Capítulo 3 - Duas Caras

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     A detetive Katie e o xerife Carlos resolveram procurar pelo misterioso caderno que de acordo com Michelle, Michael escrevia várias coisas pessoais.

     Katie foi para a biblioteca, onde Michael costumava passar a maior parte do seu tempo. Se Michelle disse que encontrou o caderno na biblioteca, ele provavelmente ficava guardado lá. Ou talvez não...

     A detetive abriu todas as gavetas da grande mesa de madeira que ocupava um enorme espaço na biblioteca, mas não encontrou o caderno. Em seguida, procurou nas prateleiras, onde ficavam os livros. Ela não teve muito tempo para procurar, pois logo foi interrompida.
     – O que está procurando, detetive? - perguntou Michael, entrando lentamente na biblioteca e fechando a porta.
     – Eu só... eu... não é nada.
     – Tenho a leve impressão de que isso não é verdade, detetive. Você parece estar procurando algo.

     Por um momento, Katie pensou em dizer a verdade para Michael, e contar que ela estava em busca do tal caderno dito por Michelle. Mas ela pensou que se ela contasse, ele com certeza iria negar a existência do caderno, e como Michelle não tem como provar o que viu, seria a palavra dele contra a dela. Além do mais, se ele soubesse o que ela estava procurando, certamente daria um fim no suposto caderno.

     – Eu só estava procurando um livro. - mentiu Katie.
     – Qual livro, detetive?
     – E Não Sobrou Nenhum, da Agatha Christie. Não é pra mim, é para minha irmã.
     – Infelizmente não temos esse livro aqui em casa. Mas temos vários outros clássicos da Agatha. Você quer dar uma olhada, detetive?
     – Não, obrigada! Já está na minha hora. Preciso ir!
     – Tudo bem então!

     Katie se despediu de Michael e saiu da biblioteca.
     – Eu sei muito bem o quê você estava procurando, detetive. - disparou Michael, sem que ela o ouvisse.

     O xerife Carlos estava no quarto de Michael, procurando pelo suposto caderno, e também não encontrou. Ele saiu do quarto e encontrou com Katie na sala de estar.
     – E então, você encontrou o caderno? - perguntou ela.
     – Não. E você?
     – Também não. O Michael me pegou no flagra na biblioteca.
     – E o que você disse à ele?
     – Eu inventei que estava procurando um livro. Acho que ele acreditou.
     – Não vamos desistir. Pode demorar, mas se esse caderno realmente existe como disse a sra. Michelle, nós vamos encontrar.

     Brooke estava em seu quarto, deitada na cama e lendo uma revista de moda.
     Uma leve batida foi dada na porta.
     – Posso entrar? - perguntou Emmanuelle.
     – Claro!

     Brooke largou a revista em cima da cama e se levantou.
     – Minha querida - disse Emmanuelle. – Está sendo muito difícil para nós suportar a morte do meu pai, e eu sei que você também está sofrendo.
     – Sim! Está sendo muito difícil para mim também. Eu amava o seu pai. Eu sei que vocês devem estar sofrendo muito mais, pois viveram com Charlie a vida toda. Mas me machuca muito ouvir o Clay dizer que eu matei o Charlie. Eu nunca faria isso! Eu o amava de verdade. Ele era um anjo pra mim. Ele me protegia de tudo e todos. Que razões eu teria para matá-lo?
     – Eu sei, minha querida. Fique calma! Eu acredito em você. Sei que você amava o meu pai.
     – Que bom que você acredita em mim. É muito bom ouvir isso!
     – Enquanto ao Clay, tente não levar em consideração as palavras dele. Ele está muito abalado com tudo o que aconteceu. Eu tenho certeza que quando tudo isso passar, ele irá se desculpar com você.
     – Tomara mesmo! Eu gosto muito de todos vocês.
     – Nós também gostamos de você! - disse Emmanuelle, abraçando Brooke.
     – Vou pedir para a Morgana passar um cafézinho pra mim. Você quer? Assim podemos nos sentar e conversar mais um pouco. - sugeriu Brooke.
     – Aceito sim! Vai ser bom pra nós duas.
     – Que bom! Te espero lá em baixo então.

     Brooke saiu de seu quarto e deixou Emmanuelle sozinha.
     – Sínica! Falsa! Mentirosa! - exclamou Emmanuelle, com um olhar de ódio.

                               • • •

                  9 DIAS ATRÁS...

     Emmanuelle estava em seu quarto, sentada sobre a sua cama, escrevendo o roteiro da próxima peça teatral que faria com os seus alunos da Cia de Teatro.
     A porta do seu quarto foi aberta bem devagar, sem fazer muito barulho.
     – Posso entrar? - perguntou um velho senhor.
     – Mas é claro, pai. Entre!

     Era Charlie Wood Hilton, que por alguma razão, estava fazendo uma inesperada visita ao quarto de Emmanuelle, coisa que ele já não fazia há anos.
     – O que deseja, meu pai?
     – Bom, filha, precisamos conversar! - disse ele, olhando seriamente para a filha, e com uma aparência nada feliz.
     – O que foi, pai? Aconteceu alguma coisa?

     Charlie ficou em silêncio por alguns segundos, deixando Emmanuelle ainda mais nervosa.
     – Fala pai. Pelo amor de Deus! Eu já estou ficando preocupada.
     – Minha filha, eu descobri que a Brooke... ela... ela está me traindo.
     – Como é? Aquela vadia está te traindo?
     – Isso mesmo!
     – Eu não posso acreditar! Ela não pode estar fazendo isso, pai. Não pode! O senhor a tirou da miséria, se casou com ela, deu um lar, cuidou dela. Essa cretina não tem o direito de fazer isso com o senhor!
     – Eu entendo a sua revolta, minha filha. Eu também me senti assim. Mas por favor, não julgue a Brooke dessa maneira.
     – E como eu não vou julgá-la, meu pai? Ela traiu o homem que deu tudo à ela.
     – Eu posso entender a Brooke. Ela é uma mulher muito jovem e bonita, que está casada com um velho idoso. Eu sei que não sou capaz de cumprir com todos os desejos matrimôniais de Brooke, então eu entendo que ela tenha procurado isso em uma outra pessoa.
     – Eu não posso acreditar que o senhor esteja defendendo aquela cobra, meu pai. Por que o senhor não está bravo?
     – Porque eu a amo. Apesar de tudo, Brooke sempre se encarregou de cuidar de mim. Ela sempre fez tudo da melhor forma.
    – Por causa do seu dinheiro, meu pai. É óbvio!
     – Não diga isso, minha filha. Brooke nunca esteve interessada no meu dinheiro. Isso eu posso lhe garantir.
     – O senhor é inacreditável!
     – Bom, minha filha, a questão não é que Brooke esteja me traindo, e sim, com quem. Isso é que eu não posso e nem vou permitir de maneira nenhuma.
     – Com quem ela está te traindo, meu pai? Eu o conheço?
     – Ah minha filha, eu nem sei como te dizer isso. - disse Charlie, segurando as mãos de Emmanuelle.
     – Fala pai! Eu o conheço? Eu conheço o amante da Brooke?
     – É o Dillon, minha filha. A Brooke está me traindo com o Dillon, o seu marido.

O Misterioso Caso de Wood HiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora