Um

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A viagem para Londres foi completamente estressante! Ver os números da filial de Londres cair me deixa puto! Mas que merda, Estevão! Odeio ser eu o culpado dos stresses de Katharine. Sim, eu sou o culpado até porque eu sou o mais velho, eu deveria manter os negócios no eixo depois da morte do meu pai.

Uma luz vermelha no painel acima de minha cabeça acende, me dizendo para afivelar meu cinto. Finalmente, hora do pouso. Tenho fé de que as coisas vão melhorar... elas precisam melhorar! Quem sabe a tal filha do senhor Stirling realmente não ajuda, afinal ela é uma profissional!

— Senhoras e senhores, aqui quem fala é o comandante. Estamos nos preparando para pousar. Por favor, voltem a seus acentos e afivelem seus cintos. O tempo está limpo na cidade do Rio de Janeiro, que faz 35º graus. Previsão de pouso as 9:45 da manhã. — ouço o capitão dizer.

Enfim casa! Estar com a Katherine em Londres me trouxe um pouco de felicidade, mas saber que deixei minha mãe aqui tão fragilizada pela morte do meu pai me deixou preocupado.

O pouso é um sucesso e finalmente estamos em terra. Com rapidez e agilidade pego minhas malas na esteira e corro para entrada do aeroporto onde chamo um uber.

Ao descer na porta da empresa tudo continua aparentemente a mesma coisa, mas certamente já viu dias melhores! Os vidros negros refletem em furta cor a luz do sol. O cheiro de maresia se faz presente no ar, trabalhar em frente à praia de Botafogo é realmente um presente. Olhar para o mar me acalma. Acho que preciso afundar nele e permanecer durante uns dias para ver se algo melhora!

Depois de ser cumprimentado por alguns funcionários, vou direto para a minha sala. Por mais que eu fosse co-proprietário da sede do Brasil  com o Heitor, devido ao fato de eu ter o maior percentual de ações da empresa acabei me tornando o presidente, e ocupo a sala de tal posição.

Deixo minhas malas em um canto reservado da sala. E me dirijo a minha mesa. O tempo está passando e as coisas estão piores a cada minuto. Estou concentrado nos papéis de aprovação da nova coleção de móveis para o Copacabana Palace. A Russell's Company trabalha desenvolvimento móveis personalizados para hotéis e residências, mas com a ausência do meu pai alguns fornecedores se desvincularam de nossa empresa, a fábrica não consegue se manter nos prazos, as linhas de produções estão confusas. Eu e Heitor éramos os responsáveis diretos pelos desenhos, mas hoje eu tenho que me dividir em dois já que preciso desenhar e administrar a empresa. Já fiz alguns processos seletivos para novos designs mas nenhum chegou no perfil da Russell's.

Um barulho vindo do corredor me tira do foco, e ergo os olhos em direção a porta para avaliar o que está acontecendo. Nesse momento, alguém toca na mesma, e uma voz feminina pede para entrar:

— Entre! — digo.

A porta se abre e Raquel entra pela mesma com um olhar sério dirigido a mim.

— Senhor? — diz a mulher.

— Olá Raquel, como andaram as coisas na minha ausência?

Raquel se aproxima de minha mesa segurando alguns papéis em frente à seu busto. Seu semblante estava tenso e suas feições angelicais não estavam tão angelicais assim. Seu cabelo cacheado e loiro estava solto sobre seu colo. Uma mulher bonita devo dizer, mas que não passa disso. Ela deposita os mesmos papéis em minha mesa e começa a dizer:

— Devo dizer que o senhor Heitor manteve as coisas perfeitamente bem. Mas infelizmente, devo dizer que o chefe da empreiteira do condomínio da Barra ligou querendo uma reunião de emergência... ele disse que a design do condomínio não aprovou o layout dos móveis e que está faltando alguma coisa.

ESTEVÃO - Livro Um - Trilogia Russell's CompanyOnde histórias criam vida. Descubra agora