Capítulo 20 - O início de uma nova fase

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Quando acordei, no domingo, a Pri estava dormindo e não vi o Hugo em lugar nenhum da nossa casa. Fiquei aliviada, imaginando que ele tivesse ido passar o dia com o Miguel. Eu não estava nem um pouco a fim de olhar para a cara dele.

O dia passou e eu nem percebi. Fiz tudo em casa mecanicamente, sem pensar muito. Como eu não estava com disposição para brincar com a Priscila, ela ficou vendo televisão a manhã inteira.

Na hora do almoço, parecia que ela estava testando a minha paciência – que já estava nula naquele dia. Coloquei o prato na sua frente, dei a colher na mão dela, e ela começou a revirar a comida. Colocava um grãozinho de arroz e outro de feijão na boca, e o resto da comida ia para o chão.

Depois de meia hora, ainda restava mais da metade da comida no prato da Priscila – e eu já me imaginava limpando aquela sujeira toda que ela estava fazendo. Liguei a televisão novamente, coloquei-a sentada no sofá e dei o restante da comida em sua boca, para acabar logo com aquilo. Depois, Priscila continuou assistindo à televisão o restante da tarde.

Foi somente à noite, quando fui guardar um lençol na parte superior do guarda-roupas do Hugo, que percebi que não havia roupa nenhuma dele dentro do armário.

Não sei dizer exatamente o que senti naquele momento: alívio, por finalmente termos dado um ponto final em nossas brigas, ou tristeza, pois no fundo do meu coração eu ainda achava que nosso casamento poderia voltar a ser feliz?

Fui dormir com a canela arranhada, de tanto coçar a minha fadinha. Pela primeira vez, passou pela minha cabeça que ter feito aquela tatuagem foi uma grande bobagem.

Na segunda-feira, depois de estacionar meu carro perto do trabalho, em vez de ir direto para o escritório, fui até o local do curso, torcendo para encontrar o Carlos e a Amanda lá.

A recepcionista me informou que só a Amanda estava no escritório e iria ver se ela poderia me receber. Precisei aguardar 30 minutos até que pudesse conversar com ela, mas eu não queria esperar mais para acabar com aquilo.

Entrei naquela mesma sala em que havia conversado com Amanda e Carlos da outra vez e, antes mesmo de me sentar, avisei:

– Eu vim aqui cancelar minha matrícula no curso, Amanda. Agradeço pela boa vontade com que você e o Carlos me receberam, mas não faz mais sentido eu continuar. Pulei o "quer ser feliz para sempre?" e fui direto para o "separe-se"! Acabou tudo!

Amanda, em silêncio, pegou um copo de plástico e despejou um pouco de água mineral, estendendo o copo para mim.

– Por favor, beba um pouco de água e sente-se, Cristiane. – Amanda falou, com um sorriso acolhedor.

Eu não queria me sentar nem conversar. Queria simplesmente cancelar a minha matrícula e ir embora. Mas não tive coragem de fazer essa indelicadeza com a Amanda, depois do acolhimento que senti por parte dela.

Sentei-me, bebi um gole d'água, descansei o copo em sua mesa e respirei fundo.

– Amanda, se você vai tentar me convencer a continuar no curso, eu agradeço pela tentativa, mas...

Amanda me cortou:

– Cristiane, nós não temos o poder de motivar ninguém, porque a motivação é algo individual, que deve vir de dentro para fora. Então, se você não está se sentindo motivada com o nosso curso, eu não devo nem tentar convencê-la a continuar.

Fiquei surpresa com aquele desprendimento da Amanda, ao mesmo tempo em que tentei refletir sobre o que ela falou a respeito de motivação. Eu nunca tinha pensado sobre aquilo. Ela continuou:

Quer ser feliz para sempre? Separe-se! (COMPLETO!)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora