Capítulo 1

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Eles eram diferentes, opostos, antagônicos, mas, naquela noite, o destino rolou os dados e resultado foi um acerto crítico. Os olhares se cruzaram, os corações bateram em harmonia e a paixão nasceu, contrariando as probabilidades.

Aline dançava graciosa ao som de A Mulher do Fim do Mundo, uma das suas músicas favoritas. Cada nota vibrava em seu ser, o sorriso largo reluzia ainda mais. Os braços nus se moviam com leveza, enquanto os quadris largos balançavam ao ritmo da melodia. A pele negra brilhava e o suor fazia o vestido verde esmeralda se agarrar às curvas sinuosas. A fenda lateral que ia até o meio da coxa direita, revelava a perna torneada e lhe dava mais mobilidade para sambar na ponta dos pés. Quando a canção chegou ao fim, jogou a cabeça para trás e os caracóis negros moveram-se, num balanço hipnótico.

Virou o rosto em direção à mesa do lado esquerdo do palco, meio escondida pela pilastra com um arranjo de flores naturais e seus olhos encontraram os dele. Outra vez.

Desde que tinha encerrado as obrigações de madrinha da noiva e corrido para a pista de dança, sentiu a atenção dele em seu corpo, acompanhando-lhe os movimentos. Por um momento, pensou que ele fosse se render ao chamado da música, mas o rapaz permaneceu sentado, vendo ela se divertir.

Pegou o espumante que o garçom lhe oferecia e o líquido dourado fez cócegas em sua boca. Ergueu a taça na direção dele e o rapaz repetiu o gesto com um copo de uísque na mão. Ele estava interessado, só era tímido. Mas, para a sorte dos dois, ela não tinha esse problema.

Aprumando o vestido, Aline foi até a mesa dele, os quadris balançando em uma discreta provocação.

- Oi. - Os lábios vermelhos se abriram em um sorriso charmoso.

- Oi, Aline.

Ela parou. De onde ele a conhecia? Estreitou os olhos negros e franziu a testa, juntando as sobrancelhas bem delineadas. Ele riu da sua careta de concentração e uma luz acedeu na mente dela.

- Alfafa!

O sorriso se fechou na hora e o corpo recuou, colando-se ao encosto do assento, enquanto ele cruzava os braços, erguendo uma barreira entre os dois. Não havia mais calor nos olhos castanhos.

Droga! Mordendo a língua, puxou a cadeira ao lado dele e sentou-se, ignorando-lhe a animosidade.

- Foi mal, Eduardo - falou, arregalando os olhos e piscando, dramática.

- Ok.

- Você está bem diferente.

Era verdade. O homem à sua frente em nada lembrava o garoto desengonçado, magricela e que usava o cabelo castanho repartido ao meio e molhado de gel. Sufocou uma risada, com aquela aparência e o nariz sempre enfiado nos livros, ele pedia para ser zoado. Mas o tempo foi generoso com ele, bem generoso. E a última coisa que ela queria agora era zoar o moreno com pinta de nerd à sua frente.

- Foi a Suzanna que te convidou? - Tentou puxar assunto. Pelas suas lembranças, Alfafa não era de falar muito.

- Sim.

Parecia ele que tinha desenvolvido os músculos, mas não exercitava muito a língua - pelo menos, não do jeito convencional.

- Não sabia que vocês ainda mantinham contato. - Fez uma nota mental para esganar a amiga por não tê-la avisado que o Alfafa tinha ficado tão gostoso.

- É, nós voltamos a nos falar um dia desses.

Sério? E, mesmo assim, ele estava no casamento de Suzanna, que tinha matado metade da família para enxugar a lista de convidados? Interessante.

Love Loading [Apenas Degustação - Em Dezembro na Amazon]Where stories live. Discover now