Parte 1

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O frio da noite arrepiava minha pele, eu me encolhia cada vez mais sobre minha jaqueta jeans em uma tentativa de me aquecer. Estava em um beco escuro e sombrio exatamente em um daqueles cenários de filmes de terror, mas nesse caso, sabia que o que fosse acontecer ali seria da mais pura verdade.
― Você veio. - Uma voz assustadora e grossa preencheu meus ouvidos quebrando o silêncio que antes permanecia.
Ele estava parado a minha frente de repente, olhos azuis cinzas e belos que me lembravam de um céu nublado. Tinha um sorriso esboçado nos lábios que mostrava claramente seus dentes brancos e perfeitamente alinhados.
― Eu vim aqui porque não acredito que você seja um anjo. - Eu disse firmemente. ― Sei que existem vários tipos de aberrações por aqui, mas anjos não ousariam virem para a Terra.
― Certo caçadora. - Ele começou a andar em círculos e parou em minhas costas. Podia sentir seu hálito gelado sobre meu pescoço. ― Anjos raramente habitam seu mundo e se o fazem, permanecem invisíveis.
Meu estômago encontrava-se levemente revirado, eu estava começando a ficar preocupada, pois não sabia a verdadeira natureza sobrenatural de Wren que vivia confirmando para mim que era um anjo. Ele havia descoberto a minha identidade, o que eu já não tinha gostado. Eu era uma caçadora sobrenatural que acabava com os monstros que resolviam fazer besteiras em minha cidade, uma profissão que nenhuma garota de dezessete anos teria prazer em exercer.
Eu me virei, encontrando seu rosto novamente. Seus cabelos negros e longos estavam bagunçados e brilhavam fantasmagoricamente sobre a luz do luar.
― Então o que você é? - Eu levantei uma de minhas sobrancelhas em surpresa.
Wren chegou mais perto de mim, ficando a centímetros de meus lábios.
― Um anjo caído. - Ele sussurrou.
Ao ouvir aquelas palavras, tratei de me afastar dele e saquei rapidamente meu punhal do bolso, próprio para matar demônios. Eu odiava demônios que eram a mesma coisa que anjos caídos. Eles gostavam de matar humanos apenas por diversão e eram classificados como sobrenaturais bem difíceis de matar. Era arriscado enfrentar um deles, a maioria dos caçadores não sobrevivia a seu ataque.
O estranho era que eu não havia reconhecido Wren como um demônio. Demônios exalavam cheiro de enxofre e queimavam-se com água benta. Eu havia molhado ele uma vez com água benta e nada aconteceu, Wren não se queimou.
― Você não é um demônio. - Eu disse ainda sem abaixar o punhal que continuava estendido em sua direção. ― Então que merda de sobrenatural você é?
― Katherine... Acalme-se, eu não vou te machucar. - Ele continuava sorrindo. ― Apenas se você quiser, mas você sabe que é de outra maneira...
― Essas provocações de vocês sobrenaturais me irritam. Sorte a sua que eu já estou acostumada.
Respirava fundo e não tirava os olhos de Wren. Tinha que estar preparada para qualquer tipo de movimento seu, do contrário poderia acabar morta.
― Eu não sou um demônio. Não totalmente. - Ele riu. ― Eu sou um anjo caído, mas ainda tenho asas. Demônios não possuem asas.
― Como assim? Todos os anjos que caem em desgraça têm suas asas arrancadas de si.
― Eu fui mais esperto. - Então ele virou-se de costas para mim e retirou sua camisa, deixando suas costas expostas.
De início não vi absolutamente nada de extraordinário, apenas os músculos trabalhados de Wren. Depois percebi que um V apareceu suas costas, contendo um par de asas negras e sombrias.
Eu nunca havia visto algo tão surpreendente e belo ao mesmo tempo em toda a minha vida. Cheguei perto dele, analisando cada detalhe, explorando-as.
― Pode tocá-las. - Wren falou se divertindo com meu fascínio por suas asas.

Fallen AngelWhere stories live. Discover now