Com a minha outra mão livre, eu toquei cuidadosamente a asa direita. Suas penas eram como plumas, incrivelmente macias e eram geladas também. Os pelos de minha pele eriçavam-se a cada toque nas asas.
― Elas são incríveis. - Eu disse com sinceridade.
Wren encontrou meu rosto, virando-se para ficar de frente para mim. Sem hesitar, ele pegou a minha cintura e encostou meu corpo ao seu.
― Eu ainda não confio em você. - Eu coloquei o punhal em sua jugular.
― Se eu quisesse te matar, eu já o teria feito. - Sua voz continuava em tom baixo.
― O que você quer comigo ? - Eu perguntei curiosa por sua resposta e voltei a guardar o punhal no bolso da calça.
― Eu quero me divertir. - Então ele me beijou delicadamente, sua língua fundindo-se a minha em um clico vicioso.
Eu interrompi o beijo, ainda com pouco fôlego.
― Eu não sou nenhum jogo ou brinquedo, Wren. - Eu comecei a me afastar dele, mas ele me apertou contra si.
― Não. - Ele me encarou profundamente. ― Você é caçadora mais divertida que conheço.
― Assim eu me sinto lisonjeada. - Eu ironizei.
― A mais inteligente. - Ele esboçou um sorriso brincalhão e voltou a me beijar. ― E sexy...
Por um momento eu me sentia como uma garota normal quando estava beijando Wren. Seus braços fortes apertavam-se em volta de meu corpo e eu não tinha vontade de largar-me dele.
Então senti meus pés saírem do chão, quando abri os olhos, encontrei Wren sorrindo e quando olhei para baixo, percebi que estava voando e tratei de me agarrar-me ainda mais a ele.
― Estamos voando cacete ! - Eu disse ainda surpresa. ― Você podia ter me avisado pelo menos.
A medida que subíamos, eu me apertava e esmagava o pescoço de Wren com medo de que fosse cair.
― Mas ai não teria graça. - Seus olhos desviaram-se dos meus. ― Olhe.
Fiz o que ele falou e segui seu olhar. A lua cheia encontrava-se bem mais perto de mim, grande e extremamente brilhante. Aquela visão era linda, de uma perfeição impossível de ser escrita em palavras e ao lado da lua, as estrelas também espalhavam seu brilho sobre nós.
― É lindo. - Eu falei.
― Esta ai prova de que tenho coração. Fiz você ficar toda deslumbrada de novo. - Seu tom sarcástico ainda continuava contido em cada palavra que ele dizia.
Eu sabia que nunca poderia confiar cem por cento em Wren, afinal ele era metade demônio e demônios eram os mestres na arte de mentir e manipular, mas havia uma parte de mim que queria ficar perto dele. Um sentimento pelo qual era errado ter. Wren era meu inimigo e eu não deveria gostar de meus inimigos. A guerra estava se aproximando e eu já devia estar me preparando para ela. Eu estava de um lado da guerra enquanto Wren estava do lado oposto ao meu.
― Quer descer ? - Ele perguntou.
Eu neguei com a cabeça e Wren continou a voar cada vez mais alto, me levando junto com ele. O único pensamento que não saía de minha cabeça era que eu teria que matá-lo se ele assassinasse alguém inocente e eu não tinha certeza se conseguiria fazer isto. A real certeza que prevalecia em minha mente era a de que eu não queria me afastar dele.
