Jade

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Já é meia-noite e eu ainda não consigui dormir, estou muito preocupada, o que pode ter acontecido com meu pai? Por que não antende minhas ligações? Respiro fundo, não posso perder o controle assim né? Meu pai sempre viaja, mas todas as vezes liga, ou manda uma mensagem dizendo que está bem, algo deve ter acontecido... Ou não... Vai ver é só paranoia minha mesmo.
Sou tirada dos meus pensamentos com o som de uma voz. Uma não, duas. Parece que estão brigando... O que está acontecendo? Quem é que está gritando assim?
Desço da cama, coloco minhas sandálias, e corro até a porta. Posso ouvir a briga melhor...
Eles dizem:
- Você não tinha o direito de fazer isso! Não podia ter feito! Seu monstro!
- Se acalma, deixa eu te explicar, isso é um mal intendido, não fui eu. Calma, não fui eu. Não conta pra ela, ainda não. - Uma voz masculina disse. Essa voz... Tem algo nela muito familiar... Não, não pode ser. Não, não pode ser verdade... Essa briga não é entre minha mãe e meu pai. Isso é impossível, eles se amam, nunca brigaram assim.
Tomo coragem, abro a porta e desço as escadas, tremendo, torcendo para não ver isso.
Eles se viram para mim
- Filha, não sabia que estava aqui. Eu e sua mãe estamos conversando aqui sobre um assunto meio... particular, sabe? - Os olhos de minha mãe estavam vermelhos, acredito que de tanto chorar. Lágrimas escorriam em seu rosto, e em volta de seus olhos estava completamente borrado de rímel. Ela estava em uma situação deplorável.
- O que... está acontecendo? - Eu pergunto apavorada.
Eles se olham, minha mãe sem dizer nada, vem até mim, e me abraça.
- Você vai vir comigo?- Ela  sussurra no meu ouvido como se escondece de alguém.
- O quê?... o que é que está acontecendo, eu não entendo. - Ela olha no fundo dos meus olhos, não aguento, vou chorar, meus olhos ficam marejados de lágrimas, e elas saem aos poucos.
- Eu vou ir embora, vou levar Sofia, você vai vir comigo? Não me pergunte nada, apenas venha, que eu te explico depois. - Eu não entendo, não vou sair daqui. Eu gosto daqui, e muito.
- Sinto muito mais... - Ela me encara, e vai em direção ao quarto de Sofia. Não, ela não pode sair assim e me deixar, levar Sofia!
- Não à leve, por favor. Onde você vai? Por que você está indo embora?- Ela abre a porta do quarto de Sofia, e entra. Desespero toma conta de mim. O que meu pai fez?
- O que... aconteceu, por favor, me... explica. - Meu pai se vira pra mim e me encara.

- Eu e sua mãe vamos nos separar. E... você vai ter que escolher com quem vai querer morar.

- Eu, vou escolher? - Não acredito que isso está acontecendo, eu estava achando tudo tão perfeito, quando isso acontece.

- Sua mãe quer assim, e eu também.

- Des...descul...desculpa,  mas... eu não vou escolher. - Ele franze a sombrancelha.

- Não vai? O que você vai fazer então? Esse é o único jeito Jade, você é obrigada a escolher com quem quer ficar, é simples.

- Não é não, e eu não vou escolher. - Eu encaro a porta de saída. E uma voz interior diz:
esse será meu futuro? tem certeza? E a outra diz:
Vá, vá em frente, este é o seu futuro, sua família desmoronou, não à nada que você possa fazer... e você não vai escolher entre sua mãe e seu pai né?
A segunda voz falou mais alto na minha cabeça, quando vi, já estava descendo as escadas, e correndo em direção à porta. Eu só ouvia meu pai me chamar, me chamou várias vezes... mas uma voz pequena tocou meu coração:
- Eu te amo princesa Jade. - Sofia disse, me virei e olhei para ela. Essas palavras fizeram meus olhos ficarem marejados de lágrimas, não consigui conter, eu estava chorando de soluçar.  Seus olhos azuis tristes e cansados, o que vão fazer com ela? Minha princesa. Eu nao podia responder, tinha que continuar, por mim, isso é por mim. Continuei, corri o mais rápido que pude, tinha que sair dali o mais rápido possível.
Os meu pés estavam cansados da longa caminhada, toda hora eu olhava para trás, e procurava a grande casa branca que sempre foi meu refúgio, e agora não passa de uma lembrança. Minha cabeça lateja de dor, tantas perguntas, e respostas incompletas, e eu queria saber. O que ele escondia, o que August Bittencourt esconde atrás de toda aquela fama de milionário. Ele era mesmo um homem justo e bom? O que escondia atrás daquelas palavras doces que dizia para mim, quando eu era pequena e estava com medo de monstros? Por que minha mãe o chamou de monstro? Afinal... o que ele é?

***
Eu estava cansada, com fome, precisava de um abrigo, algum lugar para ficar. Estava no Centro da cidade, as pessoas me olhavam e diziam:
Tadinha está perdida, coitadinha.
Eu estava mesmo em um estado deplorável.

3 Formas De Dizer Eu Te AmoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang