Capítulo 8

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Fomos no carro dele até um barzinho fora do perímetro que costumávamos frequentar. Tinha a parte interna, com uma banda tocando e na calçada também havia mais mesas, todas lotadas. Procuramos por uma vaga e sentamos, pedindo um Chopp e começamos a conversar. O Bom de sair com o Marcelo era que o assunto entre a gente nunca acabava. Falamos dos meus romances passados, dos garotos, das nossas vidas, do futuro, de games, e ele ainda me explicou como montou sua empresa. Por fim, já estávamos ali há quase duas horas e depois de inúmeros chopps, falávamos sobre a Estela.

– mas então, qual o propósito? – perguntei quando ele me disse que não sabia se queria se casar com ela.

– do que? Do namoro? – ele indagou e eu assenti – sei lá. Eu a amo, mas estamos tanto tempo juntos que eu não sei o que pensar do futuro.

– justamente – exclamei indignada – vocês namoram há anos. O objetivo não seria casar e ter filhos? Construir uma vida juntos?

– às vezes não sei se eu e a Estela teríamos uma vida feliz juntos – ele murmurou frustrado.

– ai Timi, como não? – perguntei chocada.

– somos muito diferentes, Alice – ele retrucou – a gente briga o tempo inteiro.

– então por que não termina? – voltei a indagar e ele sorriu fraco, jogando as costas contra a cadeira.

– eu gosto dela... – ele respondeu.

– não entendo! – bufei – isso me cheira a comodismo – resmunguei e desviei o olhar para a mesa, vendo meu celular vibrar em uma mensagem.

– hum, algum "carinha"? – o Marcelo falou irônico e malicioso.

– não. Teu amigo – murmurei diante um riso.

– o Thiago? – ele ergueu as costas da cadeira e se inclinou sobre a mesa – onde esse filho da puta está?

– o Hugo – falei naturalmente, abrindo o whatsapp e lendo sua mensagem.

– o que ele quer? – ele franziu a testa, me olhando confusa.

– me comer – respondi com naturalidade novamente e dei de ombros, vendo-o cair na risada.

– garota cobiçada – ele brincou, mexendo as sobrancelhas.

– e por falar em cobiça, acho que você vai ser corno – comentei em tom de brincadeira, mas o vi ficar assustado.

– como? – ele perguntou surpreso.

– tem um gatinho ali na mesa de trás que não para de me olhar – falei em meio a um riso, jogando o cabelo para o lado – partindo do pressuposto que estamos juntos aqui, se eu for lá, estarei te traindo?

– que filho da mãe! – ele exclamou e virou a cabeça para trás, notando o cara – você está acompanhada e mesmo assim ele está te paquerando?

– eu não estou acompanhada de verdade, Marcelo – falei com a voz entediada.

– não, você não vai me largar aqui, Alice – ele bufou incrédulo.

– eu juro que só dou uns beijos nele e volto – pisquei para ele, que cerrou os olhos para mim, levando minha brincadeira a sério.

– vamos... – ele disse se levantando e eu o olhei confusa – vamos para alguma boate, porque eu não quero ficar sentado aqui a noite toda com minha namorada cobiçada dando mole para os homens bem na minha frente...

Eu dei uma risada do seu comentário e me levantei, vendo que ele esticava sua mão para mim. Entrelacei nossos dedos e ele me puxou para dentro do bar, até o caixa. Fiquei parada atrás dele, enquanto ele efetuava o pagamento e quando menos esperava, vi o cara passar ao meu lado, me olhando dos pés à cabeça e se escorando no balcão do bar, logo ao lado. Eu não esbocei nenhuma expressão para ele, mas vi a cabeça do Timi virar na direção do rapaz e depois ele virou para mim, passando o braço pela minha cintura e me puxando contra seu corpo.

Sem Legenda - Parte 1 - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora