força oculta- interrompeu George, o Assassino que estava ao volante.

-Sofro de uma doença psiquiátrica grave, não consigo controlar essa minha atração por crianças (e ela era tão lindinha) -disse isso em tom carinhoso e em voz baixa, quase que sussurrante- matei para que a pobre menina não vivesse com essas sequelas, fui misericordioso, e é apenas isso que peço: misericórdia.

Dante passava a mão por sobre o rosto com impaciência e repugnância. Ligou o rádio do carro, talvez em uma tentativa de acalmar-se, pois as palavras do pedófilo haviam despertado sua cólera.

As notícias do rádio não falavam em outra coisa: uma garota de cinco anos que havia desaparecido, fora encontrada morta em um matagal com sinais de uma brutal violência sexual. A perícia havia constatado que a criança havia sido violada mesmo depois de morta. Equipes policiais davam entrevistas a respeito do andamento de suas investigações para encontrar o acusado do crime, que já havia sido identificado a partir de exames feitos no sêmen encontrado no corpo da menina.

-Veja só- disse Dante retomando seu irônico tom- além de pedófilo, homicida e sequestrador você também é necrófilo. Quanto a isso não podemos fazer nada: ninguém aqui tem interesse em estuprar seu cadáver miserável. Por falar nisso, já sabe o que vamos fazer com você?

-Vão me matar- disse o pedófilo

-Sim, mas e antes? – replicou Dante.

-Como assim, antes?

-Não achou que fôssemos simplesmente te matar, se fosse só isso eu teria metido uma bala na sua testa assim que nos vimos, além do mais, qual seria o sentido de estarmos nos afastando da cidade?

O homem olhou pelas escuras janelas daquele grande carro negro e notou que realmente estava entrando em uma área deserta, coberta por matagais. Desatou-se então a voltar a chorar. Os Assassinos riram como se o condenado houvesse contado alguma piada, mas Dante, em especial, riu histericamente, repetindo a lendária frase "Olho por olho, dente por dente". Talvez ele estivesse tentando explicar como a lei de Talião seria aplicada, mas as gargalhadas não deixaram.

Veio recuperar-se quando já chegavam ao destino pretendido: um longínquo matagal, que o anoitecer dificultava mais ainda para o estuprador de identificar o local.

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