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M I A  W A L S H  B E R N A D I

Faz duas semanas que estou no Saint Louis.

Duas semanas traduzidas em: adaptação ao novo modelo de ensino de aulas em tempo integral, morar do lado da escola e com todos os meus colegas de classe, viver dentro dos muros desse complexo escolar que é o internato. E me distraindo de tudo isso quando posso, com estudos de minha missão, minhas novas amigas, skate, boxe e Peter.

E mais uma coisa, essa escola definitivamente precisava de mim.

O colégio inteiro é completamente hierarquizado, com o poder e fama concentrado nas mãos da elite dos atleta e das animadoras. É meio assustador até, como eles são zangões e abelhas rainhas, mas acredito que isso acontece pelo modelo internato.

Até os professores baixam a cabeça para a maior elite de todas nessa escolha, Chelsea e Kaio. E isso me causa repulsa.

Eu, como novata, comecei rapidamente a ficar na boca do povo, acabo chamando uma atenção meio desnecessária por andar com Victor, Erick e as meninas. E pelo que até chegou a mim como fofoca, Chelsea não gostou nem um pouco de estar perdendo seu foco de atenção.

Eu fiquei conhecida como: a garota nova. Grandes coisas, eu sei.

Mas eu não fiquei parada vendo todo mundo falar e prestar atenção em mim. Eu ainda tenho uma missão. Colhi informações por toda a massa de alunos da escola, e pelas características físicas de Dunbrok, consegui fazer uma lista de possíveis filhos dele. É claro que não sei quem é a mãe, então eu posso estar completamente enganada também. Mas eu tenho que tentar.

— Senhorita Walsh? Estou falando com você!

Acordo do meu transe vendo meu professor de matemática me chamando. Encarava meu caderno sem realmente estar o vendo, percebo meia equação escrita nas folhas e ergo meus olhos para o professor e todos os alunos me encarando com curiosidade do sermão.

A explicação do conteúdo e fórmulas estão no quadro de vidro, assim como exemplos de problemas.

— Desculpe, professor, eu não ouvi. Particularmente, eu não dormi direito esta noite.

O que não deixa de ser verdade, passei a noite fazendo uma checagem na escola para que nada dê errado com minha missão.

— Certo, mas você tem se mostrado uma boa aluna na minha matéria. Acha que pode resolver o problema no quadro? — Ele propõe com expectativa e com o pincel apontando para mim.

Olho pro quadro onde está o problema, o pincel e suspiro sabendo que é melhor tentar, mesmo que não consiga. Eu deixo meu lugar atravessando as fileiras de alunos com minha nuca pegando fogo de saber que estão todos me olhando, pego o pincel com ele, enquanto analiso o problema e a explicação, até chegar a base de como resolver.

Começo a fazer a equação resolvendo, as engrenagens giram se encaixando o meu cérebro conforme vou formulando, e chego no final do quadro com o resultado. Sorrio para mim por um momento, então me viro para o professor estendendo o pincel.

— Espero que esteja certo. — Falo com uma certa falta de modéstia que não consigo disfarçar.

Eu juro que tento não soar tão irônica.

Infiltrada - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora