Capítulo 6 - Lua Nova: O Escolhido

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O dia estava correndo normalmente, mas tinha o terrível fato de que era meu aniversário, estava torcendo para nem meu pai e nem Loton lembrassem, odiava receber felicitações até porque nenhuma era da minha mãe, e já fazia 10 anos que eu não recebia mais os parabéns da única pessoa com a qual eu queria receber, lembro-me claramente da ótima vez.

Sábado às 7h00, estava frio, o cheiro de chocolate invadia meu quarto, sua cantoria na cozinha invadia meus ouvidos, minha cama estava aconchegante eu eu não queria levanta.

- Bom dia, meu príncipe. - ela acaricia meus cabelos.

- Eu quero dormi, hoje é sábado. - resmungo.

- Não é um sábado qualquer, é seu aniversário.

- É mesmo, o que temos pra hoje? - levanto em um pulo.

- Por enquanto tem biscoitos te esperando lá embaixo, só para você.

- E  o que mais?

- O dia está cheio de surpresas, feliz aniversário, Jack. Sua mãe te ama muito! - ela me abraçou e eu senti seu doce cheiro.

Todo aniversário eu me lembrava desse dia e agradecia os parabéns dela mentalmente, mas nunca mais foi a mesma coisa.

Loton estava lá pontual como sempre, estava me esperando para irmos para Mahina, a essa altura eu sentia que Mahina era mais minha casa que a Terra.

- Não pense que porque é seu aniversário que vou pegar leve no seu treinamento. - ele diz assim que me aproximo.

- Mal posso esperar pelo treino especial de aniversário. - digo sarcasticamente.

- Pode ter certeza de que vou pegar pesado. - ele abre o portal.

- Por que o portal não pode ser perto da sua casa? - pergunto assim que ele atravessa.

- Também quero uma resposta pra isso.

- O que vou ter que fazer hoje?

- Magia em campo.

- Mas e aquele papo de que não se pode confiar na magia o tempo todo? - interrompi meus passos.

- Você também não vai poder contar com armas o tempo todo.

- Não pensei por esse lado. - volto a caminhada e alcanço ele.

- Então acho bom começar a pensar.

Fomos até o campo de treinamento onde minha missão era acertar os alvos usando magia o que não estava sendo fácil.

- Jack, a magia não é só um instrumento, a magia faz parte de você é uma parte do seu corpo. - Loton diz depois do meu décimo erro.

- Fácil falar quando não é você que tá tendo acertar alvos que não param no lugar. - digo sarcasticamente.

- Respire e se concentre, deixa fluir, é fácil quando tem um encantamento para decorar e repetir, mas é difícil quando seu corpo é sua arma.

- Respirar e concentrar. - murmurei.

- É isso mesmo, Jack. Se concentre.

- Última tentativa. - digo mirando e acertando o alvo que vinha voando em minha direção.

- Até que enfim. - ele disse batendo palmas três vezes.

- Mas isso custou o dia todo, já tá escurecendo.

- Ótimo, hoje você vai jantar aqui.

- Não tem necessidade.

- Não é um convite é uma ordem. - ele diz e volta para a cabana.

Guardei as coisas e fui para a cabana em seguida, me preparei para o jantar que eu nem sabia que teria até eu ser obrigado a participar. Quando voltei para a sala meu pai estava lá.

- Poxa, John... Vejo que pegou pesado com meu filho. - ele diz assim que me vê.

- Nem tanto.

- Oi, pai. - me junto a eles no sofá.

- Feliz aniversário, filho! - ele me abraça.

- Obrigado.

Fomos para a mesa que o Loton colocou em um canto da sala assim que me mudei para lá, antes ele não precisava de um cozinha, pois comia no refeitório na aldeia de Hiver, mas com a minha presença ele teve que fazer modificações, menos em relação a comida, já que não era ele quem fazia.

- Jack, tenho uma coisa para você.  - Loton pousa o garfo no prato.

- Eu disse que não teria nada disso, não queria nem que lembrasse. - digo.

- Eu sei, mas isso pertence a você. - ele entrega um pingente e formato de sol.

- Por que seria meu? - peguei o pingente que começou a brilhar.

- Isso mostra que ele pertence a você. - Loton deu um ligeiro sorriso.

- Um dos pingentes do Escolhidos? - meu pai pergunta após quase engasgar com a comida.

- Sim. - Loton apoiou o queixo sobre as mãos.

- Calma... Então eu sou um Escolhido? - pergunto tentado digerir tudo aquilo.

- Exatamente. - Loton disse calmamente.

- Como isso foi parar com você, John? - meu pai perguntou o encarando.

- Richard, o pingente sempre dá um jeito de ir parar na mão do dono. - ele pega seu copo e começa a bebericar sua bebida.

Meu pai ficou em silêncio, apenas assentiu com a cabeça, mas assim como eu, ele desconfiava de algo é então ficamos em silêncio. Quando todos haviam terminado de comer eu quebrei o silêncio.

- Bom, como funciona esse negócio todo de pingente e Escolhido?

- Primeiro você tem que proteger isso com a sua vida, eles existem faz séculos, existem sete deles e eles sempre escolhem algumas pessoas, os motivos são sempre variados, mas as pessoas acabam se tornando heróis.

- De onde esses pingentes surgiram?

- Um mago a séculos atrás decidiu que não era segura nenhuma das dimensões e que precisávamos de heróis, com esse intuito ele foi para a Terra e pegou a magia da Lua e a dividiu em quatro pingentes em formato de lua minguante, depois ele pegou a magia do sol que não era tão grande quanto a da Lua e a dividiu em três pingentes de Sol, assim seus pingentes escolheram seus donos que tinham algo que os atraiam, e assim foi passando de gerações para gerações de Escolhidos.

- E como funciona a escolha?

- Depende, alguns casos passam pela família, em outros a escolha pode ser de qualquer pessoa mesmo que esteja em outra dimensão, mas sempre tem algo na pessoa que é necessário.

- Isso é muito confuso. - resmungo.

- E é muita responsabilidade, algo a ser levado a sério. - meu pai diz me encarando.

- Não sei como pode ser sério.

- São sete pessoas escolhidas entre bilhões de dimensões que podem existir e nem temos conhecimento, não é tão simples assim.

- Ser da Guarda Real é mais simples.

- Não leve na brincadeira, Jack. - ele altera seu tom de voz.

- Eu estava pronto para ser um Rastreador que nem você, eu quero ir atrás dos assassinos da minha mãe.

- Algo muito maior está te chamando Jack, quem sabe você encontre os assassinos mesmo se você não for da Guarda Real? - Loton interviu a favor do meu pai.

- Pode ser. - dei de ombros.

Quando eu deitei na cama aquela noite, eu odiei o fato de ser um Escolhido, nunca tinha visto grande coisa nisso, apesar de todos acharem, não queria ser tratado que nem um herói e não queria que nada atrapalhasse na minha busca pelos covardes que assassinaram a minha mãe, mas eu teria que dar um jeito de lidar com tudo isso.

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