A Caçadora de Bruxas [REESCREVENDO]

Capítulo I: O Preço da Arrogância

   Existem três regras que todo caçador de bruxas deve seguir:

1. Seja discreto. As pessoas normais não suportam ver o que fazemos nas sombras. Para protegê-las, evite chamar atenção;

2. Esteja preparado para lutar. As criaturas das trevas vão lutar com unhas e dentes por suas vidas, por isso esteja munido de suas melhores armas e bem protegido;

3. Saiba a hora de recuar. Você é um humano lutando contra uma criatura que pode te cortar em pedacinhos, então nada de bancar o herói.

Essas foram as primeiras coisas que ouvi quando virei uma caçadora. Mesmo assim por muito tempo pensei que, de alguma forma, estivesse acima dessas regras. Achei que fosse imbatível... 

...Talvez se eu tivesse seguido as regras, meu amigo não estivesse morto.

..........

   Eu tinha acabado de chegar no prédio da Organização Nyx quando Dan veio me encontrar com várias pastas nas mãos. 

O pobre coitado vivia atarefado por ser o diretor da nossa sede, sempre atolado em relatórios e carregando uma xícara de café por aí pra se manter acordado. Sempre com o mesmo terninho cinza e o mesmo sorriso aguado matinal, que parecia alertar a todos que aquele sujeito talvez estivesse à beira de um colapso nervoso.

— Bom dia, a missão hoje é na Pensão Santa Fé — avisou, me entregando uma pasta com o adesivo da Organização. — Leonardo vai contigo. Deve ser algo rápido, só uma nível 3.

Abri a pasta e olhei o relatório. Fotos das vítimas estavam coladas ao lado de uma fotografia em sépia da bruxa, que parecia tão humana como qualquer mulher de quarenta anos. Uma legenda embaixo da foto revelava sua verdadeira identidade.

Nome desconhecido.

Aura Ameaçadora confirmada, execução solicitada por Daniel Álvares. 

Classificação Nível 3. /// Obs: Predadora Diurna.

— Por que ela se escondeu na pensão? — Perguntei, já que bruxas normalmente preferiam lugares inabitados ou a mata que cercava a cidade.

— Ainda não sabemos, na verdade o comportamente dela é bem suspeito.

Ergui uma sobrancelha, reli a observação no canto do relatório e mais uma coisa me pareceu estranha. Bruxas não costumam agir de dia.

— Boa sorte na sua missão, Jacira. A gente se vê pra almoçar. 

Confirmei que chegaria na hora enquanto ele corria pra resolver um outro assunto. Mesmo com tanta pressa da parte dele, nossos almoços tinham virado rotina. Quase como uma pequena comemoração depois de uma boa caçada.

Coloquei a pasta embaixo do braço e arrumei uns fios rebeldes que ficavam se soltando do meu coque. Afinal, não era nada profissional uma caçadora andar por aí com o cabelo bagunçado, e como profissionalismo era meu nome do meio, eu tinha que estar impecável sempre.

Assim que fiquei pronta, fui atrás de Léo. Cruzando os corredores da Organização, passei por caçadores se preparando para sair e outros voltando num vai e vem sem fim.