O Submundo Também Ama

Capítulo 13

HAZEL
10/03

A missão iria partir hoje e eu já tinha colocado meus planos em ação. Mais cedo naquele dia, eu havia dito a Frank que não estava me sentindo muito bem e ele quase me obrigou a ficar na cama descansando. E enquanto ele estava preparando-se para partir, secretamente, eu também estava.

Eu havia pego tudo o que precisava, suprimentos, roupas, armas e naquele momento, me escondia atrás do Argo II, perto da fronteira do Acampamento, local de onde a missão partiria.

A adrenalina em minhas veias agitava o bebê, pois eu conseguia sentir ele se mexer. Ainda era meio estranha a sensação, saber que havia uma vida dentro de mim era meio aterrorizador, mas ao mesmo tempo que causava estranheza, aquecia meu coração de um jeito gostoso. Aquele era meu filho e eu já o amava com todo o meu coração.

Minhas divagações foram interrompidas pelo som de passos e vozes. Escondi-me ainda mais atrás do navio, torcendo para que ninguém me visse.

- Termino, precisamos de sua autorização para sair - disse Frank ao deus das fronteiras, fazendo-me lembrar sua presença ali.

- Ah, sim podem ir. - o deus disse com seu típico tom desinteressado - Ah só um aviso, vocês terão companhia nessa viagem.

Meu sangue gelou ao perceber que Término referia-se a mim. Decidi, então, entrar o mais rápido possível dentro do navio, me esgueirando para o interior do Argo II enquanto os meus amigos moviam algumas pedras de seus lugares, ao pedido de Término.

O interior do Argo II estava completamente diferente, muito mais moderno e com diversas máquinas que eu não fazia a mínima ideia do que faziam. Mas graças aos deuses, os estábulos ainda ficavam no mesmo lugar

O lugar estava escuro e provavelmente serviria de ótimo esconderijo por algum tempo. Cansada do peso da minha mochila, larguei as coisas no chão, finalmente soltando aquele respiração que eu havia prendido desde a fala do Término.

- Oi.

Senti como se tivesse tido um mini ataque cardíaco. Era para eu estar sozinha aqui... então. . .
 
-MEUS DEUS, QUEM TÁ AÍ?

- Não precisava jogar nada em cima de mim.

Minha mochila começou a se mexer, revelando uma garota sentada no lugar que antes estavam as minhas coisas. Eu tinha jogado minhas coisas em cima de alguém! E esse alguém era estranhamente familiar. Espera um pouco...

- REYNA?! O que você tá fazendo aqui?

Eu não podia estar mais surpresa. Reyna, a pretora mais certinha de todos os tempos, clandestina em uma missão.

- Você vai me dedurar? - Reyna levantou umas das sobrancelhas- Sabe que fazendo isso irá dedurar você também.

- Não vou te dedurar - eu disse, examinado Retna atentamente. Havia algo de diferente nela. Talvez a falta de armadura, o fato de pela primeira vez eu ver ela de cabelo solto, não sei, mas algo estava fazendo com que ela parecesse muito mais uma adolescente normal do que uma líder romana.

- O que você está fazendo aqui? - perguntei.

Reyna me olhou como se eu tivesse feito a pergunta mais idiota de todas.

- O mesmo que você Hazel. Eu queria participar da missão, e eu sabia que ninguém iria aprovar deixar o acampamento sem nenhum pretor, então eu vim escondida.

- Mas quem vai cuidar do acampamento enquanto você estiver fora?

- Eu deixei o Dakota no comando.
- Mas e se alguém sumir?

- É para isso que estamos nessa missão, não é mesmo? Para salvar os semideuses.

Um silêncio surgiu entre nós. Eu sentia o nervosismo de Reyna e podia imaginar como ela devia estar sendo para ela. Os semideuses haviam desaparecido debaixo de seu nariz, então ela devia estar se sentindo culpada ou algo do tipo. Isso era bem a cara da Reyna.

- Você sabe que não foi culpa sua certo? Os desaparecimentos e tudo isso?

Reyna me encarou hesitante e abriu a boca para falar, quando ouvimos barulhos de passos.

Nós duas olhamos para as portas do estábulo, com os olhos arregalados. Nós assistimos a porta abrir e vimos alguém entrar. Percy.

Ele estava distraído, arrumando algumas coisas, quando se virou e olhou para nós.

- Ah, oi Reyna, oi Hazel.

E continuou fazendo suas coisas. Alguns segundos se passaram, até Percy parar de se mexer, virar novamente para nós,  dessa vez com os olhos arregalados.

- REYNA! HAZEL! M-Mas o que vocês estão fazendo aqui?

A gritaria de Percy atraiu o resto dos semideuses, que vieram ver o que estava acontecendo.

Frank entrou nos estábulos com uma cara assustada e o arco e flecha em suas mãos. Passou os olhos pelo local, provavelmente procurando a razão de Percy ter gritado, quando seu olhar cruzou com o meu. Seu olhar foi de assustado, para preocupado e depois zangado em menos de segundos.

- Hazel, mas o que você está fazendo aqui? Reyna? Você também?! Eu não acredito que vocês planejaram tudo isso juntas.

- Foi uma coincidência Frank - Reyna afirmou.

Mas isso não bastou para Frank se acalmar. Ele continuou a falar como era um absurdo eu ter enganado ele, e como isso era perigoso. Claro que ninguém entendia porque Frank estava surtando, exceto Piper e eu, e eu temia que ele deixaria alguma coisa sobre o bebê escapar no seu falatório.

Foram necessários mais alguns minutos e um pouco do charme de Piper para acalmar Frank, que após parar de surtar me mandou ficar trancada em um dos quartos do Argo II. Pior de tudo, Piper concordou com ele e até usou o seu charme para me convencer a ficar presa no quarto.

E era isso que eu estava fazendo agora. Presa no meu quarto, encarando a parede. Eu não ia ficar naquele quarto por muito tempo. Eu tinha ido naquela missão para ajudar e não ficar parada descansando. Eu estava grávida, mas não era feita de vidro! Eu só precisava convencer Frank e Piper daquilo.