O desaparecimento de Keite

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A mãe se olhava no espelho do carro enquanto esperava o pai retornar do caixa eletrônico da loja de conveniências do posto de gasolina. A menininha, sentada em sua cadeira de segurança, soltou o cinto e aproximou-se do banco da frente.

- Olhe mamãe, a Keite sumiu!

- Quem é Keite minha filha?

- Tá ali na parede ó. – A menina aponta o dedinho na direção do vidro do carro, expondo o anúncio, alvo de sua preocupação.

- Ah sim, estou vendo. Que pena...

- Mamãe, eu queria muito poder ajudar...

A conversa parou por ali, foi interrompida quando o senhor Eduardo voltou do caixa reclamando...

- Devia ter uma placa bem grande, explicando pra esses babacas, que caixa eletrônico não é fliperama! Poxa vida! Você tá atrasado e dá de cara com uma criatura dessas!

O pai reclamava e praguejava, a mãe olhava para o espelho e pensava que deveria ter passado menos maquiagem. Em meio a isso, a menininha do banco de trás bolava planos mirabolantes para encontrar e salvar a pobre Keite...

Já no conforto de seu lar, a pequena Maria reuniu todos os bonecos, pegou um caderno velho e um lápis meio mastigado e começou...

- O pobrema que vamos solicionar hoje, é o desaparecimento da Keite. Ela deve ter se perdido de sua mamãe e isso não pode ficar assim! Quem concorda comigo? – Saiu levantando os braços de todos os bonecos. – Ótimo! O plano é o seguinte...

Maria anotou tudo em seu caderninho, o plano era muito bom aos seus olhos. Escreveu, escreveu, escreveu... Até que adormeceu.

Uma capa vermelha, máscara dourada, lindas botas azul e dourado, a pequena Menina Maravilha, voava pelo bairro em busca da indefesa Keite, seus olhinhos de laser atravessavam casas e prédios altíssimos de três andares.

Aquela era sua cidade, aquela era sua missão, para isso fora treinada nos longos seis anos de sua vida...

Na manhã seguinte, depois de muitas aventuras, Maria acorda cedo e vai até a padaria com seus pais. No tempo em que escolhiam o melhor pão, de acordo com Dona Renata, o menos calórico, Maria observava o anúncio pregado na parede da padaria, era a foto de Keite...

Em cima da foto, num vermelho vivo, a palavra:

ENCONTRADA!

- Olha lá mamãe! – Gritou, puxando a blusa de Renata. – Eu consegui! salvei a cachorrinha!

O desaparecimento de KeiteWhere stories live. Discover now