Capítulo 5

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Quando as luzes se apagaram, desci as escadas correndo e fui direto para sala de estar.

A tempestade rugia lá fora, as gotas da chuva pareciam querer perfurar o teto. Pela grande porta de vidro, que dava para os fundos, eu via o quintal encharcado, a casa de barcos quase caindo, e o lago. O lago estava realmente assustador, as gotas de chuva e a neblina davam um ar tenebroso, sem falar nos raios que iluminavam tudo e deixavam os móveis com sombras assustadoras.

- Não é nada - murmurei pra mim mesmo - é só uma chuvinha - outro raio, corri para o sofá e me encolhi. Engolia em seco de pavor.

Peguei o celular, sem mensagens ou chamadas.

- Vamos lá Marcus - falei tentando me acalmar - vamos começar a trabalhar.

Criei coragem e subi as escadas. Fui nos 3 quartos da casa, tranquei as janelas e as portas. Antes de trancar o meu, peguei cobertores e travesseiros. Descendo as escadas fui para cozinha e peguei uma caixa de velas e alguma lenha que tinha no canto.

Voltando pra sala, fiz uma cama improvisada com os cobertores e os travesseiros, depois joguei a lenha na lareira e acendi algumas das velas.
A tempestade continuava a rugir.

Boomm!!!

Esse barulho me assustou. Levantei da "cama", com os olhos arregalados.

Boomm!!!

Fez novamente. Me aproximei da porta de vidro lentamente.
Um vulto passou correndo pelo quintal, ao mesmo tempo em que meu celular vibrava.

- Alô?

- Marcus? Meu Deus, aonde é que você está garoto?- falou minha mãe gritando.

- Querida por favor, você vai assustar ele - falou meu pai ao fundo - me dê o celular aqui...alô garotão...onde é que você está...estamos muito preocupados.

- Eu voltei pra casa pai, o vizinho me encontrou na estrada e me trouxe, desculpe sair daquele jeito do restaurante...eu tô passando por um momento difícil...desculpe descontar em vocês.

- Tá filho, olha você vai ter que se virar sozinho.

- Como, porque ?

- Depois que você saiu, não demorou muito e fomos também, íamos bem devagar pra tentar te ver. Mas aconteceu um desmoronamento, que tomou conta da estrada filho, terra, água, árvores, tudo na estrada. Ficamos presos desse lado e você do outro. Olha se acalma, vai demorar um dia e meio mas ou menos pra limparem tudo, tá bom? Eu, sua mãe e sua irmã, vamos pra um hotel aqui em Shesterville.

- Filho - minha mãe - olha se cuida, toma muito cuidado aí, tranca tudo, não abra a porta pra estranhos, por favor, não nos desobedeça desta vez. Estou preocupada, e morreria se algo te acontecesse. Tem comida suficiente pra você aí tá bom? Cuidado meu amor, te amamos...agora...ir...ligação...cortando.........

A ligação caiu. Sentei no sofá e abracei meus joelhos. Eu estava sozinho. Sozinho nessa casa enorme e assustadora. A casa rangia como se fosse viva. A chuva ameaçava entrar na casa.

Sozinho...por um dia todo, dois se demorarem.
A casa rangia mais. Entrei em alerta. Passos ressoaram na varanda. Engoli em seco.

Toc, toc, toc

Fiquei paralisado com essas 3 batidas na porta.

Um Verão no Lago (Romance Gay)- CONCLUÍDOWhere stories live. Discover now